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Sem choro nem ranger de dentes
Por que não se acaba de uma vez com a Lava-Jato? Não é o desejo de uma grande parcela da opinião pública identificada com o PT? Não é o desejo, jamais admitido, da maioria dos políticos de todas as cores e patentes? Não é até o desejo de expressivo grupo de ministros de cortes superiores? Pensando bem, o fim da Lava-Jato poderia ser a base do tão falado acordo nacional que nunca se fez.
Por que o Congresso não aproveita a onda de desdém coletivo com o combate à corrupção e vota uma anistia para crimes passados e futuros de quem roubou ou deixou roubar? Os que discordarem dessa passagem radical de pano não chorarão para sempre. Brasileiro não desiste nunca – da praia, do futebol, da caipirinha e do carnaval. Quanto ao resto, dá um jeito e vai levando a vida.
Não é o que se assistimos desde que o coronavírus deu o ar de sua graça por aqui? Quantos não preferiram acreditar na garantia oferecida pelo presidente da República de que a pandemia seria comparável a uma gripezinha? E que não mataria mais de mil pessoas? Por mais ineptos que sejam o presidente e o seu governo, o saldo da desgraça não seria o que é sem a nossa colaboração.
De volta à Lava Jato. Era preciso estancar a sangria provocada pela mais ambiciosa operação de caça a corruptos que este país já viu. “Estancar a sangria” foi uma expressão cunhada pelo ex-senador Romero Jucá, à época presidente do PMDB e ministro de Temer. Pois a sangria está sendo estancada a alta velocidade desde que Bolsonaro tomou posse e sentiu-se ameaçado.
Homem de sorte, Bolsonaro. De muitos amigos. O Ministério Público do Rio sentiu o cheiro das tramoias de Flávio e Queiroz ainda em março de 2018, ano de eleição, mas a informação não vazou. Vazou por um delegado da Polícia Federal que haveria uma operação para pegar Queiroz às vésperas da eleição, mas a operação foi adiada. Deu tempo para demitir Queiroz e sua filha.
Outra vez de volta à Lava-Jato. Queiram ou não, pelos muitos erros que cometeram, Sérgio Moro e os procuradores de Curitiba ajudaram a cavar a própria cova. Moro tinha nada de renunciar à toga para servir a um governo eleito com sua ajuda. O sucesso e a ambição por uma vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal subiram-lhe à cabeça. Pensou usar Bolsonaro. Foi usado por ele.
Os preparativos para o velório da Lava-Jato estão adiantados. Caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir quando o velório terá início. O sinal será dado com o julgamento em breve do recurso impetrado pela defesa de Lula que pede a suspeição de Moro nos processos que o condenaram. Se o recurso for acatado, pode-se marcar a hora do enterro. Depois, todos ao primeiro boteco!
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