Jarbas de Holanda
Jornalista
Os discretos sinais emitidos anteriormente por Lula em favor da indicação de Antonio Palocci para a disputa do governo paulista pelo PT foram substituídos na semana passada por clara recomendação da candidatura do ex-ministro da Fazenda às lideranças estaduais da legenda. A partir de conversa dele com o senador Aloísio Mercadante, que, decerto, como um dos postulantes à indicação, ficou chocado com a iniciativa do presidente. A essa conversa seguiram-se informações da imprensa de que a recomendação recebeu apoio da ala liderada por Marta Suplicy e do ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
Mas circularam também notícias sobre a articulação de resistências a Palocci, ostensivamente por parte de deputado José Eduardo Cardoso, secretário nacional do partido e ligado ao ministro Tarso Genro, procurando envolver outros nomes de possíveis candidatos – o prefeito de Osasco, Emídio Souza, o ex-prefeito de Guarulhos, Eloi Pietá, o ex-presidente da Câmara Federal, Arlindo Chinaglia.Tais resistências baseiam-se na vulnerabilidade de Palocci a fortes ataques de natureza ética na campanha eleitoral, mesmo que o STF rejeite o pedido do Ministério Público de processo contra ele pelo caso da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. O que inviabilizaria a realização pelo PT de uma campanha eleitoral ofensiva – considerada importante para a recuperação do partido das grandes derrotas sofridas nos últimos anos no estado e na capital de São Paulo – contra o adversário a ser lançado pelo PSDB.
Tratando dessas resistências, o jornalista Raymundo Costa, do Valor, em sua coluna de ontem, aponta – atribuindo à parte da cúpula estadual petista – o que pode constituir mera manobra de bloqueio à indicação de Palocci, ou a proposta de um processo gradativo de superação do risco eleitoral que a candidatura dele representará. “Para a reabilitação de Palocci – assinala a coluna – o PT acha que ele precisa (depois de isentado, se for, pelo STF) de uma ‘nova missão que possa inseri-lo em alguma coisa positiva e de forte interação com a sociedade’. A ‘nova missão’ seria a chefia da Casa Civil, com a liberação de Dilma Rousseff, em outro ministério, para a campanha sucessória. Bem sucedido numa volta por cima no núcleo do Palácio do Planalto, Palocci poderia ser candidato, ou não, a governador de São Paulo, segundo a proposta.
A qual, porém, teria de ser vendida ao presidente Lula, que não parece interessado nela. Pois a sua avaliação pessoal é que Palocci, isentado pelo STF do envolvimento na quebra do sigilo do caseiro (no que está postando), será o melhor candidato, ou o único realmente competitivo, que o PT poderá apresentar em São Paulo. Pelo seu amplo reconhecimento como administrador competente e pragmático, no comando que exerceu da política econômica do governo. O que lhe confere uma imagem positiva, bem diversa da do esquerdismo petista – de alternativas como Mercadante ou Marta Suplicy – claramente minoritária no eleitorado de São Paulo. E lhe propiciaria bom relacionamento com os círculos empresariais e uma disputa equilibrada do voto das camadas médias contra o adversário tucano, seja Geraldo Alckmin ou Aloysio Nunes Ferreira. E, nos cálculos do presidente, a dimensão popular de Palocci seria proporcionada pela condição de candidato do lulismo e intimamente vinculado à campanha de Dilma Rousseff. Embora tudo isso esteja, de fato, na dependência de decisão do STF sobre a grave imputação que pesa sobre ele; da avaliação que a própria sociedade fará a respeito, se ele for o candidato; da postura do eleitorado paulista no embate presidencial simultâneo (após duas derrotas do próprio Lula); dos efeitos políticos da crise econômica, que seguem representando a grande incógnita condicionante das composições partidárias para a sucessão presidencial e as disputas estaduais de maior peso.
Os discretos sinais emitidos anteriormente por Lula em favor da indicação de Antonio Palocci para a disputa do governo paulista pelo PT foram substituídos na semana passada por clara recomendação da candidatura do ex-ministro da Fazenda às lideranças estaduais da legenda. A partir de conversa dele com o senador Aloísio Mercadante, que, decerto, como um dos postulantes à indicação, ficou chocado com a iniciativa do presidente. A essa conversa seguiram-se informações da imprensa de que a recomendação recebeu apoio da ala liderada por Marta Suplicy e do ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
Mas circularam também notícias sobre a articulação de resistências a Palocci, ostensivamente por parte de deputado José Eduardo Cardoso, secretário nacional do partido e ligado ao ministro Tarso Genro, procurando envolver outros nomes de possíveis candidatos – o prefeito de Osasco, Emídio Souza, o ex-prefeito de Guarulhos, Eloi Pietá, o ex-presidente da Câmara Federal, Arlindo Chinaglia.Tais resistências baseiam-se na vulnerabilidade de Palocci a fortes ataques de natureza ética na campanha eleitoral, mesmo que o STF rejeite o pedido do Ministério Público de processo contra ele pelo caso da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. O que inviabilizaria a realização pelo PT de uma campanha eleitoral ofensiva – considerada importante para a recuperação do partido das grandes derrotas sofridas nos últimos anos no estado e na capital de São Paulo – contra o adversário a ser lançado pelo PSDB.
Tratando dessas resistências, o jornalista Raymundo Costa, do Valor, em sua coluna de ontem, aponta – atribuindo à parte da cúpula estadual petista – o que pode constituir mera manobra de bloqueio à indicação de Palocci, ou a proposta de um processo gradativo de superação do risco eleitoral que a candidatura dele representará. “Para a reabilitação de Palocci – assinala a coluna – o PT acha que ele precisa (depois de isentado, se for, pelo STF) de uma ‘nova missão que possa inseri-lo em alguma coisa positiva e de forte interação com a sociedade’. A ‘nova missão’ seria a chefia da Casa Civil, com a liberação de Dilma Rousseff, em outro ministério, para a campanha sucessória. Bem sucedido numa volta por cima no núcleo do Palácio do Planalto, Palocci poderia ser candidato, ou não, a governador de São Paulo, segundo a proposta.
A qual, porém, teria de ser vendida ao presidente Lula, que não parece interessado nela. Pois a sua avaliação pessoal é que Palocci, isentado pelo STF do envolvimento na quebra do sigilo do caseiro (no que está postando), será o melhor candidato, ou o único realmente competitivo, que o PT poderá apresentar em São Paulo. Pelo seu amplo reconhecimento como administrador competente e pragmático, no comando que exerceu da política econômica do governo. O que lhe confere uma imagem positiva, bem diversa da do esquerdismo petista – de alternativas como Mercadante ou Marta Suplicy – claramente minoritária no eleitorado de São Paulo. E lhe propiciaria bom relacionamento com os círculos empresariais e uma disputa equilibrada do voto das camadas médias contra o adversário tucano, seja Geraldo Alckmin ou Aloysio Nunes Ferreira. E, nos cálculos do presidente, a dimensão popular de Palocci seria proporcionada pela condição de candidato do lulismo e intimamente vinculado à campanha de Dilma Rousseff. Embora tudo isso esteja, de fato, na dependência de decisão do STF sobre a grave imputação que pesa sobre ele; da avaliação que a própria sociedade fará a respeito, se ele for o candidato; da postura do eleitorado paulista no embate presidencial simultâneo (após duas derrotas do próprio Lula); dos efeitos políticos da crise econômica, que seguem representando a grande incógnita condicionante das composições partidárias para a sucessão presidencial e as disputas estaduais de maior peso.
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