Folha de S. Paulo
O que continua no mesmo lugar é a enganação
Isso é que é senso de oportunidade. Dois dias depois de estourar o caso da organização criminosa suspeita de lavar dinheiro nos EUA, o filho 03 divulgou nas redes sociais o lançamento de um calendário cuja capa exibe o pai sem camisa, cicatriz da facada à mostra. O produto da loja Bolsonaro Store custa R$ 69,90 e conta em fotos a "trajetória vitoriosa" do capitão, indo da caserna ao Planalto.
Não há imagens do então deputado Bolsonaro superfaturando a verba de gasolina nem usando o auxílio-moradia para "comer gente". Tampouco abraçando a Wal do Açaí ou recebendo o pagamento do empréstimo feito ao Queiroz. Já presidente, confraternizando com os pastores do MEC ou com intermediários na compra de vacinas. Na última página do calendário faltou a fotografia do avião da FAB utilizado para levar escondidas as joias que pertencem ao Estado brasileiro.
O público-alvo do site que vende suvenires
de Bolsonaro não se interessa pela verdade. Só compra o embuste. Faz ouvidos
moucos ante o depoimento do hacker. Está pouco ligando para o relatório de
inteligência financeira do Coaf, que mostra um sargento, assessor do
ex-presidente com renda mensal de R$ 13 mil, movimentando R$ 3,3 milhões. Não
acreditará no faz-tudo Mauro Cid se ele admitir
a venda das joias e o repasse de dinheiro vivo ao capitão.
Eleito com discurso anticorrupção,
Bolsonaro agiu para destruir as instituições (entre elas o Coaf). Mas a seita
não quer nem saber. É o mesmo comportamento de Silas Câmara, novo líder da
bancada evangélica, que continua fiel ao inelegível, apesar de todas as provas
contra ele. O que importa ao deputado é restringir ainda mais o aborto.
Talvez isso explique a felicidade dos bolsonaristas com a ascensão do repelente Javier Milei, candidato à Presidência da Argentina. Milei também é contra o aborto. E a favor de que os pais vendam os filhos. Afinal, o negócio é lucrar.
Um comentário:
Faltou citar o auxílio-mudança que Bolsonaro e Eduardo foram buscar em 2019,mesmo já morando em Brasília há séculos.
Postar um comentário