O Globo
É importante procurar saber o que o candidato
em quem você pretende votar fará a respeito dos idosos
O número de pessoas com mais de 65 anos no Brasil ultrapassou
22 milhões, um crescimento de 57,4% em relação a 2010. No mesmo período, jovens
de até 14 anos saíram de 24,1% para 19,8%. O país está ficando mais velho, e
algumas reflexões precisam ser feitas.
Uma recente foi a reforma da Previdência. No livro “Reforma da Previdência — Por que o Brasil não pode esperar?”, Paulo Tafner e Pedro Fernando Nery apontam a necessidade de modificar o sistema para ele não ruir. O aumento da expectativa de vida e a redução na taxa de natalidade geram pressão cada vez maior sobre o sistema previdenciário, que precisa arcar com um número crescente de aposentados e um número menor de contribuintes.
O problema é muito mais complexo. Em 2022, havia 67,8 milhões de pessoas na pobreza e 12,7
milhões na extrema pobreza (é considerado pobre quem tem renda mensal abaixo de
R$ 637; extremamente pobre, menos de R$ 200). Agora, imagine um cenário em que
uma sociedade tem 40% de sua população precisando de ajuda para se manter e
envelhecida, com menos condições de trabalhar.
Segundo o Ipea, em 2020 havia no país 2,4 milhões de idosos
que não conseguem fazer sozinhos suas atividades básicas diárias, como tomar
banho, ir ao banheiro ou comer. O quadro mostra um país com muita pobreza, uma
parcela considerável da população com idade avançada, precisando de ajuda para
tudo.
O Brasil tem apenas 218 asilos públicos para
o acolhimento e cuidado com os mais velhos, e 71% dos municípios nem sequer
contam com qualquer instituição do gênero.
Considerando a projeção de que a proporção de idosos, que em 2010 era
de 7,3%, poderá chegar a 40,3% em 2100 e que o percentual de jovens (com menos
de 15 anos) poderá cair de 24,7% para 9%, o país está diante de uma tragédia
social, caso não tome medidas para evitá-la.
“A causa da família, não raramente, se resume
a palavras de ordem. Impõe-se, portanto, a necessidade de buscar políticas
públicas baseadas em evidências, afinal o Brasil precisa de soluções urgentes e
efetivas”, diz Maria Clara Rousseau, diretora de comunicação da ONG Family
Talks. “Cabe aos cidadãos pressionar para que seus próximos líderes tenham a
família por prioridade, ampliando a oferta de Instituições de Longa Permanência
(ILPI) e de Instituições de Centros-Dia.”
Em ano eleitoral e diante da completa
ausência de amparo para esse grupo tão especial, torna-se importante procurar
saber o que o candidato em que você pretende votar fará a respeito do tema. É
justamente nas cidades que o atendimento se faz diretamente ao público, é
bandeira concreta, necessária e dentro das atribuições dos políticos que pedem
seu voto hoje. Portanto, deve ser exigido que haja planejamento de prevenção,
olhando realmente para quem mais precisará amanhã.
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