domingo, 4 de agosto de 2024

Bruno Boghossian - Maduro vai sobreviver?

Folha de S. Paulo

Regime venezuelano entra em modo de dependência de um binômio cooptação-repressão

Nicolás Maduro entrou num modo de sobrevivência típico de regimes autoritários que atravessam momentos agudos de contestação. Sem condições de exercer um poder lastreado na legitimidade eleitoral, o ditador passou a se agarrar exclusivamente ao conhecido binômio formado por cooptação e repressão.

A sustentação de governos antidemocráticos depende, em larga medida, da insatisfação popular manifestada em protestos e da disposição dos órgãos de segurança para esmagá-los. A interação desses fatores foi descrita pela cientista política Eva Bellin no caso de ditaduras do Oriente Médio e pode ser aplicada à situação da Venezuela.

A temperatura das ruas costuma ser o primeiro fator de desestabilização de uma ditadura. No caso da Venezuela, manifestações contra o resultado eleitoral proclamado pelo regime refletem a recusa em aceitar a palavra oficial, mas também um descontentamento maior em relação ao desempenho do governo.

De maneira ampla, a mobilização de opositores está diretamente relacionada à capacidade do regime de influenciar os humores da população, principalmente no bem-estar econômico. Maduro usou as armas que tinha para abastecer um largo contingente de venezuelanos de baixa renda, enfrentar sanções internacionais e cooptar parte das elites políticas, financeiras e militares.

O segundo fator está ligado à capacidade e à vontade demonstradas pelo aparelho de segurança para reprimir a eventual contestação ao regime. De saída, sufocar grandes protestos espalhados pelo país será sempre mais difícil do que conter uma pequena manifestação.

Essa ação será mais ou menos violenta (e eficaz para a sobrevivência do ditador) se o interesse das polícias e dos militares for a manutenção do governo. Aparelhos de segurança organizados a partir do patrimonialismo e do compadrio, como na Venezuela, tendem a brigar pela preservação do arranjo e de seus próprios privilégios. Por isso, a tendência é endurecer a repressão.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Maduro está cumprindo a sua promessa de banho de sangue , está massacrando o povo na rua Executando sumariamente os manifestantes em praça pública e Lula dizendo que está tudo normal e que a democracia venceu
Ele é um bandido, sempre foi bandido não à toa que ele foi preso condenado há mais de 20 anos por corrupção e lavagem de dinheiro

ADEMAR AMANCIO disse...

Infelizmente!