Folha de S. Paulo
Candidatura de Flávio Bolsonaro a prefeito
do Rio é cartada de alto risco
Ao longo da sua ascensão e queda, Bolsonaro
arregimentou dentro das Forças Armadas um seleto grupo de estafetas,
despachantes e contínuos no qual manda e desmanda até hoje; em troca, concedeu
a eles todo tipo de regalias, sobretudo financeiras. O general Braga Netto,
vice na chapa derrotada à Presidência da República, é um dos mais destacados da
turma.
Mordido pela mosca da política, como muitos de seus companheiros de farda, o general sonhava em disputar a Prefeitura do Rio, em 2024. O capitão lhe puxou o tapete. Exigiu do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que o partido trabalhe pela candidatura de Flávio Bolsonaro. O recado é claro: primeiro, os meus; depois, os militares. A vantagem da família é que Flávio, se perder, poderá retornar ao Senado, garantindo o direito ao foro privilegiado.
A desvantagem é que uma nova derrota –uma
derrota de maneira acachapante– poderá significar o início do fim do
bolsonarismo. E justamente na cidade que viu o fenômeno nascer. Em 2018,
Bolsonaro venceu em todos os bairros do Rio, à exceção de Laranjeiras. Em 2022,
concorrendo com Lula, o caldo desandou. Em Rio das Pedras, considerado o berço
das milícias, ele perdeu, como em quase todos os bairros da zona sul e em boa
parte dos da zona norte; saiu vitorioso na mais populosa zona oeste, para onde
a milícia se expandiu e, of course, na Barra da Tijuca.
O maior adversário é o prefeito Eduardo
Paes, velho freguês dos cariocas, com três mandatos. Em 2020, ele derrotou o
bispo Crivella, candidato do bolsonarismo. Paes tentará a reeleição com o apoio
dos petistas.
Resta saber para onde irá Cláudio
Castro, o dono da máquina, que teve 49% dos votos da capital em sua
reeleição. O governador está em atrito com o PL e trabalha para fortalecer a
candidatura de seu secretário de Saúde, Dr. Luizinho, do PP. Se não conseguir,
é quase certo que ficará ao lado de Lula.
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