Nas Entrelinhas :: Luiz Carlos Azedo
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
O PT deve ter consciência de que a sucessão começou e a legenda hoje, em qualquer cenário, luta para chegar ao segundo turno
Ninguém ganha eleição de véspera, por maior que seja o favoritismo. O governador paulista José Serra (PSDB-SP) sabe disso. Mantém a liderança nas pesquisas e tem o fascínio de quem já exerce a expectativa do poder, mas a eleição está longe ainda e muita água correrá por baixo da ponte. É melhor ter cautela com o “já ganhou”.
Os tucanos
Serra é o primeiro na fila de candidatos ao Palácio do Planalto. Perdeu a eleição para Lula em 2002 e reconstrói, pedra por pedra, o caminho rumo à Praça dos Três Poderes. Primeiro como prefeito de São Paulo, depois como governador paulista. Foi o grande vitorioso nas eleições passadas, quando atropelou o candidato tucano Geraldo Alckmin, com quem dividia a liderança do PSDB, e conseguiu viabilizar a reeleição do prefeito Gilberto Kassab, consolidando sua aliança com o DEM. Agora, se finge de morto e tenta construir pontes junto ao presidente Lula, como nessa operação de venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil. Sinaliza que não pretende fazer um governo de ajuste de contas com os petistas como gostariam tucanos e alguns de seus aliados. Economista, o perfil de Serra parece talhado para comandar o país numa situação de crise econômica mundial.
O problema de Serra se chama Aécio Neves, o governador mineiro que encerra a gestão com altos índices de popularidade. A vitória do prefeito Márcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte, graças ao apoio de Aécio e do prefeito Fernando Pimentel, aponta uma política de alianças de sinal trocado para o PSDB. Aécio propõe uma reaproximação entre tucanos e petistas numa espécie de ponto futuro, no qual faria um governo “pós-Lula”. Aécio encarna o sonho da elite mineira de voltar ao centro do poder político, frustrado duas vezes com as mortes de Juscelino Kubitschek, num desastre de automóvel , ainda nos tempos da ditadura militar; e de Tancredo Neves, avô do governador mineiro, que foi eleito no colégio eleitoral que pôs um ponto final ao regime autoritário e faleceu antes da posse. O governador de Minas é um candidato viável eleitoralmente, mas sem legenda para concorrer. Tem que escolher entre sair do PSDB ou desistir da candidatura à Presidência em 2010.
Os petistas
Outro pólo da sucessão de 2010 é o PT, que tem o poder mas não dispõe de um candidato competitivo, nem aceita apoiar um aliado. A candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, inventada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até agora não decolou. Entre os aliados do governo no Congresso, a avaliação é a de que Dilma é uma candidata para perder. Com o apoio de Lula, porém, ela tem plenas condições de consolidar sua candidatura no PT. Isso ocorre porque a ex-ministra do Turismo Marta Suplicy foi derrotada nas eleições para a prefeitura de São Paulo. O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci (PT-SP) também está fora do jogo por causa do processo no qual é acusado de violar o sigilo bancário de um caseiro. Para as lideranças petistas, principalmente paulistas, ambos seriam melhor opção do que Dilma, cujo carro-chefe de campanha andará mais devagar por causa da crise econômica mundial: o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
As outras alternativas são improváveis devido à cultura petista. A primeira seria mudar radicalmente o jogo e investir na candidatura do ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PSB), que se mantém como um nome competitivo eleitoralmente, mas está cada vez mais isolado na base governista e nunca foi aceito pelo PT. A segunda, buscar uma aproximação com Aécio Neves, nos termos propostos pelo prefeito Fernando Pimentel, de Belo Horizonte. Quando a cúpula do PMDB investe na filiação de Aécio, como fizeram o presidente da legenda, deputado Michel Temer (PMDB-SP), e o líder da bancada na Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), sonha com o melhor dos mundos: manter a legenda no governo durante a campanha de 2010, consolidar a aliança com o PT e indicar o candidato a sucessor de Lula. O problema é que ninguém confia no PMDB, nem mesmo Aécio.
Vítima de suas idiossincrasias e longe do poder, o ex-deputado cassado José Dirceu parecer ser o primeiro líder petista a cair na real. Para ele, o PT deve ter consciência de que a sucessão começou e a legenda hoje, em qualquer cenário, luta para chegar ao segundo turno. “Esse já é o quadro real — um cenário com quatro candidaturas ao Palácio do Planalto: a do PT, provavelmente a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff; a do PMDB, Aécio Neves; a do PSDB, José Serra; e, por fim, a do PSB, o deputado Ciro Gomes (CE). Sem falar na hipótese de uma chapa tucana Serra-Aécio, com um candidato do DEM a governador de São Paulo. Há, ainda, a possibilidade real de uma aliança Aécio-PSB com o deputado Ciro Gomes de candidato a vice-presidente”, prevê Dirceu em seu blog.
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
O PT deve ter consciência de que a sucessão começou e a legenda hoje, em qualquer cenário, luta para chegar ao segundo turno
Ninguém ganha eleição de véspera, por maior que seja o favoritismo. O governador paulista José Serra (PSDB-SP) sabe disso. Mantém a liderança nas pesquisas e tem o fascínio de quem já exerce a expectativa do poder, mas a eleição está longe ainda e muita água correrá por baixo da ponte. É melhor ter cautela com o “já ganhou”.
Os tucanos
Serra é o primeiro na fila de candidatos ao Palácio do Planalto. Perdeu a eleição para Lula em 2002 e reconstrói, pedra por pedra, o caminho rumo à Praça dos Três Poderes. Primeiro como prefeito de São Paulo, depois como governador paulista. Foi o grande vitorioso nas eleições passadas, quando atropelou o candidato tucano Geraldo Alckmin, com quem dividia a liderança do PSDB, e conseguiu viabilizar a reeleição do prefeito Gilberto Kassab, consolidando sua aliança com o DEM. Agora, se finge de morto e tenta construir pontes junto ao presidente Lula, como nessa operação de venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil. Sinaliza que não pretende fazer um governo de ajuste de contas com os petistas como gostariam tucanos e alguns de seus aliados. Economista, o perfil de Serra parece talhado para comandar o país numa situação de crise econômica mundial.
O problema de Serra se chama Aécio Neves, o governador mineiro que encerra a gestão com altos índices de popularidade. A vitória do prefeito Márcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte, graças ao apoio de Aécio e do prefeito Fernando Pimentel, aponta uma política de alianças de sinal trocado para o PSDB. Aécio propõe uma reaproximação entre tucanos e petistas numa espécie de ponto futuro, no qual faria um governo “pós-Lula”. Aécio encarna o sonho da elite mineira de voltar ao centro do poder político, frustrado duas vezes com as mortes de Juscelino Kubitschek, num desastre de automóvel , ainda nos tempos da ditadura militar; e de Tancredo Neves, avô do governador mineiro, que foi eleito no colégio eleitoral que pôs um ponto final ao regime autoritário e faleceu antes da posse. O governador de Minas é um candidato viável eleitoralmente, mas sem legenda para concorrer. Tem que escolher entre sair do PSDB ou desistir da candidatura à Presidência em 2010.
Os petistas
Outro pólo da sucessão de 2010 é o PT, que tem o poder mas não dispõe de um candidato competitivo, nem aceita apoiar um aliado. A candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, inventada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até agora não decolou. Entre os aliados do governo no Congresso, a avaliação é a de que Dilma é uma candidata para perder. Com o apoio de Lula, porém, ela tem plenas condições de consolidar sua candidatura no PT. Isso ocorre porque a ex-ministra do Turismo Marta Suplicy foi derrotada nas eleições para a prefeitura de São Paulo. O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci (PT-SP) também está fora do jogo por causa do processo no qual é acusado de violar o sigilo bancário de um caseiro. Para as lideranças petistas, principalmente paulistas, ambos seriam melhor opção do que Dilma, cujo carro-chefe de campanha andará mais devagar por causa da crise econômica mundial: o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
As outras alternativas são improváveis devido à cultura petista. A primeira seria mudar radicalmente o jogo e investir na candidatura do ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PSB), que se mantém como um nome competitivo eleitoralmente, mas está cada vez mais isolado na base governista e nunca foi aceito pelo PT. A segunda, buscar uma aproximação com Aécio Neves, nos termos propostos pelo prefeito Fernando Pimentel, de Belo Horizonte. Quando a cúpula do PMDB investe na filiação de Aécio, como fizeram o presidente da legenda, deputado Michel Temer (PMDB-SP), e o líder da bancada na Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), sonha com o melhor dos mundos: manter a legenda no governo durante a campanha de 2010, consolidar a aliança com o PT e indicar o candidato a sucessor de Lula. O problema é que ninguém confia no PMDB, nem mesmo Aécio.
Vítima de suas idiossincrasias e longe do poder, o ex-deputado cassado José Dirceu parecer ser o primeiro líder petista a cair na real. Para ele, o PT deve ter consciência de que a sucessão começou e a legenda hoje, em qualquer cenário, luta para chegar ao segundo turno. “Esse já é o quadro real — um cenário com quatro candidaturas ao Palácio do Planalto: a do PT, provavelmente a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff; a do PMDB, Aécio Neves; a do PSDB, José Serra; e, por fim, a do PSB, o deputado Ciro Gomes (CE). Sem falar na hipótese de uma chapa tucana Serra-Aécio, com um candidato do DEM a governador de São Paulo. Há, ainda, a possibilidade real de uma aliança Aécio-PSB com o deputado Ciro Gomes de candidato a vice-presidente”, prevê Dirceu em seu blog.
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