Petista reuniu-se por mais de duas horas com padres, freiras e religiosos na capital paulista
Cristiane Agostine / Valor Econômico
18/10/2022 05h01
Candidato do PT à Presidência, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou nesta
segunda-feira (17) preocupação com o crescimento da extrema-direita no Brasil e
o com o clima de “ódio” de parte da população. A uma plateia de religiosos
católicos, o petista avaliou que o bolsonarismo está “criado” no país, afirmou
que será um problema depois das eleições e disse que é preciso evitar que se
transforme em uma “política definitiva”.
“Nós
vamos ter um problema, [porque nós vamos ganhar as eleições, nós vamos derrotar
o Bolsonaro, mas o bolsonarismo está criado”, disse Lula, em referência ao
presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). “Mas depois nós
temos que conscientizar a sociedade para que ela não crie no bolsonarismo uma
política definitiva no Brasil, que é o que a extrema-direita está tentando
fazer aqui e em outros países”, afirmou.
O petista reuniu-se por mais de duas horas com padres, freiras e religiosos na capital paulista, em um ato para reforçar o apoio de grupos católicos à sua candidatura.
Lula falou sobre o crescimento da
intolerância no país e relatou que religiosos católicos estão sendo atacados
durante missas por falarem sobre fome, pobreza e democracia. “São atacados por
pessoas que sempre conviveram com a gente e que a gente não sabia que essa
pessoa tinha tanto ódio dentro dela. Esse ódio é como se fosse um casulo que
foi aberto”, disse.
O ex-presidente afirmou que no passado já
teve muitos embates com a direita, mas eram “civilizados” e “a vida
continuava”. “Hoje não”, disse. “E não é só no Brasil, é numa parte do mundo”,
afirmou. O petista mencionou a ascensão da extrema-direita na Itália e na
Hungria e destacou semelhanças com o país. “Aqui no Brasil tem representação. E
a família do atual presidente representa esse segmento raivoso da direita
internacional”, afirmou. Em outro momento, disse que a “direita raivosa” tem
ganhado espaço e procurou marcar diferença. “[São] Pessoas que não conhecem a
palavra democracia, a palavra direito. O que queremos é paz”, declarou.
Lula recebeu uma bênção, em um ato marcado
pela defesa da democracia e da paz, e disse que, se eleito, vai incentivar as
igrejas a atuarem na área social.
O candidato do PT ainda busca uma
aproximação com evangélicos, mas resiste à divulgação de uma carta a esse
segmento. Parte da campanha, no entanto, defende um manifesto a
evangélicos.
No ato, Lula voltou a criticar o desmatamento
na gestão Bolsonaro e afirmou que quem derruba árvores não é o produtor rural,
mas sim transgressor. “Os verdadeiros produtores rurais, aqueles que são
sérios, não derrubam árvore. E quem derruba não derruba como produtor, derruba
como transgressor das leis desse país.”
Antes do evento, Lula passou parte da manhã
em São Mateus, bairro periférico da zona leste de São Paulo, onde o PT é bem
votado. No discurso aos apoiadores, o ex-presidente também reforçou que é
preciso diminuir o clima de ódio no país e pediu à militância para não brigar
com bolsonaristas.
“Quero pedir a cada um de vocês que até o
dia 30 não aceitassem nenhuma provocação de bolsonarista. Se vocês encontrarem
bolsonarista nervoso, vocês perguntem a ele qual é a obra que Bolsonaro fez em
São Paulo. Qual é a obra?”, disse Lula, em um carro de som. “E se ele estiver
muito nervoso, em vez de brigar, não brigue, vá para casa e mande ele morder a
própria língua dele para ele saber o que é bom”, afirmou o petista.
A centenas de apoiadores reunidos em uma
rua de comércio, Lula pediu uma força-tarefa para convencer quem não votou no
primeiro turno a ir às urnas e votar nele.
O ex-presidente voltou a prometer que, se
eleito, vai acabar com os sigilos impostos por Bolsonaro. “Precisamos ganhar
essas eleições para moralizar esse país. Não vai ter nada de sigilo de cem
anos. Tudo será aberto para que o povo saiba”, declarou o petista.
Durante a caminhada, Lula criticou o
governo Bolsonaro por não reajustar o salário mínimo acima da inflação nos
últimos anos e disse que a falta do reajuste real impacta sobretudo os
aposentados e pensionistas. “No meu tempo o salário mínimo aumentava todo ano”,
disse, no reduto petista.
Lula pediu ainda votos para o candidato do
PT ao governo paulista, Fernando Haddad, que terminou o primeiro turno
atrás do candidato apoiado por Bolsonaro, Tarcísio de Freitas
(Republicanos).
Haddad ironizou a falta de ligação de
Tarcísio com o Estado. “Temos que virar votos em São Paulo para dar margem para
o Lula e mandar o Tarcísio para o Rio de Janeiro. Estamos procurando Tarcísio
há uma semana e não o achamos”, disse.
Depois do giro pelo Nordeste na semana
passada, Lula fará agendas no Sudeste, Sul e Norte. Depois de São Paulo, irá ao
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Amazonas.
A campanha do petista gravou propaganda com
a senadora Simone Tebet (MDB-MS) pedindo voto para Lula. Terceira colocada na
disputa, Tebet disse que está ao lado do petista em nome da democracia e
criticou Bolsonaro.
“Em quatro anos de Bolsonaro, a vida
piorou. Deboche com a pandemia, descaso com o meio ambiente. Um desastre na
economia. 33 milhões de brasileiros passam fome. Quase 80% das famílias estão
endividadas. O Brasil não aguenta mais Bolsonaro. Agora podemos mudar”, disse
Simone Tebet na propaganda. “Por isso estou com Lula. Apesar das diferenças, o
que nos une é muito maior: a democracia e o futuro do nosso país. Vamos com
Lula pelo Brasil.”
Na noite de ontem, Tebet se reuniu com empresários e economistas em São Paulo para tentar atrair votos para o candidato petista.
2 comentários:
E viva Simone Tebet,uma grande brasileira.
Não discutir com bolsonaristas é fundamental,não adianta,só atrasa,rs.
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