RESPOSTA AO PREZADO LEITOR
Villas-Bôas Corrêa
Em curto e estimulante recado, publicado na seção Cartas do JB do dia 28, o prezado leitor carioca Marcos André da Silva Caruso, depois de registrar a sua concordância "em gênero, número e grau¨ com os meus comentários políticos – que é o mais gratificante prêmio do exercício da minha profissão – encaixa a sua perplexidade no jeito de quem pergunta: se reconhece que "o voto é uma arma muito poderosa, votar em quem?".
Ora, meu estimado leitor, a sua perplexidade diante do quadro calamitoso deste amargo momento da nossa história republicana de golpes, ditaduras, incompetência, renúncias de presidentes birutas de carteirinha na sucessão de erros que nos levaram ao beco desta mofina campanha eleitoral é absolutamente justa.
Com uma ressalva, que soa como a advertência do risco de uma reação equivocada e que faz o jogo do adversário. Votar em quem? – é uma pergunta que muitos se fazem diante do espelho. E que insinua a resposta escapista do voto em branco.
Ora, a fuga para ficar em paz com a consciência não é uma saída pela porta da frente, mas uma fuga pulando a janela do fundo.
Vamos raciocinar juntos: a quem aproveita o voto em branco? Bem, se a maioria absoluta do eleitorado votasse em branco, em movimento nacional que ganhasse as ruas e, por exemplo, repetisse no Rio o impacto da passeata dos 100 mil ou, em São Paulo, igualasse o recorde do comício da campanha das Diretas Já, certamente que encurralaria o caduco modelo eleitoral no beco da rejeição.
Mas pelo menos até onde a vista enxerga no negrume de tempos de escuridão, está é uma hipótese em que nem a mais ingênua esperança consegue acreditar e muito menos confiar.
O voto que se anula, o eleitor que não vota e que é como se não existisse, abre a larga picada para o desfile dos velhacos dos espertalhões, dos candidatos com a ficha policial mais suja do que o Centro do Rio depois das 20 horas. Baixa o quociente eleitoral para a eleição de vereadores e facilita a eleição de prefeitos que manipulam a máquina municipal.
E qual é a sua cota no protesto que ajuda a eleger o rebotalho de uma fase cinzenta de mais está experiência democrática? Bem, você não correrá o risco de novo arrependimento com o voto que o enganou. Mas é um alívio egoísta e inócuo.
Há alternativas para o voto do eleitor que não foge do seu dever de participar de uma reação conse-qüente, que não se reduza à omissão.
O primeiro passo da caminhada o meu ilustre leitor já deu e que é a raiva santa, a indignação, o desprezo, o nojo pelos responsáveis pela degradação da militância política.
Alimente a raiva com a leitura diária dos jornais e das revistas, dos artigos de escritores e jornalistas da sua confiança. Prepare-se para suportar o suplício do programa de propaganda eleitoral com a atenção crítica sobre o blá-blá-blá de candidatos. Sei que não é fácil. Mas divirta-se com os bestialógicos, selecione a meia dúzia que despertou o seu interesse e busque completar as informações sobre a folha corrida de cada um.
Não esqueça da ração de raiva. Daqui até a eleição no primeiro domingo de outubro, dia 5, o eleitor encontrará o atalho para o voto de protesto, da indignação, da revolta.
Na escolha do candidato, a última encruzilhada: os que tiverem a sorte da sacação de um candidato que encha as medidas votarão com a alma pacificada.
Na dúvida, saia pela portinhola da renovação. Claro, sem abrir a guarda nem afrouxar a desconfiança. O voto no estreante, além de injetar sangue novo no elenco, ajuda à faxina municipal, ensaio para o mutirão estadual e federal de 2010.
Villas-Bôas Corrêa
Em curto e estimulante recado, publicado na seção Cartas do JB do dia 28, o prezado leitor carioca Marcos André da Silva Caruso, depois de registrar a sua concordância "em gênero, número e grau¨ com os meus comentários políticos – que é o mais gratificante prêmio do exercício da minha profissão – encaixa a sua perplexidade no jeito de quem pergunta: se reconhece que "o voto é uma arma muito poderosa, votar em quem?".
Ora, meu estimado leitor, a sua perplexidade diante do quadro calamitoso deste amargo momento da nossa história republicana de golpes, ditaduras, incompetência, renúncias de presidentes birutas de carteirinha na sucessão de erros que nos levaram ao beco desta mofina campanha eleitoral é absolutamente justa.
Com uma ressalva, que soa como a advertência do risco de uma reação equivocada e que faz o jogo do adversário. Votar em quem? – é uma pergunta que muitos se fazem diante do espelho. E que insinua a resposta escapista do voto em branco.
Ora, a fuga para ficar em paz com a consciência não é uma saída pela porta da frente, mas uma fuga pulando a janela do fundo.
Vamos raciocinar juntos: a quem aproveita o voto em branco? Bem, se a maioria absoluta do eleitorado votasse em branco, em movimento nacional que ganhasse as ruas e, por exemplo, repetisse no Rio o impacto da passeata dos 100 mil ou, em São Paulo, igualasse o recorde do comício da campanha das Diretas Já, certamente que encurralaria o caduco modelo eleitoral no beco da rejeição.
Mas pelo menos até onde a vista enxerga no negrume de tempos de escuridão, está é uma hipótese em que nem a mais ingênua esperança consegue acreditar e muito menos confiar.
O voto que se anula, o eleitor que não vota e que é como se não existisse, abre a larga picada para o desfile dos velhacos dos espertalhões, dos candidatos com a ficha policial mais suja do que o Centro do Rio depois das 20 horas. Baixa o quociente eleitoral para a eleição de vereadores e facilita a eleição de prefeitos que manipulam a máquina municipal.
E qual é a sua cota no protesto que ajuda a eleger o rebotalho de uma fase cinzenta de mais está experiência democrática? Bem, você não correrá o risco de novo arrependimento com o voto que o enganou. Mas é um alívio egoísta e inócuo.
Há alternativas para o voto do eleitor que não foge do seu dever de participar de uma reação conse-qüente, que não se reduza à omissão.
O primeiro passo da caminhada o meu ilustre leitor já deu e que é a raiva santa, a indignação, o desprezo, o nojo pelos responsáveis pela degradação da militância política.
Alimente a raiva com a leitura diária dos jornais e das revistas, dos artigos de escritores e jornalistas da sua confiança. Prepare-se para suportar o suplício do programa de propaganda eleitoral com a atenção crítica sobre o blá-blá-blá de candidatos. Sei que não é fácil. Mas divirta-se com os bestialógicos, selecione a meia dúzia que despertou o seu interesse e busque completar as informações sobre a folha corrida de cada um.
Não esqueça da ração de raiva. Daqui até a eleição no primeiro domingo de outubro, dia 5, o eleitor encontrará o atalho para o voto de protesto, da indignação, da revolta.
Na escolha do candidato, a última encruzilhada: os que tiverem a sorte da sacação de um candidato que encha as medidas votarão com a alma pacificada.
Na dúvida, saia pela portinhola da renovação. Claro, sem abrir a guarda nem afrouxar a desconfiança. O voto no estreante, além de injetar sangue novo no elenco, ajuda à faxina municipal, ensaio para o mutirão estadual e federal de 2010.
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