sábado, 15 de outubro de 2022

Míriam Leitão - O plano de destruição da democracia com as mudanças no Supremo já está pronto

O Globo

Ampliar o número de cadeiras dos ministros do STF foi exatamente como fizeram a Venezuela e a Hungria

O canal para destruir a democracia está sendo montado pelo presidente Bolsonaro com ajuda dos seus aliados. A revista "Veja" traz nesta sexta-feira a informação de que a PEC que amplia vagas do STF está pronta para apresentação ao Congresso e começou a ser semeada há cerca de seis meses por Bolsonaro e aliados do legislativo. Várias informações de fato circulam confirmando isso.

Não adianta Bolsonaro mentir e dizer que o assunto foi inventando pela imprensa. A reportagem, de Laryssa Borges e Marcela Mattos, é mais uma demonstração dos sinais explícitos que o presidente e seus aliados deram ao longo dos últimos dias. Em entrevista à própria "Veja", Bolsonaro disse que as propostas em relação ao aumento do número de ministros chegaram até ele e seriam discutidas depois das eleições. No domingo, em entrevista a um podcast, afirmou que poderia recuar da proposta se o Supremo se comportasse.

À Globonews, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou é que o Congresso deveria discutir o aumento do número de ministros. Ao mesmo canal, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros disse que a mudança seria uma necessidade de enquadramento ao ativismo do Supremo.

Este é o plano e o canal para destruir a democracia. Aconteceu no Brasil, durante a ditadura. Aconteceu na Venezuela. Aconteceu na Hungria. Aconteceu na Polônia. Aconteceu na Rússia. Aconteceu em todos os lugares onde a democracia foi destruída. Começaram colocando amigos no Supremo e mudando a sua composição. Aqui, a proposta seria aumentar de 11 ministros para 16, como era no regime militar. O país tem que ficar muito atento. Isso se chama golpe.

Aliás, a semana foi de riscos institucionais. A imprensa questionou as Forças Armadas sobre o relatório de funcionamento das urnas eletrônicas. De acordo com a colunista Malu Gaspar, o presidente Bolsonaro mandou os militares segurarem o relatório porque não foi encontrado nada irregular.

E ontem, houve a tentativa de usar os aparelhos do estado contra o novo inimigo do presidente e do governo: os institutos de pesquisa. O presidente do Cade, indicado por Ciro Nogueira, determinou ao superintendente, Alexandre Barreto, a abrir investigação de que os institutos combinaram resultados. Como eu dei aqui no blog, ele não tem esse poder, e nem Barreto viu qualquer elemento que sustentasse uma investigação. Em outra frente, o ministro da Justiça determinou que a Polícia Federal abrisse inquérito para verificar supostas irregularidades. O ministro Alexandre de Moraes mandou que ambos fossem suspensos.

2 comentários:

Anônimo disse...

A jornalista só esquece de citar e comentar que a ideia de aumentar o numero de ministro do STF é de...transcrevo:
"O PT critica o que já propôs
12 de outubro de 2022 - Paulo César de Oliveira

Em abril de 2018, após a prisão de Lula, o petista Wadih Damous (foto) declarou: “Tem que fechar o Supremo e criar uma Corte Constitucional, de guarda exclusiva da Constituição e com seus membros detentores de mandato”. Em setembro daquele ano, José Dirceu reforçou a posição do entorno de Lula: “Primeiro, deveria tirar todos os poderes do Supremo e ser só Corte Constitucional”. Cinco anos antes, a ex-prefeita de São Paulo pelo PT e então deputada federal pelo PSB Luiza Erundina havia apresentado a PEC 275/13, que transforma o STF em Corte Constitucional, reduz sua competência e amplia o número de ministros, de 11 para 15. Erundina acaba de ser reeleita pelo PSOL e apoia Lula contra Jair Bolsonaro. Na prática, lulistas e bolsonaristas querem um STF para chamar de seu. A diferença é que Lula já conseguiu a impunidade, enquanto Bolsonaro ainda teme a prisão. (Foto reprodução internet)" https://www.estadao.com.br/politica/um-supremo-para-chamar-de-seu/

ADEMAR AMANCIO disse...

Não lembro de Lula querer implantar ditadura no País.