O Estado de S. Paulo.
‘Caridade política’ de se ocupar 37 ministérios não é um plano de governo
Jair Bolsonaro e Arthur Lira estão no topo
da lista de personagens políticos nos quais o STF “aplicou freios”. Enquanto
Bolsonaro era considerado por integrantes do STF como “um louco” capaz de
irresponsabilidades, Lira “a gente sabe quem é e dispensa apresentações”. Capaz
de qualquer coisa para satisfazer a voracidade fisiológica.
Ao frear Lira e favorecer Lula o STF
inaugurou uma nova fase nas barganhas políticas. Seus integrantes paralisaram
um julgamento, envolveram-se numa negociação direta com o Legislativo sobre os
termos de uma peça (que o Supremo acabou rejeitando) e desembocaram numa ação
coordenada para livrar o presidente eleito de um presidente da Câmara
praticando o que parecia ser um tipo de extorsão.
O resultado é um alívio temporário e um mal-estar generalizado. A “institucionalidade” hoje se traduz numa inversão de sinais: o Executivo se sentia sob Bolsonaro como refém do Supremo. Hoje está sendo protegido, mas não é o tipo de “guarda-chuva” que proporcione a Lula vida fácil com o Legislativo. Mesmo com o freio aplicado a Lira, que o atribui a Lula.
Fazer política depende, sim, de manobras
“espertas” como essa combinação envolvendo o STF contra o presidente da Câmara.
Mas depende mais ainda da capacidade política do chefe do Executivo de mandar
na agenda, e aqui as coisas se complicam bastante. O que Lula basicamente pediu
ao Legislativo foi uma licença para gastar da qual se beneficiariam também os
parlamentares com verbas e cargos.
A rigor, a disputa política envolveu apenas
inflar números e prazo de validade da licença para gastar – algo em que todos
estão interessados em Brasília. Por mais nobre e necessário que seja ajudar
quem passa fome, caridade não é um plano de governo. Nem é o que se discutiu
nessas últimas três semanas. O ponto principal era como conseguir gastar, e por
quanto tempo, sem ter de dizer de onde virá o dinheiro.
Mesmo num Congresso dominado pelo
patrimonialismo e o Centrão, conta muito o rumo geral que um governo pretende
impor com suas políticas. Também não é um plano de governo a “caridade
política” de se ocupar 37 ministérios com forças políticas que possam parecer
uma frente ampla. É simplesmente uma acomodação, através de verbas e cargos,
que carece até aqui de um rumo geral.
É fato que o STF pode proteger um
presidente Lula mas dificilmente saberá dizer para onde deve ir. No momento,
talvez só Lula saiba. Daí o fato da confusão com as recentes barganhas ter
deixado um misto de perplexidade e desconfiança. É o que acontece quando o que
surge no horizonte político é só a barganha.
3 comentários:
O 'wenenoso Waak...
Recomenda-se usar álcool para higienizar as mãos e o celular, para evitar contaminação após lê-lo.
ERA ASSIM: "ação coordenada para livrar o presidente eleito de um presidente da Câmara praticando o que parecia ser um tipo de extorsão."
O RESULTADO: "O resultado é um alívio temporário e um mal-estar generalizado."
Pô, Waack, não é temporário mas duradouro - a luta continua só q agora por outros motivos; essa batalha tá ganha definitivamente; mas a guerra continua, claro.
E como o fim de uma extorsão causa mal-estar? Generalizado? Só causou mal-estar no lado dos chantagista? No lado do LULA tb porque ficaram com peninha? Kkkkkkkkkkkk
O papel aceita tudo. Até transformar uma vitória num problema.
W W,''papel de governo não é fazer caridade''.
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