Dora Kramer
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
A oposição pisa com cuidado, mas já deixa marcas evidentes de que aproveita as eleições municipais para dar os primeiros passos em ritmo explícito de campanha à sucessão presidencial.
Os dois candidatos mais cotados, os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), há algumas semanas trocaram os respectivos expedientes nos Palácios dos Bandeirantes e da Liberdade por vistosos rodopios nas mais importantes capitais, alguns com direito a fotografias conjuntas.
Fazem movimentos semelhantes aos do campo oficial comandado pelo presidente Luiz Inácio da Silva que, a pretexto de prestar ajuda aos petistas candidatos a prefeito, marca a presença da ministra Dilma Rousseff nos palanques mais convenientes. Não necessariamente os mais necessitados.
Serra e Aécio, por exemplo, em evento recente posaram de mãos, braços e sorrisos dados junto ao tucano Beto Richa, candidato cuja reeleição em Curitiba dispensa auxílio externo, com seus 74% na preferência do eleitorado.
Ambos gravam depoimentos de apoio aos aliados, obviamente conscientes de que não influem nem contribuem nas intenções de votos locais, mas convictos da necessidade de pôr seus blocos na rua desde já, se não quiserem entregar a vantagem nas pesquisas (principalmente Serra, o primeiro colocado) aos traiçoeiros cuidados da inércia.
Uma figuração bem estudada, em modelo amigável, de forma a marcar as escaramuças de São Paulo como fato isolado. Basta notar como Aécio pôs o pé no freio nas declarações pró-Geraldo Alckmin, retomou o discurso do “pós-Lula” e Serra vem circulando todo simpático pelos Estados, já ousando uma ou outra manifestação de natureza oposicionista.
Nada que se configure em conflito com o presidente Lula, mas firme o suficiente para estabelecer o contraponto. Ontem mesmo registrou nos jornais sua posição crítica ao governo federal.
Sobre a crise econômica comparou as tentativas de transparecer tranqüilidade absoluta à atitude do regime militar que na crise do petróleo dava garantias sobre a imunidade do Brasil à instabilidade mundial.
A respeito da crescente popularidade do presidente, permitiu-se ironias: “É preciso ver se isso se traduz em efetiva solução dos problemas”.
Além de se mostrar, os candidatos oposicionistas começam também a falar. Não ainda sobre o assunto propriamente dito, pois oficialmente o início da corrida está marcado para meados de 2009.
A respeito disso, falam por intermédio de correligionários - como Gilberto Kassab, que não perde a chance de “lançar” Serra candidato a presidente - ou por vias transversas, deixando “escapar” algumas de suas estratégias.
É o caso, por exemplo, dos comentários cada vez mais insistentes sobre a possibilidade da formação de uma chapa puro-sangue, juntando Serra e Aécio, governadores dos dois maiores colégios eleitorais do País.
O governador paulista é sempre citado como o titular, coisa que, em tempos de posições não enquadradas à disciplina estratégica, suscitaria algum tipo de manifestação de desagrado por parte do governador mineiro, também candidato a presidente, mas lembrado para vice.
Aécio Neves pode até não gostar das referências, mas não desmentiu nenhuma delas. Direta nem indiretamente. Não quer dizer que aceite, mas significa que não lhe interessa alimentar a cizânia nem fomentar as intrigas nesse momento de largada federal ainda disfarçada de movimentação meramente municipal.
Área de serviço
Considerando que os candidatos nanicos que insistem em participar impedindo a realização de debates na televisão não ganham votos nem simpatia com isso, alguma motivação muito consistente certamente os conduz que não o mero exercício da implicância pelo prazer de implicar.
Êxodo
Ouvindo tucanos daqui e dali, das mais diferentes correntes, compreende-se por que no Palácio dos Bandeirantes se garante que Geraldo Alckmin, perdendo ou ganhando, o governador José Serra não vai retaliar. Por desnecessário.
Se não passar para o segundo turno agora, Alckmin terá conseguido a proeza de sair sempre menor a cada nova rodada eleitoral da qual participa e passado da condição de oponente de Lula, em 2006, para a categoria dos políticos de dimensão municipal. Ainda assim, fazendo força para se manter nesse patamar.
Se passar, terá perdido de vez o ar de inocência e a prerrogativa de atuar no papel de vítima para vencer embates internos contra os mais fortes.
Na avaliação corrente no partido, Alckmin errou feio no cálculo: se enfraqueceu para disputar o governo de São Paulo em 2010 e fortaleceu a candidatura presidencial de José Serra.
Entre os defensores da tese, vários são adeptos de última hora. Na primeira, deram a Alckmin a nítida impressão de que qualquer pulo no escuro contaria com forte rede de amparo.
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
A oposição pisa com cuidado, mas já deixa marcas evidentes de que aproveita as eleições municipais para dar os primeiros passos em ritmo explícito de campanha à sucessão presidencial.
Os dois candidatos mais cotados, os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), há algumas semanas trocaram os respectivos expedientes nos Palácios dos Bandeirantes e da Liberdade por vistosos rodopios nas mais importantes capitais, alguns com direito a fotografias conjuntas.
Fazem movimentos semelhantes aos do campo oficial comandado pelo presidente Luiz Inácio da Silva que, a pretexto de prestar ajuda aos petistas candidatos a prefeito, marca a presença da ministra Dilma Rousseff nos palanques mais convenientes. Não necessariamente os mais necessitados.
Serra e Aécio, por exemplo, em evento recente posaram de mãos, braços e sorrisos dados junto ao tucano Beto Richa, candidato cuja reeleição em Curitiba dispensa auxílio externo, com seus 74% na preferência do eleitorado.
Ambos gravam depoimentos de apoio aos aliados, obviamente conscientes de que não influem nem contribuem nas intenções de votos locais, mas convictos da necessidade de pôr seus blocos na rua desde já, se não quiserem entregar a vantagem nas pesquisas (principalmente Serra, o primeiro colocado) aos traiçoeiros cuidados da inércia.
Uma figuração bem estudada, em modelo amigável, de forma a marcar as escaramuças de São Paulo como fato isolado. Basta notar como Aécio pôs o pé no freio nas declarações pró-Geraldo Alckmin, retomou o discurso do “pós-Lula” e Serra vem circulando todo simpático pelos Estados, já ousando uma ou outra manifestação de natureza oposicionista.
Nada que se configure em conflito com o presidente Lula, mas firme o suficiente para estabelecer o contraponto. Ontem mesmo registrou nos jornais sua posição crítica ao governo federal.
Sobre a crise econômica comparou as tentativas de transparecer tranqüilidade absoluta à atitude do regime militar que na crise do petróleo dava garantias sobre a imunidade do Brasil à instabilidade mundial.
A respeito da crescente popularidade do presidente, permitiu-se ironias: “É preciso ver se isso se traduz em efetiva solução dos problemas”.
Além de se mostrar, os candidatos oposicionistas começam também a falar. Não ainda sobre o assunto propriamente dito, pois oficialmente o início da corrida está marcado para meados de 2009.
A respeito disso, falam por intermédio de correligionários - como Gilberto Kassab, que não perde a chance de “lançar” Serra candidato a presidente - ou por vias transversas, deixando “escapar” algumas de suas estratégias.
É o caso, por exemplo, dos comentários cada vez mais insistentes sobre a possibilidade da formação de uma chapa puro-sangue, juntando Serra e Aécio, governadores dos dois maiores colégios eleitorais do País.
O governador paulista é sempre citado como o titular, coisa que, em tempos de posições não enquadradas à disciplina estratégica, suscitaria algum tipo de manifestação de desagrado por parte do governador mineiro, também candidato a presidente, mas lembrado para vice.
Aécio Neves pode até não gostar das referências, mas não desmentiu nenhuma delas. Direta nem indiretamente. Não quer dizer que aceite, mas significa que não lhe interessa alimentar a cizânia nem fomentar as intrigas nesse momento de largada federal ainda disfarçada de movimentação meramente municipal.
Área de serviço
Considerando que os candidatos nanicos que insistem em participar impedindo a realização de debates na televisão não ganham votos nem simpatia com isso, alguma motivação muito consistente certamente os conduz que não o mero exercício da implicância pelo prazer de implicar.
Êxodo
Ouvindo tucanos daqui e dali, das mais diferentes correntes, compreende-se por que no Palácio dos Bandeirantes se garante que Geraldo Alckmin, perdendo ou ganhando, o governador José Serra não vai retaliar. Por desnecessário.
Se não passar para o segundo turno agora, Alckmin terá conseguido a proeza de sair sempre menor a cada nova rodada eleitoral da qual participa e passado da condição de oponente de Lula, em 2006, para a categoria dos políticos de dimensão municipal. Ainda assim, fazendo força para se manter nesse patamar.
Se passar, terá perdido de vez o ar de inocência e a prerrogativa de atuar no papel de vítima para vencer embates internos contra os mais fortes.
Na avaliação corrente no partido, Alckmin errou feio no cálculo: se enfraqueceu para disputar o governo de São Paulo em 2010 e fortaleceu a candidatura presidencial de José Serra.
Entre os defensores da tese, vários são adeptos de última hora. Na primeira, deram a Alckmin a nítida impressão de que qualquer pulo no escuro contaria com forte rede de amparo.
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