Valor Econômico
Eleitores deixam definição para 30 de
outubro
Tudo permanece indefinido na disputa para o
cargo público mais importante do Brasil. Depois de uma semana de especulação se
Lula se sagraria vencedor já no primeiro turno, Jair Bolsonaro cresceu em seus
domínios tradicionais e se fortalece para a definição em 30 de outubro.
O atual presidente recuperou terreno nos
Estados que haviam lhe dado a vitória em 2018, no grande arco que parte da
região Sul, passa pelo interior de São Paulo, o sul e Triângulo mineiro e
avança pelo Centro-Oeste em direção às franjas da Amazônia, seguindo a rota da
expansão do agronegócio brasileiro. Sua área de influência no Rio de Janeiro
também contou.
Lula, por sua vez, exerceu seu poder de
influência sobre Minas Gerais e as regiões Nordeste e Norte, também replicando
o que aconteceu em 2018.
A divisão territorial dos votos e uma diferença muito menor do que a esperada entre Lula e Bolsonaro mostram que o país continua dividido.
Muito questionados pelos bolsonaristas
durante toda a campanha, é preciso avaliar esta eleição também sob o ponto de
vista dos institutos de pesquisas.
As diferenças significativas entre os
resultados das empresas mais tradicionais demonstram que houve uma subestimação
do potencial de votos de Bolsonaro principalmente nas regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste.
O resultado final das urnas ainda será
passível de estudos se a abstenção, o voto envergonhado (aquele eleitor que não
tem coragem de admitir publicamente sua opção) ou, muito citado recentemente, o
voto amedrontado (em função da violência) foram relevantes, e em que medida.
Um fato que parece inegável é que, pelas
pesquisas, houve uma migração da preferência daqueles que já foram chamados de
candidatos de “terceira via” (Ciro Gomes e Simone Tebet) para os líderes Lula e
Bolsonaro. Ciro (PDT), aliás, encerra sua quarta tentativa de chegar à
Presidência da República (1998, 2002, 2018 e 2022) com o pior desempenho,
colocando em risco seu futuro político em âmbito nacional.
Situação distinta viveu Simone Tebet (MDB).
Sem receber apoio integral dos partidos de sua coligação (MDB, PSDB, Cidadania
e Podemos), a senadora teve um ótimo desempenho nos debates e sabatinas e, ao
alcançar um honroso terceiro lugar, sai deste pleito de cabeça erguida. E mais
do que isso: valoriza seu passe para eventuais negociações de apoio para o
segundo turno.
Nas eleições para governador, a grande
vencedora foi a situação, independentemente do partido ou da posição
ideológica. Reeleitos em primeiro turno tivemos Gladson Cameli (PP-AC), Ibaneis
Rocha (MDB-DF), Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG), Mauro Mendes
(União-MT), Helder Barbalho (MDB-PA), Ratinho Júnior (PSD-PR), Cláudio Castro
(PL-RJ), Fátima Bezerra (PT-RN), Antonio Denarium (PP-RR) e Wanderlei Castro
(Republicanos-TO).
No maior e mais rico Estado do país,
Bolsonaro impôs uma sonora derrota sobre petistas e tucanos. A surpreendente
vitória do astronauta Marcos Pontes para o Senado sobre o ex-governador Márcio
França (PSB, da aliança de Lula) e um segundo turno definido com o bolsonarista
Tarcísio de Freitas (Republicanos) à frente de Fernando Haddad mostra como foi
equivocada a estratégia da esquerda em São Paulo.
O PSDB, aliás, é um caso à parte. A
despeito do bom desempenho da candidata Raquel Lyra em Pernambuco, a derrota em
seu principal domínio decreta de forma irrevogável a decadência da sigla que
governou o país de 1995 a 2002 e que foi um dos principais protagonistas da
política brasileira por três décadas. O desempenho muito aquém do esperado de
Marconi Perillo e Eduardo Leite corroboram com essa impressão.
Para o Senado, das 27 cadeiras em jogo,
Bolsonaro emplacou mais nomes do que Lula, indicando que poderemos ter um
reequilíbrio de forças independentemente de quem vença a eleição presidencial.
De certa forma, prevaleceram os apoios
presidenciais na escolha dos eleitores pelos seus representantes no Senado
Federal. Lula elegeu mais apoiadores no Nordeste e Bolsonaro no Sul, Sudeste e
Centro-Oeste.
Analisando o desempenho dos apoiadores mais
fiéis a Jair Bolsonaro que disputaram cargos majoritários, os grandes
vencedores foram o vice-presidente Hamilton Mourão (RS) e os ex-ministros e
secretários Tereza Cristina (MS), Damares Alves (DF), Rogério Marinho (RN),
Marcos Pontes (SP) e Jorge Seif (SC). Destaque ainda para o bolsonarista-raiz
Magno Malta (ES), que não ocupou um cargo, mas foi um apoiador de primeira hora
do presidente antes mesmo de 2018.
Entre os lulistas, merecem destaque os
ex-governadores Renan Filho (AL), Camilo Santana (CE), Flávio Dino (MA) e
Wellington Dias (PI).
Na batalha particular da Lava-Jato, os dois
principais representantes da operação foram bem-sucedidos, com o ex-juiz Sergio
Moro (União) sendo eleito senador pelo Paraná e o antigo procurador Deltan
Dallagnol (Podemos) terminando como o deputado federal mais votado no Paraná -
à frente de Gleisi Hoffmann, do PT.
E por falar no maior escândalo de corrupção
da história do país, um dos seus investigados mais famosos, Romero Jucá (MDB-RR),
foi derrotado pela segunda vez seguida na sua tentativa de retornar ao Senado -
e desta vez, de quebra, sua esposa Teresa Surita também fracassou ao buscar ser
eleita governadora de seu Estado.
Na disputa pelo futuro do Brasil, hoje
prevaleceu a indefinição. Continuamos sem saber quem será o próximo presidente
da República e tampouco as correlações de forças que podem garantir ou não as
suas condições de governabilidade.
*Bruno Carazza é mestre em economia e doutor em direito, é autor de “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro” (Companhia das Letras)”.
6 comentários:
"O atual presidente recuperou terreno nos Estados que haviam lhe dado a vitória em 2018"
Tô comecando a concordar com o gado: Tem fraude nas eleições/ urnas. Só isso explica a recuperação.
Kkkkkkkkkkk
Brincadeirinha, gado, brincadeirinha.
Desculpa de amarelão é friagem, o idiota cima está mais perdido do que cego em tiroteio , cadê aquela empáfia do Lula ladrão já ganhou?
Presidente vai ser eleito!
Vídeo mostra os presídios vibrando após o resultado do primeiro turno
Bandido apoia bandido
O gado das 12:40 sentiu.
Kkkkkkkk
O papagaio bolsonarista não entendeu a manifestação dos presídios... Vibravam por seu colega miliciano ter chegado ao segundo turno, a otoridade que facilitou o acesso às armas legalizadas pra todas as quadrilhas que "precisem" delas. Lula ia (E VAI) revogar todas as normas facilitadoras do trânsito e tráfico de armas, que levaram ao atual descontrole que tanto interessa os criminosos mais perigosos e mais armados. O genocida é o mais amado por eles!
Mas ... é o q vc faz ... com o bozo.
Kkkkkkkkk
Gado, vc fala de minha empáfia por comentários anteriores.
Puxa, estou lisonjeado: o gado já me reconhece e eu nem toco berrante!
Postar um comentário