Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL
Talvez não seja o melhor momento para uma primeira e cautelosa tentativa de avaliação das repercussões políticas da calamidade que assola Santa Catarina e castiga o Espírito Santo e o estado do Rio, quando as abnegadas equipes de socorro ainda buscam encontrar dezenas de pessoas desaparecidas e os milhares de desabrigados que perderam tudo e não sabem como emendar o fio da vida.
Mas, acredito que seja preferível trincar os dentes e avançar do que esconder o rosto para não enxergar a realidade. É de uma evidência transparente que o presidente Lula terá que rever todo o seu esquema tático de campanha, centrado na prioridade assumida e confirmada da eleição da ministra Dilma Rousseff para sua sucessora nas urnas de 2010.
Além da antecipação que agora se revela como temerária, o presidente terá de rever datas e táticas, e recomeçar abaixo do zero. Com as obras de reconstrução de uma imensa e próspera faixa do nosso território, o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, talismã da candidata oficiosa, passa a segundo plano. Ou, na mais lisonjeira das hipóteses, dividirá a prioridade com uma enxuta listagem de obras de absoluta e indiscutível urgência.
Mas, o mutirão que desafia o governo é de intimidar o maior ministério da gastança de todos os tempos, com exageros que raspam na leviandade. Os 37 ministros, em sua maioria, são tão desconhecidos da população como o que fazem. O que se sabe por alto é o custo exorbitante do monstrengo, que poderia ser reduzido à metade.
Quando o National Bureau of Economic Research, com o seu aparato técnico, anuncia aos quatro cantos que a recessão nos Estados Unidos já vem se arrastando por meses, com a produção desacelerada, o crescimento dos índices de desemprego e a estagnação dos salários, o silvo de alarme dá a volta ao mundo.
Na mídia, todos os dias a cota de advertência cutuca os desatentos. Inútil querer jogar para a platéia com a bola quadrada.
A buraqueira no cronograma de obra do PAC, em Santa Catarina, vai exigir, tão logo soe a hora de refazer as contas, não apenas créditos milionários para o reparo do que as enchentes levaram de água abaixo, mas a retomada do cronograma do PAC, com os seus reajustes. Durante todo o mês de novembro, em Florianópolis, Vale do Itajaí, Blumenau e amplas áreas da região, além do socorro às vítimas, com a ajuda do movimento de solidariedade que mobilizou o país, o balanço das obras destruídas dobra o desafio para o mutirão que, na primeira etapa, apenas cuidará de recompor o que estava em obras e virou monturo.
Durante o ano, os tratores ficaram 100 dias parados nos atoleiros das rodovias estaduais. Em reverência à verdade, o Departamento de Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (Dnit-SC) torna pública a sua frustração: a meta de fechar o ano com 70% das obras do PAC concluídas encolheu para 50%.
E o governo, sentindo a ardência do risco de uma degringolada nos índices recordistas de popularidade do presidente Lula, abre o cofre, que não é hora de pensar em economia. Até onde a vista alcança, novos cenários ampliam o horror da tragédia. Os portos de Itajaí e Navegantes, responsáveis por 4% das exportações brasileiras, somam perdas no total de US$ 370 milhões, no ritmo de US$ 31 milhões por dia.
O governo está perdido, ou zonzo, frente a um quadro que se desmancha diante de seus olhos, como se a tinta escorresse pela tela.
E não há como remendar os rombos antes que a normalidade seja restaurada.
DEU NO JORNAL DO BRASIL
Talvez não seja o melhor momento para uma primeira e cautelosa tentativa de avaliação das repercussões políticas da calamidade que assola Santa Catarina e castiga o Espírito Santo e o estado do Rio, quando as abnegadas equipes de socorro ainda buscam encontrar dezenas de pessoas desaparecidas e os milhares de desabrigados que perderam tudo e não sabem como emendar o fio da vida.
Mas, acredito que seja preferível trincar os dentes e avançar do que esconder o rosto para não enxergar a realidade. É de uma evidência transparente que o presidente Lula terá que rever todo o seu esquema tático de campanha, centrado na prioridade assumida e confirmada da eleição da ministra Dilma Rousseff para sua sucessora nas urnas de 2010.
Além da antecipação que agora se revela como temerária, o presidente terá de rever datas e táticas, e recomeçar abaixo do zero. Com as obras de reconstrução de uma imensa e próspera faixa do nosso território, o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, talismã da candidata oficiosa, passa a segundo plano. Ou, na mais lisonjeira das hipóteses, dividirá a prioridade com uma enxuta listagem de obras de absoluta e indiscutível urgência.
Mas, o mutirão que desafia o governo é de intimidar o maior ministério da gastança de todos os tempos, com exageros que raspam na leviandade. Os 37 ministros, em sua maioria, são tão desconhecidos da população como o que fazem. O que se sabe por alto é o custo exorbitante do monstrengo, que poderia ser reduzido à metade.
Quando o National Bureau of Economic Research, com o seu aparato técnico, anuncia aos quatro cantos que a recessão nos Estados Unidos já vem se arrastando por meses, com a produção desacelerada, o crescimento dos índices de desemprego e a estagnação dos salários, o silvo de alarme dá a volta ao mundo.
Na mídia, todos os dias a cota de advertência cutuca os desatentos. Inútil querer jogar para a platéia com a bola quadrada.
A buraqueira no cronograma de obra do PAC, em Santa Catarina, vai exigir, tão logo soe a hora de refazer as contas, não apenas créditos milionários para o reparo do que as enchentes levaram de água abaixo, mas a retomada do cronograma do PAC, com os seus reajustes. Durante todo o mês de novembro, em Florianópolis, Vale do Itajaí, Blumenau e amplas áreas da região, além do socorro às vítimas, com a ajuda do movimento de solidariedade que mobilizou o país, o balanço das obras destruídas dobra o desafio para o mutirão que, na primeira etapa, apenas cuidará de recompor o que estava em obras e virou monturo.
Durante o ano, os tratores ficaram 100 dias parados nos atoleiros das rodovias estaduais. Em reverência à verdade, o Departamento de Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (Dnit-SC) torna pública a sua frustração: a meta de fechar o ano com 70% das obras do PAC concluídas encolheu para 50%.
E o governo, sentindo a ardência do risco de uma degringolada nos índices recordistas de popularidade do presidente Lula, abre o cofre, que não é hora de pensar em economia. Até onde a vista alcança, novos cenários ampliam o horror da tragédia. Os portos de Itajaí e Navegantes, responsáveis por 4% das exportações brasileiras, somam perdas no total de US$ 370 milhões, no ritmo de US$ 31 milhões por dia.
O governo está perdido, ou zonzo, frente a um quadro que se desmancha diante de seus olhos, como se a tinta escorresse pela tela.
E não há como remendar os rombos antes que a normalidade seja restaurada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário