Cesar Maia
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
TRÊS PESQUISAS -Datafolha, Sensus e Ibope- reforçaram seus resultados. Após oito meses de uma grave crise econômica, a avaliação de Lula volta a crescer. O mais intrigante é a percepção dos brasileiros sobre a crise, que é melhor que em março. Em alguns itens, muito melhor.
Não há indicador econômico que permita chegar a essa conclusão.
As consequências da crise continuaram a avançar. Que razões explicam essa reação da opinião publica? Registre-se que tanto a avaliação de Lula como a percepção dos fatores econômicos se deram em todas as regiões do país, mas não chegaram aos governadores.
Podem-se destacar seis elementos explicativos. O primeiro é a menor intensidade das informações publicadas. À medida que elas são percebidas como parecidas, mantê-las em destaque contrariaria a lógica da renovação do noticiário.
O segundo: depois de um ciclo de três anos de crescimento econômico e de seus efeitos positivos sobre o emprego e renda/consumo, é a esperada torcida para que a crise passe logo.
O terceiro elemento é a própria natureza empresarial dos meios de comunicação, que são parte da crise, com a redução dos patrocínios, da circulação e da audiência. Por isso mesmo, as boas notícias e as previsões otimistas de economistas, empresários e políticos ganham destaque, e as más noticias são deslocadas para os cadernos econômicos. O multiplicador dos fatos negativos tem, assim, a sua aceleração reduzida.
Lula é o quarto elemento. Em seu conhecido voluntarismo, optou por minimizar a crise ("marolinha") desde o início. Ao contrário dos líderes europeus e norte-americanos, que sinalizaram para um aumento defensivo da poupança, Lula estimulou o consumo, que, mesmo não tendo vindo, se ajustou ao discurso otimista. Com isso, vestiu o traje de protetor do povo contra a crise (externa) -o que, aliás, sempre lhe coube muito bem.
O quinto elemento é que, num terceiro ano, pré-eleitoral, os governos, federal e estaduais, diante de uma crise imprevisível e dos seus riscos políticos, aceleraram os gastos publicitários.
E, finalmente, é importante lembrar que, desde 2006, pós-mensalão, o governo federal passou a ter um forte vetor publicitário direcionado à imprensa das cidades menores, especialmente em polos. A grande imprensa -exceção à TV- não circula nessas cidades. E o custo para o governo dessa sustentação é pequeno. Com isso, foi construída uma enorme rede capilar.
A sinergia desses seis elementos ajuda a explicar as pesquisas. A questão de sua sustentabilidade depende do acerto ou não das previsões otimistas e de suas relações com o cotidiano das pessoas.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
TRÊS PESQUISAS -Datafolha, Sensus e Ibope- reforçaram seus resultados. Após oito meses de uma grave crise econômica, a avaliação de Lula volta a crescer. O mais intrigante é a percepção dos brasileiros sobre a crise, que é melhor que em março. Em alguns itens, muito melhor.
Não há indicador econômico que permita chegar a essa conclusão.
As consequências da crise continuaram a avançar. Que razões explicam essa reação da opinião publica? Registre-se que tanto a avaliação de Lula como a percepção dos fatores econômicos se deram em todas as regiões do país, mas não chegaram aos governadores.
Podem-se destacar seis elementos explicativos. O primeiro é a menor intensidade das informações publicadas. À medida que elas são percebidas como parecidas, mantê-las em destaque contrariaria a lógica da renovação do noticiário.
O segundo: depois de um ciclo de três anos de crescimento econômico e de seus efeitos positivos sobre o emprego e renda/consumo, é a esperada torcida para que a crise passe logo.
O terceiro elemento é a própria natureza empresarial dos meios de comunicação, que são parte da crise, com a redução dos patrocínios, da circulação e da audiência. Por isso mesmo, as boas notícias e as previsões otimistas de economistas, empresários e políticos ganham destaque, e as más noticias são deslocadas para os cadernos econômicos. O multiplicador dos fatos negativos tem, assim, a sua aceleração reduzida.
Lula é o quarto elemento. Em seu conhecido voluntarismo, optou por minimizar a crise ("marolinha") desde o início. Ao contrário dos líderes europeus e norte-americanos, que sinalizaram para um aumento defensivo da poupança, Lula estimulou o consumo, que, mesmo não tendo vindo, se ajustou ao discurso otimista. Com isso, vestiu o traje de protetor do povo contra a crise (externa) -o que, aliás, sempre lhe coube muito bem.
O quinto elemento é que, num terceiro ano, pré-eleitoral, os governos, federal e estaduais, diante de uma crise imprevisível e dos seus riscos políticos, aceleraram os gastos publicitários.
E, finalmente, é importante lembrar que, desde 2006, pós-mensalão, o governo federal passou a ter um forte vetor publicitário direcionado à imprensa das cidades menores, especialmente em polos. A grande imprensa -exceção à TV- não circula nessas cidades. E o custo para o governo dessa sustentação é pequeno. Com isso, foi construída uma enorme rede capilar.
A sinergia desses seis elementos ajuda a explicar as pesquisas. A questão de sua sustentabilidade depende do acerto ou não das previsões otimistas e de suas relações com o cotidiano das pessoas.
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