O Globo
Após sobreviver ao atentado, Trump se tornou
figura messiânica para os súditos. Para opositores, é o apocalipse para a
democracia
Quando era adolescente no Queens, uma das cinco regiões metropolitanas de Nova York, Donald Trump andava de metrô para ir à escola. Esses tempos, no entanto, ficaram em um passado distante do fim dos anos 1950 e começo dos 1960. A partir dos anos 1970, passou a se tornar um ícone da riqueza cafona emergente de relógios brilhantes, fofocas em tabloides, cassinos e limousines com motoristas. Visto como uma caricatura pela elite tradicional e progressista de Manhattan, ele incorporou essa imagem e decidiu mostrar que, mesmo sendo um herdeiro de um novo rico do Queens, podia erguer seu "castelo" no coração da Quinta Avenida com o nome de Trump Tower.
Ao ver a entrada de Trump na arena do time de
basquete do Bucks em Milwaukee para a Convenção Republicana, lembrei desse
histórico e de seu castelo de vidro em Manhattan. Chegava naquele momento uma
espécie de rei para uma parcela da população americana. Falta a coroa, mas todo
o seu comportamento remonta a uma realeza de filmes da Disney ou de séries como
Game of Thrones. Ao redor dele, ficam seus áulicos. Quando chega, o
ex-presidente acena a seus delegados, que seriam os súditos, na quadra.
Senta-se em uma poltrona branca, que seria uma espécie de trono. Quando todos
se levantam para aplaudir alguém discursando, Trump age de forma diversa. Em
alguns casos, espera segundos e se levanta. Pode ser que bata palmas ou apenas
observe. Em outros, prefere ficar sentado, mesmo quando elogiado.
Após
sobreviver por milímetros a uma tentativa de assassinato, Trump se
tornou para seus súditos uma figura messiânica. O trumpismo já era uma espécie
de peronismo, com todo o partido se transformando em um movimento populista ao
redor de um líder carismático. Agora, passou a ter contornos religiosos para
seus seguidores. Eles amam Trump. Consideram-no um semideus. Há uma certeza de
que ocorreu uma intervenção divina para salvá-lo no sábado passado.
George Washington, Abraham Lincoln e Franklin
Roosevelt são admirados pela importância de cada um deles na História
americana. Todos desfrutam de respeito de democratas e republicanos. Barack
Obama e Ronald Reagan tinham fãs. Mas Trump é diferente. O candidato
republicano conta com devotos.
Ao mesmo tempo, essa figura santificada pelos
republicanos é vista como demoníaca por uma outra gigantesca parcela dos
americanos. Seria o símbolo do mal. Um homem disposto a ser um déspota. O rei
maligno dos filmes que precisa ser derrotado de qualquer maneira ou será o fim
da democracia dos EUA.
Caso Trump seja vencedor nas eleições em
novembro, seus seguidores tendem a celebrar como uma vitória religiosa, não
política. Ao mesmo tempo, os opositores tendem a encarar como um apocalipse
final para a democracia dos EUA, construída por gênios como Benjamin Franklin,
Thomas Jefferson, que será mais uma vez dominada por um criminoso
antidemocrático com tendências despóticas.
Essa é a dimensão do que está em jogo agora.
Para enfrentar essa batalha, os democratas seguem incertos sobre a permanência
ou não de um fragilizado Joe Biden. Pelo visto, a vitória será dos devotos.
5 comentários:
Há alguns anos, quando ainda assistia a GloboNews e via o Guga Chacra, às vezes tinha a impressão de acompanhar um torcedor, não um analista. O canal não me faz qualquer falta.
Realmente as aparições do Guga Chacra estão parecendo mais a chefe de torcida organizada , sempre alvoroçado na sua forma de falar, tem pintado a vitória do Trump como fim do mundo, o fim dos Estados Unidos
Esta postura na verdade é uma histeria infantil mas faz parte da política da mídia Tradicional tomada pelo espectro ideológico da esquerda, que tenta colocar as suas pautas e opiniões goela abaixo do publico
Mas como ele mesmo já reconheceu o velho gaga senil do Biden com seus dias contados O Trump caminha, realmente ungido por Deus que o salvou de um assassinato covarde, rumo a casa Branca e será um vitória triunfal da democracia e dos valores do acidente cristão livre
Trump é tão mentiroso que chega a ser inacreditável que gente inteligente acredite nele sem nem pestanejar diante das dezenas de mentiras que ele lança em cada entrevista, discurso ou debate. A MENTIRA é a especialidade do trampo.
A MENTIRA foi o alicerce do discurso utilizado durante décadas pelas esquerdas, vistas a si mesmas como redentoras e porta-vozes da humanidade.
Guardadas as devidas proporções, a conta chegou.
😏😏😏
Eu penso que Trump não leva esta,tomara que minha intuição esteja certa.
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