Correio Braziliense
A principal consequência da vitória de Trump
no Brasil deverá ter caráter político. A agenda ambiental será modificada de
alguma maneira. Mas o principal realinhamento será o reforço dos grupos de
direita e centro-direita do Brasil
A impressionante vitória de Donald Trump na eleição norte-americana derrubou as previsões feitas pelos institutos de pesquisa e pelos chamados observadores. Todos previam uma eleição disputada, voto a voto, o que não se revelou afinal. Trump venceu bem e fácil, fez a maioria na Câmara de Representantes e no Senado. Ou seja, vai governar com as mãos livres para tomar as decisões que bem entender. No intervalo entre as duas guerras mundiais, os Estados Unidos assumiram uma posição voltada para seus interesses internos, na tentativa de superar a profunda recessão. Foi a abertura para o mundo, feita por Franklin Roosevelt, que colocou o país na posição de primeira economia do mundo. Trump, agora, quer percorrer o caminho contrário — retornar ao isolacionismo.
A velha direita norte-americana anda muito
assustada com os ganhos recentes dos países asiáticos, em especial os da China.
Os chineses cometeram a heresia de desafiar o império americano naquilo que
tinha ou tem de mais relevante: seu controle sobre o comércio internacional. Os
chineses foram mais longe e avançaram muito na tecnologia. Hoje, estão à frente
do grande irmão do norte. E no campo do comércio, o mercado mundial foi
inundado por produtos chineses de baixo custo que, rapidamente, venceram a concorrência
com seus congêneres norte-americanos. O desemprego apareceu no antigo centro do
mundo.
A reação teria de vir, cedo ou tarde. Os
chineses que, na política externa agem como jogadores de xadrez, devem ter
previsto o fenômeno. A China não poderia crescer indefinidamente e colocar o
império contra a parede. Haveria, em algum momento, forte reação. Aconteceu
agora. É curioso que latinos e negros, aculturados na sociedade
norte-americana, se associem à ascensão da direita, porque os empregos deles
também estão ameaçados. A realidade da economia internacional, decorrente da
globalização, mexeu nos fundamentos de todo o mundo e deixou os
norte-americanos preocupados. Eles, que defendiam a abertura dos mercados e o
livre-comércio, agora propugnam pelo protecionismo radical.
Há diferença entre intenção e gesto.
Distância entre o candidato e o presidente. Nem sempre o figurino de um cabe no
perfil do outro. Mesmo vencedor em larga escala, Trump terá dificuldades
naturais para exercer solitariamente sua vontade. Taxar produtos chineses para
proteger a indústria norte-americana pode significar elevação de preços
internos. Ou seja, mais inflação. Ele assumiu o compromisso de baixar a
inflação e elevar o nível de emprego. A primeira tentação será pular por cima
de barreiras que impeçam a maior produção de bens minerais, entre eles o
petróleo. A política externa deverá oferecer cenas de corar frade de pedra. Não
é preciso ter bola de cristal para prever que ele vai se envolver na guerra da
Ucrânia e deixar o assunto para os europeus. Deve conversar com seu amigo
Vladimir Putin e tentar algum tipo de acordo. Mas sempre estará preocupado em
reduzir os custos dos Estados Unidos para manter a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan).
O governo de Israel pode soltar foguetes.
Trump será muito favorável ao governo de Jerusalém e tende a não dar muita
atenção à reclamação dos árabes. Deve aprofundar algum tipo de isolamento ainda
maior a países como Irã e Venezuela, na América do Sul. O Brasil, naturalmente,
permanece fora das preocupações do presidente dos Estados Unidos. Lula, aliás,
cometeu o incrível deslize de, na véspera da eleição, elogiar Kamala Harris e
chamar Trump de nazista. Só resta correr atrás do prejuízo. A política externa
brasileira, que começou com pose de primeiro mundo, não chegou a lugar nenhum.
A principal consequência da vitória de Trump
no Brasil deverá ter caráter político. A agenda ambiental será modificada de
alguma maneira. Mas o principal realinhamento será o reforço dos grupos de
direita e centro-direita do Brasil. O ex-presidente Jair Bolsonaro pode começar
a sonhar com possível perdão na Justiça brasileira, que sabe o momento e a hora
de se curvar às realidades da política. Todo o desenrolar da Operação
Lava Jato, o vai e vem das interpretações jurídicas, justificam a crença de que
o entendimento jurisprudencial se movimenta segundo as principais tendências do
momento. Os novos candidatos à Presidência da República vão aparecer logo. E a
esquerda precisará correr muito para encontrar um candidato com chances de
vitória, diante da avalanche direitista que deve varrer o mundo ocidental. Um
novo valor se alevantou.
2 comentários:
Quanta narrativa falsa. quanto palavrório Inútil e enganoso é incrível como os acadêmicos perderam a noção da ética e se afastam cada vez mais da verdade , dentro da sua bolha esquerdista , que a eleição do Trump lá nos Estados Unidos, mostrou que está completamente defasado da realidade do povo , Dos cidadão simples que acorda e vai trabalhar todos os dias e que tem uma família pra sustentar é incrível como tem a capacidade de não apontar p menor Problema na campanha dos democratas e principalmente na candidata escolhida completamente destrambelhada da Kamala Harris mas é assim mesmo devagarinho essa turma vai botar viola no saco , e vai ver que o tempo da mentira da falsidade , da inversão dos fatos e do pós verdade está passando
O mundo Woke está desmoronando
Excelente coluna! É impressionante a capacidade do Anônimo acima, o miliciano bolsonarista, de mentir e/ou se autoenganar!
Postar um comentário