Voto Positivo
Nos tempos de ausência da democracia, o Vice-presidente Aureliano Chaves afirmou que o “Vice não é nada!” um momento que provavelmente marcaria seu afastamento do regime militar até apoiar a Aliança Democrática sob a cabeça de chapa de Tancredo Neves que teve a consciência política da moderação ao convidar José Sarney para seu companheiro de chapa. Diferente do bordão de Jô Soares (“Vice não é nada. Tirando Aureliano, que fala, o resto, ó!…”); numa eleição majoritária a escolha da candidatura a Vice pode em muito contribuir para influenciar os resultados eleitorais. O comportamento político e eleitoral da sociedade pode ser observado nesses momentos de anúncio. Muitas vezes a escolha se faz de uma forma “mecânica” o que não indica que tenha resultados perceptíveis.
Não há o melhor momento para o anúncio de uma
candidatura a Vice. A dobradinha Lula-Alckmin, que uniu dois adversários
políticos numa Frente Democrática, foi anunciada muito antes das convenções
partidárias para acalmar os prantos de “gregos e troianos” que teimavam na
linha política da Frente de Esquerda com a falcatrua da Frente Ampla. Em muitos
casos, por conta de correlações partidárias complexas ou para alçar a dinâmica
da campanha eleitoral o anúncio da candidatura a Vice se faz quase que ao limite
do que se é permitido pela legislação eleitoral. O fundamental é que os dois
nomes tenham sintonia política e não seja uma imposição de circunstâncias. A
bela bibliografia política do candidato a Vice muitas vezes não soma votos a um
processo político que já esteja comprometido como vimos na sucessão estadual do
Rio de Janeiro numa das candidaturas de oposição.
A clareza programática também se faz
necessária ao ponto que crie uma sinergia de forças políticas renovadoras até
as eleições. Portanto, muitas vezes, buscar um Vice pela tabela do perfil do
eleitorado é um risco político se não houver a percepção do eleitor de que
aquela dobradinha soar como uma escolha artificial por indicação de um nome
externo ao processo. Esse é um dos desafios de uma das candidaturas de oposição
a sucessão carioca ao considerar que o “peso eleitoral” do segmento evangélico,
negro e feminino transfere votos para sua candidatura pela escolha de uma
Deputada Estadual sob o patrocínio de um antigo Presidente da Câmara dos
Deputados. Ou seja, bons nomes políticos muitas vezes surgem em contextos
políticos desfavoráveis uma vez que se antes o questionamento era em relação ao
desconhecimento da cultura política carioca do adversário da oposição agora se
acrescenta com a indicação feita pelos “Laboratórios de Consultorias Políticas”
sem levar em consideração aos ensinamentos de Maquiavel.
Eleições ainda têm muito de elementos da
“fortuna” e também da “virtú”. Nas palavras do pensador de Florença, “o
primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os
homens que tem à sua volta.” Esse é um fator determinante nas escolhas
políticas na sucessão carioca porque temos que demonstrar que passamos pelo
“furacão” das contas públicas municipais, mas o cenário no futuro não é de
calmaria. Portanto, a experiência passada para uma equipe de Governo é
determinante para que o Rio de Janeiro não busque atalhos numa nacionalização
do voto que simplesmente nos empurraria para a ausência do debate programático.
Sabemos em muito que alguns opositores se movem pela ganância por negociações
no futuro.
Consequentemente, a candidatura à reeleição de Eduardo Paes num conjunto de forças políticas aliadas suprapartidárias fez uso da sabedoria do autor de O Príncipe uma vez que “quando um homem é bom amigo, também tem amigos bons.” O anúncio de seu companheiro de chapa demonstra muito a prudência da política associada a possibilidade de renovação dos quadros políticos carioca com nomes que sejam abertos a ouvir a experiência. Para além de uma configuração “puro sangue”, observamos sim a mais pura grande política na cultura política carioca diante dos desafios de uma cidade que será Capital Mundial do livro em 2025. Se os livros são veículos essenciais para acessar, transmitir e promover a educação, a ciência, a cultura e a informação, esse é um caminho a se aprofundar no debate eleitoral carioca.
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