O Estado de S. Paulo
Boulos procurou apresentar Nunes como gestor fraco; o prefeito o tachou de defensor de bandido
Em comparação com as cadeiradas, os socos e
os apelidos caluniosos que deram o tom da campanha no primeiro turno para a
Prefeitura de São Paulo, o debate Estadão/Record entre Ricardo Nunes (MDB) e
Guilherme Boulos (PSOL) pareceu uma discussão entre cavalheiros.
Segundo parâmetros normais de debates políticos, contudo, o de sábado passou longe de ser morno ou civilizado. Nunes e Boulos estavam dispostos a ferir de morte a honra um do outro.
Graças às regras rígidas e à disposição do
comitê de jornalistas e advogados em conceder direitos de resposta (foram
solicitados oito; Nunes conseguiu três e Boulos, dois), não foram tantas as
ofensas escancaradas ao estilo Pablo Marçal (PRTB), o influenciador que ao
mesmo tempo tumultuou e pautou a discussão no primeiro turno. Ainda assim,
Marçal se fez presente no debate de anteontem por meio dos arquétipos que ele
criou para os seus adversários e que Nunes e Boulos replicaram nos seus ataques
mútuos.
Boulos não chamou Nunes de “bananinha” como
fazia Marçal, mas adotou o mesmo mote nas suas diversas tentativas de
apresentar o prefeito como um gestor fraco, incompetente e à mercê de
interesses escusos. Boulos bateu nessa tecla, por exemplo, quando afirmou que
Nunes não “fez o básico” para evitar apagões em São Paulo e que, na crise,
resolve “vestir coletinho” para passar a imagem de que faz alguma coisa. O
psolista também repetiu uma provocação feita por Marçal a Nunes no fatídico
debate do qual o coach acabou sendo expulso após prometer “prender o prefeito
por envolvimento em problemas com creches”.
Quase com as mesmas palavras, Boulos, no
recente confronto direto com Nunes, afirmou que “bandido tem que estar preso,
não em debate. Inclusive bandido de máfia da creche”.
Nunes, por sua vez, não chamou Boulos de
“Boules” ou “esquerdopata maluco”, nem exibiu carteira de trabalho ou imitou o
gesto de cheirar cocaína, como fazia Marçal, mas usou os mesmos temas para
fustigar o psolista.
Tachou Boulos de extremista, abortista,
criminoso, a favor da liberação das drogas, defensor de bandido e inimigo da
polícia. E, na carona da acusação de Marçal de que Boulos nunca trabalhou,
Nunes trouxe à tona a história de que seu adversário bateu o carro anos atrás e
acabou tendo que recorrer ao pai para pagar o prejuízo do outro motorista.
Marçal não está no segundo turno, mas continua pautando a disputa.
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