- O Estado de S.Paulo
Doria e Bolsonaro jogam cartadas decisivas este ano para a campanha de 2022
Aberta a temporada eleitoral de 2022, São Paulo torna-se o campo de testes para os candidatos, não importa o estágio das candidaturas. Se declarados, enrustidos, possíveis, viáveis, discretos ou exibicionistas, precoces ou veteranos, todos se submetem. No maior colégio eleitoral do País há 645 municípios, mas é o eleitor da capital que terá a chance de avaliar os trunfos das candidaturas presidenciais, especialmente de dois protagonistas: o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria.
Vai-se ver, por exemplo, o efeito das rupturas e dissensões partidárias, como a que resultou na implosão do artificial PSL, que operou prodígios em 2018 e não resistiu a um ano de poder na Presidência e de fortes bancadas no Senado e na Câmara. Zerada essa ex-força, que legendas vão tomar-lhe o lugar? Quais movimentos de renovação política terão sucesso? Quem são os novos nomes a adquirir musculatura nacional?
Por acaso, esta semana, voltando da Suíça, depois de participar do Fórum Econômico Mundial de Davos, o governador João Doria exibiu alguns atributos da sua escuderia de candidato presidencial para escrutínio do eleitor municipal. Apresentou sua conta: a colheita resultou em negócios de R$ 17,2 bi de investimentos novos e reafirmação de antigas promessas. São R$ 9 bilhões só da espanhola Iberdrola, fora outros negócios e atividades notáveis. Entre eles, 34 encontros bilaterais, duas palestras, oportunidades variadas.
Com todas as restrições de quem não pode ainda se declarar em disputa nacional, é inegável que o governador saiu na frente do presidente Jair Bolsonaro na disputa da Prefeitura da capital.
A equação é simples: os resultados de sua performance como governador ajudam seu candidato na disputa pela prefeitura da maior cidade do País, o que fortalece sua candidatura presidencial.
Doria e Bolsonaro jogam cartadas decisivas este ano para a campanha de 2022. Se Doria perder a capital para Bolsonaro, não precisa esquecer da disputa presidencial, como vaticinam alguns políticos, mais pessimistas, mas tudo ficará mais complicado, inclusive sua reeleição, se for este o caminho que restar. Por outro lado, se o seu candidato vencer o candidato de Bolsonaro, dará um sinal inequívoco de prestígio e poderá lançar seu projeto nacional com toda a força.
Se é Bolsonaro quem ganha em São Paulo, porém, ficará mais forte do que já está no Estado e na capital, e será muito maior o problema de Doria. Mas ainda nesse caso, o fenômeno representado pelo candidato a presidente que arrastou milhões de votos para o filho Eduardo, para políticos sem história como Janaina Pascoal e Joice Hasselmann, entre outros, não deve se repetir.
Quem o diz? O governador. “Cada eleição é uma eleição, a de 2018 foi surpreendente. Nem o mais sábio cientista político, o mais habilitado analista, o mais dedicado pesquisador seriam capazes de prever o que aconteceu.”
A diferença esperada é que não haverá “jogo jogado”, diz o governador. Ou seja, todos terão de se empenhar, a vitória não virá do nada, como em 2018.
Doria diz não saber quem será o candidato de Bolsonaro à Prefeitura de São Paulo, mas sabe quem é o seu: “O meu é Bruno Covas e será reeleito”.
Concorda que a eleição em SP pode determinar, no momento, quem está forte ou fraco para 22, mas não determinar o resultado da sucessão presidencial. Isso, só com campanha dura.
A pergunta incomoda o partido, ainda machucado por derrotas: o PSDB vai mais uma vez dividido para as eleições? “Não, vai unido. Pode ter certeza que vai unido.” E aquele grupo que se opunha ao governador? “Pode ter um ou outro personagem, que eu respeito, que tem uma visão diferente do novo PSDB, mas a predominância é o novo PSDB.”
Quem? “Bruno Araújo, Eduardo Leite, Bruno Covas, eu, o Reinaldo Azambuja, esse é o novo PSDB.
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