Folha de S. Paulo
Lula e Petro abrem novos canais para saída da
crise após sinais claros de Maduro sobre atas
Se ainda alimentassem a ilusão de que Nicolás
Maduro levaria a público as atas da eleição venezuelana, Lula e Gustavo Petro não
teriam lançado balões de ensaio sobre um repeteco da votação ou a formação de
um governo de transição no país.
Com algum atraso, os dois presidentes indicaram que é preciso virar a página na estratégia de cobrança ao ditador. A falta de uma alternativa consistente indica que nenhum deles tem uma ideia clara de como lidar com o novo momento.
Os últimos dias foram marcados por mudanças
importantes em posições públicas e negociações de bastidores. Depois que o
México pulou fora das articulações, Lula e Petro determinaram que suas equipes
fizessem consultas definitivas ao regime e à oposição na Venezuela sobre
a real disposição de discutir uma saída para o impasse.
A ordem antecipa o esgotamento da tentativa
de pressão sobre Maduro para que ele aceite uma auditoria independente das atas
de votação. O ditador deu todas as indicações de que a decisão final será do
tribunal controlado pelo chavismo e, portanto, favorável ao regime.
A etapa inaugurada agora pelos negociadores
tem como prioridade descobrir se Maduro topa algum caminho diferente do
fechamento total do regime. Na oposição, o objetivo é saber se há como pensar
em algo além de pôr o ditador para correr.
Em público, o movimento
começou mal. A proposta de nova eleição foi apresentada de forma
atrapalhada por Lula e defendida de maneira caricata por Celso Amorim. Acabou
rejeitada pelos dois lados, que enxergaram, na verdade, a necessidade de
admitir uma derrota.
Os brasileiros foram forçados a adaptar suas
palavras a este novo momento. Lula disse que não reconhece
a vitória de Maduro, e Amorim decretou que isso não será feito sem
as atas. Diplomatas afirmam que, se o regime não quiser conversa, o próximo
passo pode ser o fechamento das portas para o reconhecimento do governo e uma
condenação dura da repressão aos opositores.
Um comentário:
Infelizmente.
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