- O Globo
O assassinato de George Floyd por um policial branco incendiou as ruas americanas. No Brasil, os negros somam 75% das vítimas da polícia
A morte de George Floyd incendiou as ruas dos Estados Unidos em plena pandemia. A imagem de um homem negro asfixiado por um policial branco motivou uma onda de protestos contra o racismo. O levante começou em Minneapolis e se espalhou pelas principais cidades americanas.
No Rio, um ato lembrou o estudante João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos. O adolescente foi morto há duas semanas durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Estava na casa dos tios quando levou um tiro de fuzil nas costas.
A cada 100 pessoas mortas pela polícia no Brasil, 75 são negras, informa o Atlas da Violência. “A brutalidade e o autoritarismo caminham junto com o racismo”, diz Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil. Ela acusa as instituições de leniência com a discriminação racial. “A polícia atira, mata e não há nenhuma reparação às famílias”, critica.
A diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, ressalta que a polícia mata mais negros nos EUA e no Brasil. “A diferença é a escala. Aqui a polícia mata muito mais”, observa.
Ela lembra que a chance de um jovem negro ser assassinado é 2,7 vezes maior do que a de um jovem branco. “Esses números são a face mais evidente da desigualdade racial no país”, afirma.
A manifestação de domingo pedia paz, mas terminou em violência. A PM atirou bombas de gás para dispersar os ativistas. A imagem de um policial apontando o fuzil para um rapaz descalço e desarmado ajuda a ilustrar os motivos do protesto.
“Foi uma cena inadmissível. A polícia que mata negros na favela também ameaça nos matar quando protestamos contra isso”, diz o ativista Rene Silva, morador do Alemão e fundador do jornal Voz das Comunidades.
A diretora da Anistia Internacional ressalta que o racismo sempre esteve entre nós, mas parece ganhar espaço na cena política. No sábado, bolsonaristas marcharam com tochas e máscaras em Brasília. A performance lembrou a Ku Klux Klan, grupo supremacista branco que apoiou a eleição de Donald Trump.
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