quarta-feira, 30 de julho de 2008

DEU NO JORNAL DO BRASIL

PARA ACABAR DE VEZ COM OS CURRAIS
Renata Victal

TRE cria grupo de trabalho com Estado e Polícia Federal anuncia reforço no seu efetivo

A união mandará para o Rio, já na próxima semana, homens de outros estados para reforçar o efetivo da Polícia Federal no Estado. O pedido foi feito pelo superintendente do órgão no Rio, Valdinho Jacinto Caetano, que já dá proteção a uma juíza em Magé, conforme revelou edição de ontem do JB, e investiga candidatos e cabos eleitorais que estariam cometendo crimes como o cerceamento do direito de ir e vir em algumas regiões dominadas pelo tráfico ou milícia. Caetano se reuniu ontem com o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Roberto Wider, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, o comandante geral da PM, Gilson Pitta Lopes, o chefe de Estado Maior da PM, Coronel Antonio Carlos Suarez David, e o chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro. Juntos, decidiram formar um grupo de trabalho de inteligência para apurar crimes eleitorais.

– Será um trabalho de inteligência e não de confronto, pois continuamos dentro de um estado de direito e não de exceção – afirmou o desembargador Wider.

O grupo de trabalho será formado por funcionários de cada órgão. Caberá a eles decidir os rumos das investigações. De acordo com Wider, o candidato que se sentir intimidado pode pedir proteção policial ao grupo, que já têm uma próxima reunião marcada para o 15 de agosto.

– O candidato que precisar deve solicitar apoio e este grupo de trabalho vai analisar se há necessidade de segurança ou se o candidato quer apenas fazer propaganda e aparecer dizendo que vai subir em morro – alegou Wider. – Estamos trabalhando para que o Estado tenha normalidade dentro de uma situação de anormalidade. Vivemos um estado de direito onde há algumas irregularidades.

Hoje Wider se encontrará, às 16h, com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, e o Ministro da Justiça, Tarso Genro, para discutir a questão em Brasília. Ele levará na mala os dados repassados pela inteligência da cúpula da segurança sobre a atuação do tráfico e da milícia em sete regiões da cidade: Rio das Pedras, Carobinha, Santa Cruz, Jacarepaguá, Rocinha, Vidigal e Complexo do Alemão.

– Vou para saber o que eles pensam em nos oferecer e, com isso, verificar nossas necessidades – avaliou o desembargador, que não descarta nenhum reforço, mas acha desnecessária a presença do Exército nas ruas.

– Não é o caso de encher o Rio de Janeiro com o Exército. Não se descarta nenhum reforço, mas, neste momento, não é necessário – reafirmou Wider. – Não precisamos do Exército, precisamos de inteligência e a Polícia Federal está atuando e já pediu o reforço necessário.


Importância máxima

Segundo o delegado da PF, a Operação Eleição é hoje a mais importante do órgão. Sem citar o número de homens encarregados das investigações ou mesmo a quantidade de pessoas sob a mira de seus agentes, Caetano foi claro ao enfatizar que "todas as denúncias serão apuradas e encaminhadas ao Ministério Público".

– Nossa expectativa é a melhor possível e estamos à disposição da Justiça Eleitoral de forma permanente – disse Caetano. – A eleição é hoje a maior operação que a Polícia Federal faz e o Rio vai ter o tratamento que merece.

Nenhuma das autoridades estaduais que participaram da reunião no TRE fez qualquer pronunciamento sobre o encontro. Pela manhã, em São Paulo, o governador Sérgio Cabral disse ser favorável à presença "imediata" da força-tarefa no Estado como forma de reforçar a segurança do processo eleitoral.

– A força poderia vir imediatamente e ficar inclusive depois das eleições nos ajudando. Em última análise, nós estamos brigando pela garantia do regime democrático – disse Cabral, reafirmando não ter o "complexo" de achar que pedir auxílio significa que o Estado está deficiente. – Não tenho esse complexo, ah, não vou pedir ajuda porque é sinal de que estamos deficientes. Nós precisamos de ajuda sim, de tudo o que vier na direção de colaborar com a segurança pública. Foram anos e anos de crescimento de uma estrutura paralela do crime. E a gente não faz isso de uma hora para outra sem somar forças.

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