Correio Braziliense
Quando o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulgou os números do desempenho da economia nacional, os
técnicos descobriram perplexos que o Brasil tinha sido o segundo maior país em
crescimento de seu produto interno bruto
Especialistas, agências e institutos que se dedicam a fazer projeções sobre o desenvolvimento da economia brasileira continuam a errar muito. De novo, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números do desempenho da economia nacional, os técnicos descobriram perplexos que o Brasil tinha sido o segundo maior país em crescimento de seu Produto Interno Bruto, perdeu apenas para o Peru, e empatou como potências do quilate de Arábia Saudita e Noruega. Os técnicos que fazem as profecias ficaram perplexos e não tiveram a humildade de vir a público e tentar explicar o que aconteceu. Este número resulta em crescimento anual próximo a 3%. As projeções eram inferiores a 2%. Um vexame.
É a maior alta desde o quarto trimestre de
2020, quando a economia cresceu 3,7%, mas ainda em meio à recuperação,
imediatamente após tombar por causa do início da pandemia da covid-19. O Brasil
ficou na vice-liderança em ranking de PIB de 53 países. Os chamados
especialistas previam avanço de 0,9% ante o primeiro trimestre, segundo a
opinião média de 80 instituições de mercado consultadas. Tudo errado.
A indústria teve expansão de 1,8%. A
construção civil avançou 3,5%, e a indústria de transformação teve alta de
1,8%. Houve queda de 4,4% nas indústrias extrativas, que reúnem atividades como
mineração e extração de petróleo. A agropecuária, que puxou o PIB no ano
passado, foi o único entre os grandes setores que recuou: queda de 2,3% no
segundo trimestre. A seca que afeta plantações em vários estados no país foi
uma das responsáveis pelo desempenho fraco, assim como as chuvas no Rio
Grande do Sul.
A verdade é que, desde 2020, as previsões de
crescimento da economia têm subestimado a variação que viria a
ocorrer de fato no PIB. A previsão de alta de 0,36% do PIB em 2022;
o crescimento foi de 3%. Para 2023, previsão de 0,8%, alta de 2,9%.
Para 2024, previsão de 1,5%, mas o PIB deve crescer mais de 2,5%. Difícil é
saber se o erro de previsão está relacionado a erros de diagnóstico sobre o
funcionamento da economia e do efeito de políticas econômicas. Parece, à
primeira vista, assunto político.
No governo Lula 2 comecei a prestar atenção
nos prognósticos dos chamados especialistas porque o ministro de Comunicação do
governo, Franklin Martins, costumava me alertar para os erros das previsões dos
analistas financeiros. Eles fazem as previsões e vão corrigindo ao longo do ano
de maneira que em dezembro suas profecias coincidam com os números oficiais.
Mas nos últimos tempos eles têm errado muito mais, e de maneira mais ostensiva.
É preciso desconfiar sempre.
Um amigo que trabalhou no Fundo Monetário
Internacional costumava também reclamar das agências de classificação de risco.
Na grande crise dos Estados Unidos, em 2008, elas erraram tudo, do começo ao
fim. Não conseguiram se antecipar ao enorme problema dos recebíveis derivados
de empréstimos habitacionais. A crítica originária do FMI é a de que o Fundo
negocia com os governos, realiza mudanças na operação financeira dos países e,
no meio dos entendimentos, as agências definem que o crédito de determinado país
melhorou ou piorou. Atrapalha muito e normalmente não tem base sólida. O
Brasil, por exemplo, não pode ter classificação inferior à de alguns de
seus vizinhos. No entanto, é assim.
Essas confusões e erros apenas demonstram que
economia não é ciência exata. Seu resultado, depois de um ano de trabalho,
depende de uma série de variáveis que vão desde seca ou chuva, vontade de
empreender, facilidade de investir, problemas com o governo de esquerda,
dificuldades no diálogo com deputados e senadores, problemas pessoais que
influenciam na política, tudo isso resulta em um número. É muito difícil
acertar com exatidão o resultado. Tanto aqui quanto no exterior, as previsões
na área da economia são resultam da vontade política. Não há isenção, nem nos
cálculos dos chamados especialistas. Eles também têm preferências e, não
esquecer, negócios.
A discussão, neste final de ano, está em
torno da redução das taxas de desemprego no país. O número é ótimo dentro das
possibilidades nacionais, algo perto de 6,8%, (já foi mais de dez por cento ao
tempo da presidente Dilma Rousseff). Menor desemprego sugere maior pressão
sobre preços, ou seja, inflação, porque os salários tendem a subir uma vez que
pode haver escassez de mão de obra em setores fundamentais. Há o outro lado
desta situação, virá, ou viria, pelo lado do aumento das taxas de juros. O
governo, discretamente, mandou projeto aumentando impostos. A voracidade fiscal
é insaciável. Está na hora de o presidente Lula começar a cortar suas imensas
despesas. Ele está fazendo cortesia eleitoral, pensando em 2026, com o chapéu
dos contribuintes.
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