Jarbas de Holanda
Jornalista
A perspectiva de apoio dos petistas de Minas Gerais à candidatura do ministro das Comunicações Hélio Costa, do PMDB, na disputa do governo local, com o sacrifício de nomes competitivos do PT como Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, e Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social, tema de reportagem do Valor, de ontem (na qual é assinalado que na composição caberia aos primeiros a indicação dos candidatos a vice-governador e a uma das vagas no Senado), essa perspectiva é exemplar do papel subalterno nas disputas estaduais de 2010 que o PT terá de aceitar a fim de que se torne possível o que o presidente Lula considera decisivo para uma bem sucedida campanha de Dilma Rousseff – a aliança formal com o PMDB. Vantagem de Hélio Costa para encabeçar tal composição: ele aparece bem à frente dos dois petistas em pesquisa do Datafolha feita na semana passada.
Subordinação semelhante do PT às iniciativas de Lula para viabilizar essa aliança já aponta para apoio à reeleição ao governo do estado do Rio do peemedebista Sérgio Cabral, com o bloqueio da pré-candidatura do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. E poderá vir a ser admitida e encaminhada pelo Palácio do Planalto até mesmo da Bahia, se esse vier a ser o preço cobrado pelo ministro da Integração Geddel Vieira Lima, para assumir a referida aliança. Excluem-se de esforços nesse sentido, entre os estados de maior peso político, o Rio Grande do Sul, que segue dominado por histórico conflito entre o PT de Olívio Dutra e Tarso Genro e o PMDB de José Fogaça e Germano Rigotto, bem como São Paulo, onde o que pode ser tentado para debilitar a firme composição de Orestes Quércia com o governador e presidenciável tucano José Serra será uma candidatura de Michel Temer como vice de Dilma Rousseff. Até porque no estado é muito precário o fôlego eleitoral de qualquer concorrente do PT.
A centralidade, para o Planalto, da campanha de Dilma implicará também subordinação do PT a concorrentes de outros partidos a governos estaduais. É o que ocorrerá em Pernambuco onde o presidente Lula já acertou e proclamou seu aval à reeleição de Eduardo Campos, do PSB, com o descarte da candidatura do ex-prefeito do Recife, João Paulo. E igualmente no Ceará, onde a prefeita de Fortaleza, Maria Luiza Fontenelle, terá de comprometer-se com a reeleição de Ciro Gomes, do PSB, e o nome do deputado peemedebista Eurício Oliveira para o Senado.
O forte condicionamento do PT evidente nas articulações dirigidas por Lula para a montagem das alianças para a campanha de Dilma Rousseff, especialmente daquelas ligadas à busca de apoio do PMDB, desmontam os projetos petistas de avanço no Sul e no Sudeste e em estados importantes do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. O que deve estar suscitando agudo conflito interno entre os que defendem a afirmação do partido nos processos eleitorais e aqueles que privilegiam a relação com o governo, o cálculo de mantê-la com uma possível vitória de Dilma e, sobretudo, a perspectiva de que a vitória dela propicie um retorno de Lula no pleito presidencial seguinte. Como foi bem explicitado pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, em reunião de lideranças partidárias realizada anteontem em Osasco: “Se o neoliberalismo voltar vai ser um retrocesso enorme. Fora isso, eles vão salgar a terra e inviabilizar o retorno de Lula em 2014”
Mas o ingrediente básico desse condicionamento – a necessidade de subordinação dos petistas aos interesses de lideranças regionais do PMDB – poderá ser retirado da receita tática do presidente Lula se ao longo da montagem das alianças, para a disputa maior do ano vindouro, as duas alas do principal partido da base governista acabarem por resolver não assumir o projeto eleitoral lulista, deslocando-se para a candidatura oposicionista, ou partindo para a alternativa de candidatura própria, esta até agora avaliada como improvável. Cenário cuja viabilidade dependerá de dois fatores. Primeiro, os desdobramentos da crise econômica e dos efeitos que ela possa ter. Segundo a postura das principais lideranças oposicionistas, entre elas os governadores José Serra e Aécio Neves, diante das opções da busca de apoio formal do PMDB (das suas duas alas) em 2010 e de aposta na fragmentação dele. Nesta hipótese, favorecendo o envolvimento do partido com o lulismo e potencializando a campanha de sua candidata.
Jornalista
A perspectiva de apoio dos petistas de Minas Gerais à candidatura do ministro das Comunicações Hélio Costa, do PMDB, na disputa do governo local, com o sacrifício de nomes competitivos do PT como Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, e Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social, tema de reportagem do Valor, de ontem (na qual é assinalado que na composição caberia aos primeiros a indicação dos candidatos a vice-governador e a uma das vagas no Senado), essa perspectiva é exemplar do papel subalterno nas disputas estaduais de 2010 que o PT terá de aceitar a fim de que se torne possível o que o presidente Lula considera decisivo para uma bem sucedida campanha de Dilma Rousseff – a aliança formal com o PMDB. Vantagem de Hélio Costa para encabeçar tal composição: ele aparece bem à frente dos dois petistas em pesquisa do Datafolha feita na semana passada.
Subordinação semelhante do PT às iniciativas de Lula para viabilizar essa aliança já aponta para apoio à reeleição ao governo do estado do Rio do peemedebista Sérgio Cabral, com o bloqueio da pré-candidatura do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. E poderá vir a ser admitida e encaminhada pelo Palácio do Planalto até mesmo da Bahia, se esse vier a ser o preço cobrado pelo ministro da Integração Geddel Vieira Lima, para assumir a referida aliança. Excluem-se de esforços nesse sentido, entre os estados de maior peso político, o Rio Grande do Sul, que segue dominado por histórico conflito entre o PT de Olívio Dutra e Tarso Genro e o PMDB de José Fogaça e Germano Rigotto, bem como São Paulo, onde o que pode ser tentado para debilitar a firme composição de Orestes Quércia com o governador e presidenciável tucano José Serra será uma candidatura de Michel Temer como vice de Dilma Rousseff. Até porque no estado é muito precário o fôlego eleitoral de qualquer concorrente do PT.
A centralidade, para o Planalto, da campanha de Dilma implicará também subordinação do PT a concorrentes de outros partidos a governos estaduais. É o que ocorrerá em Pernambuco onde o presidente Lula já acertou e proclamou seu aval à reeleição de Eduardo Campos, do PSB, com o descarte da candidatura do ex-prefeito do Recife, João Paulo. E igualmente no Ceará, onde a prefeita de Fortaleza, Maria Luiza Fontenelle, terá de comprometer-se com a reeleição de Ciro Gomes, do PSB, e o nome do deputado peemedebista Eurício Oliveira para o Senado.
O forte condicionamento do PT evidente nas articulações dirigidas por Lula para a montagem das alianças para a campanha de Dilma Rousseff, especialmente daquelas ligadas à busca de apoio do PMDB, desmontam os projetos petistas de avanço no Sul e no Sudeste e em estados importantes do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. O que deve estar suscitando agudo conflito interno entre os que defendem a afirmação do partido nos processos eleitorais e aqueles que privilegiam a relação com o governo, o cálculo de mantê-la com uma possível vitória de Dilma e, sobretudo, a perspectiva de que a vitória dela propicie um retorno de Lula no pleito presidencial seguinte. Como foi bem explicitado pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, em reunião de lideranças partidárias realizada anteontem em Osasco: “Se o neoliberalismo voltar vai ser um retrocesso enorme. Fora isso, eles vão salgar a terra e inviabilizar o retorno de Lula em 2014”
Mas o ingrediente básico desse condicionamento – a necessidade de subordinação dos petistas aos interesses de lideranças regionais do PMDB – poderá ser retirado da receita tática do presidente Lula se ao longo da montagem das alianças, para a disputa maior do ano vindouro, as duas alas do principal partido da base governista acabarem por resolver não assumir o projeto eleitoral lulista, deslocando-se para a candidatura oposicionista, ou partindo para a alternativa de candidatura própria, esta até agora avaliada como improvável. Cenário cuja viabilidade dependerá de dois fatores. Primeiro, os desdobramentos da crise econômica e dos efeitos que ela possa ter. Segundo a postura das principais lideranças oposicionistas, entre elas os governadores José Serra e Aécio Neves, diante das opções da busca de apoio formal do PMDB (das suas duas alas) em 2010 e de aposta na fragmentação dele. Nesta hipótese, favorecendo o envolvimento do partido com o lulismo e potencializando a campanha de sua candidata.
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