Folha de S. Paulo
Empresas delegam a instituições de ensino
avaliação de candidatos a empregos
Reportagem da Folha mostrou
que cinco
instituições de ensino superior privadas concentram 27% dos alunos de graduação do
país. Elas ganharam espaço com o avanço do ensino a
distância.
Por que valorizamos diplomas universitários? Em parte, porque as universidades de fato treinam seus estudantes para determinadas carreiras, notadamente aquelas que exigem conhecimentos técnicos específicos e o desenvolvimento de habilidades. É difícil alguém se preparar para ser médico sem passar por laboratórios, simuladores e estágios supervisionados em hospitais, além, é claro, das aulas teóricas.
Há, porém, carreiras em que todo o conteúdo
técnico, que às vezes nem é tão grande, está ao alcance de qualquer um em
livros. Não são incomuns cursos em que o professor essencialmente pede que o
aluno se assenhore de determinada bibliografia e depois o testa para ver se
aprendeu.
Em princípio, não seria necessário passar por
um curso formal para obter esse tipo de formação. Charles William Eliot, reitor
de Harvard de 1869 a 1909, não tinha problema em admitir que uma pessoa podia
obter uma educação de
primeira só lendo os livros certos. Por isso editou a coleção Clássicos de
Harvard. Hoje, Harvard e outras universidades de renome disponibilizam grátis
na internet aulas de seus melhores professores.
Por que, então, ainda insistimos nos diplomas
mesmo em áreas menos técnicas? É aí que entra o chamado credencialismo, que é o
cartorialismo aplicado à academia. Empregadores não se sentem seguros para
decidir se os candidatos a uma vaga têm o conhecimento necessário para exercer
o cargo, preferindo terceirizar essa tarefa para as universidades, que conferem
certificados a quem teve disciplina para pagar as mensalidades e evitar reprovações
ao longo de alguns anos.
Não dá para dizer que o intermediário é
totalmente inútil, mas também não dá para dizer que essa é a fórmula mais
racional e eficiente.
Um comentário:
E tem diplomado que não passa pelos livros,adorei o artigo.
Postar um comentário