Ricardo Melo
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - Não adianta ministro espernear e o presidente reclamar. Mantidas as regras do jogo, o volume de demissões daqui para frente só tende a crescer. Na lógica do mercado, a conta é simples: se as vendas caem, o crédito diminui e a crise internacional corre solta, a ordem do dia em qualquer empresa é cortar custos. E, na contabilidade fria dos executivos e dos consultores que sobrevoam o chão de fábrica, emprego é custo, e estamos conversados. A Fiesp que o diga: aceita reduzir salário e jornada, mas não oferece garantia de emprego.
Bafejado pelo vento supostamente a favor da economia mundial, o governo Lula pôde acender uma vela a Deus e outra ao diabo nestes últimos anos. Manteve os juros lá em cima para alegria dos banqueiros, engordou a conta bancária do empresariado graúdo e, ao mesmo tempo, distribuiu o Bolsa Família para tirar milhões de brasileiros da condição de miséria absoluta.
O desafio é mexer nas regras do jogo, e para que lado. Até agora, Brasília só tem beneficiado o pessoal de cima. Menos imposto, mais prazo para pagar tributos, injeção de dinheiro do BNDES, malabarismos financeiros para salvar bancos -o pessoal da avenida Paulista não tem muito do que se queixar.
Depois que a bolha furou e as vacas emagreceram, o governo pode manter a linha de deixar privatizar lucros e mandar socializar prejuízos, como vem prevalecendo até aqui. Mas pode também forçar o pessoal endinheirado a colaborar um pouco na travessia do deserto.
As montadoras bem que podiam dar o exemplo. Uma olhada nos dados da Anfavea indica que, excluída a rubrica de máquinas agrícolas e automotrizes, o setor, em 1991, empregava cerca de 110 mil pessoas para produzir 960 mil veículos. Já no ano passado, com praticamante o mesmo número de funcionários, as empresas fabricaram nada mais, nada menos que 3,2 milhões de unidades. O ganho espantoso de produtividade, tenha certeza, não foi parar no bolso dos trabalhadores.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - Não adianta ministro espernear e o presidente reclamar. Mantidas as regras do jogo, o volume de demissões daqui para frente só tende a crescer. Na lógica do mercado, a conta é simples: se as vendas caem, o crédito diminui e a crise internacional corre solta, a ordem do dia em qualquer empresa é cortar custos. E, na contabilidade fria dos executivos e dos consultores que sobrevoam o chão de fábrica, emprego é custo, e estamos conversados. A Fiesp que o diga: aceita reduzir salário e jornada, mas não oferece garantia de emprego.
Bafejado pelo vento supostamente a favor da economia mundial, o governo Lula pôde acender uma vela a Deus e outra ao diabo nestes últimos anos. Manteve os juros lá em cima para alegria dos banqueiros, engordou a conta bancária do empresariado graúdo e, ao mesmo tempo, distribuiu o Bolsa Família para tirar milhões de brasileiros da condição de miséria absoluta.
O desafio é mexer nas regras do jogo, e para que lado. Até agora, Brasília só tem beneficiado o pessoal de cima. Menos imposto, mais prazo para pagar tributos, injeção de dinheiro do BNDES, malabarismos financeiros para salvar bancos -o pessoal da avenida Paulista não tem muito do que se queixar.
Depois que a bolha furou e as vacas emagreceram, o governo pode manter a linha de deixar privatizar lucros e mandar socializar prejuízos, como vem prevalecendo até aqui. Mas pode também forçar o pessoal endinheirado a colaborar um pouco na travessia do deserto.
As montadoras bem que podiam dar o exemplo. Uma olhada nos dados da Anfavea indica que, excluída a rubrica de máquinas agrícolas e automotrizes, o setor, em 1991, empregava cerca de 110 mil pessoas para produzir 960 mil veículos. Já no ano passado, com praticamante o mesmo número de funcionários, as empresas fabricaram nada mais, nada menos que 3,2 milhões de unidades. O ganho espantoso de produtividade, tenha certeza, não foi parar no bolso dos trabalhadores.
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