- Folha de S. Paulo
'Quem é aquele haitiano para me lançar vodu? Eu não acabei, eu não acabei!'
“Como se põe essa máscara? Não estou enxergando nada. Agora sim, parece que acertei. Reconheço: estou morrendo de ciúmes do coronavírus. Conseguiu fechar bares, restaurantes, shoppings, academias, deixar as ruas e as praias vazias, interromper as novelas da Globo, paralisar o futebol. Mas sou mais forte do que ele. Só eu posso existir, mais ninguém nem coisa nenhuma”.
“O Trump me disse que o vírus é uma construção de laboratório, uma arma secreta que os Estados Unidos estavam guardando para uma emergência. Uma espiã conseguiu roubá-la. Aí o governo chinês espalhou a desgraça, de propósito, causando crise nos mercados globais para comprar, na baixa, petróleo e ações das empresas de tecnologia. Estão lucrando trilhões de dólares, às nossas custas. Foi assim com a gripe suína, que os chinas também espalharam. Mas comigo, não”.
“Me nego a mostrar os exames. Se eu peguei o corona, é um problema só meu. O povo sabe disso e está comigo. Um levantamento do gabinete do ódio mostra que, durante os protestos a meu favor, tive contato direto com 300 pessoas, fiz 120 selfies, chutei o boneco Pixuleco e, como se subisse a rampa do Maracanã, corri em delírio empunhando a bandeira do Brasil. Isso é o que importa. O resto é fantasia, histeria, neurose, um problema para lá de superdimensionado, mentira da extrema imprensa. Em matéria de velhinhos, a Itália é uma Copacabana. Todo mundo sabe que esse vírus é igual bebê: demora para chegar”.
“Quem é aquele haitiano para me lançar vodu? Eu não acabei, eu não acabei! Vou pegar a barca Rio-Niterói lotada. Quem é essa Covid-19 para cancelar minha festa de aniversário? Chegou agora e quer sentar na janelinha. Eu cheguei primeiro, ninguém me tira daqui. O que são essas panelas que não param de bater? E essas músicas? ‘Bella Ciao’, ‘Apesar de Você’, quanto mau gosto!”.
“Só eu posso destruir o Brasil”.
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