domingo, 23 de abril de 2023

Opinião do dia – Theodor W. Adorno* (Radicalismo de direita)

“Bom, minhas senhoras e meus senhores, eu repito que estou consciente de que o radicalismo de direita não é um problema psicológico e ideológico, mas um problema muitíssimo real e político. Mas aquilo que é objetivamente falso, não verdadeiro de sua própria substância, o força a operar com meios ideológicos, isto é, nesse caso, com meios propagandísticos.  E por isso, além da luta política e dos meios puramente políticos, ele deve ser enfrentado no seu próprio terreno. Mas não se trata de colocar mentira contra mentira, de tentar ser tão esperto quanto eles, mas de realmente contrapor-se a eles com uma força decisiva da razão, com a verdade realmente não ideológica.

Talvez alguns entre os senhores me perguntarão ou me perguntariam o que penso sob o futuro do radicalismo de direita. Penso que essa pergunta é falsa, pois ela é demasiado contemplativa. Nessa forma de pensar, que vê de antemão essas coisas como catástrofes naturais, sobre as quais se fazem previsões assim como sobre furacões ou sobre desastres meteorológicos, há já uma espécie de resignação na qual as pessoas desligam-se enquanto sujeitos políticos, há aí uma má relação de espectador com a realidade. Como essas coisas vão evoluir e a responsabilidade sobre como elas vão evoluir – isso depende, em última instância, de nós. Agradeço pela atenção.

*Theodor W. Adorno (11/9/1903-6/8/1969), filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos expoentes da chamada Escola de Frankfurt, juntamente com Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, entre outros. Conferência realizada no dia 6 de abril de 1967, a convite da União dos Estudantes Socialista da Áustria. “Aspectos do novo radicalismo de direita”, p.76. Editora Unesp, 2020.

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