O Estado de S. Paulo
Trump, que persegue críticos nos EUA, está
mesmo preocupado com liberdade de expressão no Brasil?
A última das preocupações de Donald Trump, ao
ameaçar sanções a Alexandre de Moraes, ao Brasil ou genericamente a autoridades
da América Latina e da Europa, é com liberdade de expressão. Trump, que
persegue universidades, professores e alunos que condenem o genocídio em Gaza
ou pensem diferente dele, não está nem aí para censura, liberdade de expressão,
direitos, tudo bobagem.
Ele só pensa em poder, dinheiro e em impor crenças pessoais e vontades, logo, quando ele destaca o secretário de Estado Marco Rubio para jogar ameaças no ar, está só defendendo interesses, lucros e a liberdade para divulgar fake news e ódio das big techs, que financiam suas campanhas, apoiam seu governo e sabem como tirar boas vantagens disso.
O pretexto da liberdade de expressão é cínico
como Trump, que mente, manda para Guantánamo cidadão inocente, deporta
estrangeiros legais, desorganiza o comércio internacional, ameaça anexar Canadá
e Groenlândia, censura agências de notícias que não troquem “Golfo do México”
por “Golfo da América”, persegue universidades, em especial Harvard, e sonha
criar um resort sobre milhares de cadáveres de crianças e mulheres em Gaza.
Alguém com esse perfil, que inclusive
descumpre decisões judiciais, está mesmo empenhado em combater a “censura” no
Brasil e no mundo?
O novo lance foi um post de Rubio sobre a
intenção de suspender o visto de quem ameace a liberdade de expressão de
americanos ou estrangeiros no país. Não citou Moraes nem Brasil, apenas América
Latina e Europa, mas o alvo evidente é o ministro, que já enfrentou, e ganhou,
uma batalha contra o X de Elon Musk, é o juiz-chave no julgamento da tentativa
de golpe no STF e inimigo n.º 1 da família Bolsonaro.
Na avaliação de Itamaraty e STF, foi um passo
atrás, já que Moraes estava na mira da Lei Magnitsky, muito mais drástica do
que “apenas” a proibição de entrar nos EUA. Essa visão, porém, é para fingir
uma naturalidade que não existe. O que há é irritação e indignação, aliadas à
estratégia de negociar nos bastidores e não cair na armadilha de bater boca
pelas redes.
O post de Rubio não foi novo nem isolado.
Após levar o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Filipe
Barros, para dar algum lustre institucional às suas queixas contra o Brasil nos
EUA, Eduardo Bolsonaro já tinha declarado que “a batata do Alexandre de Moraes
está esquentando”, uma comissão de sanções americana veio a Brasília e Rubio
admitiu “grande possibilidade” de sanções ao ministro. Onde já se viu isso? Só
no mundo absurdo e particular de Trump.
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