Aumentam as pressões de grandes grupos, nacionais e estrangeiros, para governo conter a destruição
Ninguém no governo Bolsonaro, salvo por grave falta de informação, pode se declarar surpreendido por dificuldades crescentes na diplomacia, e que contaminam o comércio exterior do país, causadas pelo avanço da destruição do meio ambiente, principalmente na Amazônia. Às críticas mundiais ao avanço descontrolado das motosserras e de incêndios, muitos também criminosos, o presidente tem respondido com o mantra da “desinformação” sobre o que acontece no Brasil. Mas não falta informação sobre uma região esquadrinhada constantemente por satélites.
O governo assumiu com discurso contra ONGs, sinônimo de comunismo. Quem esperava, porém, uma campanha difamatória global contra o Brasil conduzida por conhecidos polos da esquerda observa que, na questão ambiental, quem se movimenta para pressionar o governo brasileiro são grandes empresas globais e grupos nacionais. O capitalismo se preocupa com a Floresta Amazônia, estratégica para os lucros do agronegócio. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, da bancada ruralista, sabe como é essencial o preservacionismo para as colheitas.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, expôs na reunião ministerial de 22 de abril sua tática de aproveitar enquanto as atenções da imprensa profissional e do Congresso estavam voltadas para Covid-19 e revogar normas e resoluções “de baciada”, a fim de desmontar órgãos de fiscalização no setor (Ibama, ICMBio). O resultado da ação demolidora de Salles, porém, era acompanhado e depois iria explodir em números preocupantes: de janeiro a maio, um desmatamento na Amazônia de 2.032 quilômetros quadrados, uma área 33% maior que a cidade de São Paulo, jamais havia sido detectado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde que passou a vigiar a Floresta, em agosto de 2015. A destruição aumentou 34% em comparação aos mesmos cinco meses do ano passado.
É o “efeito Bolsonaro”, causado por seu discurso e sua postura contra a preservação, um estímulo para desmatadores e garimpeiros, cuja atuação na Amazônia tem sido facilitada pelo trabalho de desmonte executado por Ricardo Salles no ministério.
Colocado por Bolsonaro à frente do Conselho Nacional da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão, conhecedor da região, onde serviu como militar, acaba de receber um documento de representantes de 38 grandes empresas nacionais e estrangeiras, preocupadas com o assunto e seus efeitos negativos amplos na economia. Entre elas, Bradesco, Ambev, Itaú, Klabin, Cargill etc.
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