Na sociedade brasileira houve nos últimos dias uma sequência de Manifestos e manifestações favoráveis ao Estado de Direito Democrático. Uma demonstração que as raízes democráticas da Carta Constitucional de 1988 só sairão do cenário político contemporâneo com sérias consequências para a inserção do Brasil no arranjo internacional. Esse ponto demonstra o quanto a aventura da política da luta do poder pelo poder, ensaiada a cada final de semana pelo Mandatário Federal, está necessitando de receber um ponto final para que todos os atores do jogo político deixem seus programas para serem julgados nas urnas.
Nossa situação econômica e social foi muito mais agravada pelas consequências da ausência de uma política unidade nacional no combate ao COVID19. Pelo contrário, a opção do Senhor Presidente tem sido pela narrativa da negação do problema da saúde pública em favor de uma justificativa economicista. Mais grave que isso, suas presenças em atos políticos de cunho marcadamente vinculados a setores autoritários sob o argumento da liberdade de “ir e vir” e “liberdade de expressão” se chocam com os compromissos constitucionais uma vez que parte do ensinamento liberal que a liberdade deve ser exercida sob o primado da responsabilidade. Portanto, a linha programática “vazia” do Executivo se baseia na constante mobilização de um grupo de séquitos cada vez mais limitado e isolado. Contudo, os problemas nacionais persistem e se agravam a cada dia como se o “caos” seja a meta daquele que jurou respeitar a Constitucional.
Há um consenso que a cada semana essa política é um grave perigo para a grande maioria da população. Seriamos mais de 70% a serem atingidos num mundo pós-COVID19 no qual nosso país poderá cair não só nos índices econômicos e sociais mas se desenha que poderemos desaparecer com um ente federativo relevante nas relações internacionais. Um cenário que impedirá a vinda de novos investidores diante de narrativas “belicistas” como se armar a população garantiria investimentos do capital financeiro por aqui. O excesso do extremismo deixou muitos conservadores e liberais incomodados pois a longa trajetória democrática brasileira após 1985 trouxe muitos benefícios e ganhos para uma diversidade de segmentos sociais. O Brasil deixou de ser uma Grade Nação nesses meses de extremismo de narrativa anticientífica, fundamentalista econômica e religiosa.
Diante desse amplo consenso no diagnóstico da gravidade da situação política no qual estamos atravessando as “pragas” do autoritarismo. Uma vez que o Editorial do Jornal O Globo de 31 de maio de 2020 faz um amplo chamado para todas as vertentes democráticas de nosso país. Diante de emergentes lideranças da esquerda brasileira, como o Deputado Federal Marcelo Freixo filiado ao PSOL, estarem se manifestando por uma UNIDADE. Diante de tantos consensos. Ainda falta saber de fato o que se falta para que a mesa da negociação da política se abra para as lideranças partidárias conduzirem esse processo de ampla defesa das instituições democráticas? Muito desse momento ainda é prejudicado pela equivocada interpretação que “abrir mão” de determinadas posições políticas representará em futuras perdas eleitorais. Entretanto, a maior perda eleitoral será a o fim das liberdades democráticas com a instituição de uma disputa eleitoral coagida por grupos paramilitares em que nenhum democrata teria condições de fazer sua campanha ou se sentir livre para exercer seu mandato em caso de eleito.
As boas intenções de ocupar as ruas em pleno momento de isolamento social não fará com que a política aliancista se manifeste de forma clara. Simplesmente indica que as forças políticas estão ausentes de assumir a responsabilidade de fazer a UNIDADE contra o Inimigo Comum. O cenário do distanciamento dos atores políticos da Grande Política poderá beneficiar a linha do “tudo ou nada”. O jogo de “soma zero” que beneficiará a extrema direita. Nos dizeres de Gramsci, esse é o momento da “guerra de posição” ao contrário de se deixar levar pelas provocações e sair para a “guerra de movimento”. O tempo pode passar a estar em nosso favor se a política de UNIDADE sair das linhas dos Manifestos e começar a se concretizar em alianças políticas inesperadas. Numa Frente Ampla com forças democráticas diversificadas os atores políticos não são medidos pelo seu tamanho, mas pelo tamanho de sua convicção em se fazer coerente na defesa da Democracia.
Se todos devem ser bem vindos à luta contra o inimigo comum, o que impede que todos estejam juntos num programa comum? Muito se escreve na defesa da Carta Constitucional de 1988, mas ela não saiu de um Congresso Constituinte reunida em SOVIET. Foi uma costura política com a presença de muitos conservadores e liberal o que faz aumentar o peso da responsabilidade ao levantar a bandeira da UNIDADE. O entendimento é urgente para que o pior não ocorra. Não podemos viver a constante espera da “Primavera dos Povos” uma vez que a análise da conjuntura nos indica a ameaça de uma Guernica Tupiniquim.
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