Jarbas de Holanda
Jornalista
As pesquisas do Datafolha e do Sensus, divulgadas esta semana, mostrando que o presidente Lula atravessa muito bem a crise econômica, fortalecem-no no curto prazo, favorecendo sua prioridade imediata de controlar e esvaziar a CPI da Petrobras (que o PSDB esperava lhe servisse de eficiente arma contra o governo), bem como abrem boas perspectivas de que ele tenha papel relevante, se não decisivo, na disputa presidencial do próximo ano. Nas duas, Lula recupera os altos índices de popularidade do final do ano passado e começo deste, além de puxar significativamente para cima a taxa de intenção de votos em Dilma Rousseff.
Jornalista
As pesquisas do Datafolha e do Sensus, divulgadas esta semana, mostrando que o presidente Lula atravessa muito bem a crise econômica, fortalecem-no no curto prazo, favorecendo sua prioridade imediata de controlar e esvaziar a CPI da Petrobras (que o PSDB esperava lhe servisse de eficiente arma contra o governo), bem como abrem boas perspectivas de que ele tenha papel relevante, se não decisivo, na disputa presidencial do próximo ano. Nas duas, Lula recupera os altos índices de popularidade do final do ano passado e começo deste, além de puxar significativamente para cima a taxa de intenção de votos em Dilma Rousseff.
Quanto a outro dado da primeira pesquisa – um salto para 47% (dos 31% de levantamento anterior) da aprovação a um terceiro mandato dele, contra 49%, e não mais 65%, de rejeição -, felizmente não parece capaz de produzir nenhum desdobramento específico por dois motivos básicos: há muito pouco tempo para mudança constitucional nesse sentido e o envolvimento do Palácio do Planalto com uma proposta do gênero seria letal para a pré-candidatura da chefe da Casa Civil.
Os dois dividendos pró-Lula das referidas pesquisas têm como maior efeito político o revigoramento do governismo peemedebista, agora na condução da CPI e, no horizonte de 2010, afirmando as convergentes alternativas de apoio a Dilma Rousseff ou de negociação com o presidente de possível substituição dela, e, assim, praticamente descartando a opção de postura partidária oficial de neutralidade. Outro efeito das pesquisas no plano político-partidário, este gerado pelo crescimento da pré-candidatura de Dilma Rousseff, com expressiva queda da distância em relação à de José Serra, manifesta-se no campo oposicionista. Onde passa a reexaminar-se a capacidade de transferência da alta popularidade de Lula para a candidata ou candidato que apoie. Por outro lado, a direção do PMDB, mesmo mantendo a incerteza sobre a saúde da pré-candidata lulista, deve passar a tratá-la bem mais seriamente, em face da competitividade que Dilma vai ganhando.
E a evidência indicada pelos dois levantamentos da opinião do eleitorado de que a crise econômica não está afetando a elevada popularidade de Lula tem mais uma implicação política importante, esta nos meios empresariais. Trata-se de uma reavaliação que vai da postura bem menos crítica ao governo pelo conjunto da iniciativa privada até o apoio claro e público assumido por vários segmentos. Reavaliação que reconhece a validade ou a correção das principais ações do Planalto contra a crise, como os incentivos fiscais adotados, os financiamentos do BNDES, o novo programa habitacional, o respaldo a empreendimentos privados de infraestrutura no mercado doméstico e em outros países. E que, pragmaticamente, reduz o peso das contestações ao custoso gigantismo estatal, à enorme carga tributária, ao aparelhamento partidário de empresas e órgãos importantes do governo e ao completo descarte de reformas estruturais, subordinando-as à valorização de um clima de equilíbrio político e social favorável às atividades produtivas, propiciado pelo presidente Lula por meio da combinação de medidas anticíclicas, consideradas basicamente positivas, com a garantia dos fundamentos macroeconômicos, herdados dos governos FHC. Combinação que é também o principal fator do processo de retorno dos investimentos externos.
Esse pragmatismo abre espaço também para uma aposta por parte de fortes segmentos empresariais numa persistência do lulismo pós-2010. Aposta que, obviamente, poderá mudar até o desencadeamento da disputa presidencial, seja porque a crise lá fora e aqui ainda está longe de ser superada, seja por incapacidade do próprio Lula de evitar excessos do aparelhamento partidário e sindical e do radicalismo classista na campanha eleitoral, seja pela emergência de um grande escândalo político ou administrativo.
O contraponto de Lula ao chavismo
Da reportagem do Globo, de ontem, com o subtítulo “Maurício Funes assume prometendo mudança e elogia presidentes dos EUA e Brasil”: “A cerimônia de posse do novo presidente de El Salvador, Maurício Funes, foi marcada pela ausência de estrelas esquerdistas, como Evo Morales, da Bolívia, Hugo Chávez, da Venezuela, e Daniel Ortega, da Nicarágua. Quem brilhou, com citações elogiosas de Funes, foram os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama”.
Eis uma das razões do fortalecimento também externo do presidente Lula: o crescente contraponto de seu populismo moderado ao radicalismo autoritário e anticapitalista de Hugo Chávez.
Os dois dividendos pró-Lula das referidas pesquisas têm como maior efeito político o revigoramento do governismo peemedebista, agora na condução da CPI e, no horizonte de 2010, afirmando as convergentes alternativas de apoio a Dilma Rousseff ou de negociação com o presidente de possível substituição dela, e, assim, praticamente descartando a opção de postura partidária oficial de neutralidade. Outro efeito das pesquisas no plano político-partidário, este gerado pelo crescimento da pré-candidatura de Dilma Rousseff, com expressiva queda da distância em relação à de José Serra, manifesta-se no campo oposicionista. Onde passa a reexaminar-se a capacidade de transferência da alta popularidade de Lula para a candidata ou candidato que apoie. Por outro lado, a direção do PMDB, mesmo mantendo a incerteza sobre a saúde da pré-candidata lulista, deve passar a tratá-la bem mais seriamente, em face da competitividade que Dilma vai ganhando.
E a evidência indicada pelos dois levantamentos da opinião do eleitorado de que a crise econômica não está afetando a elevada popularidade de Lula tem mais uma implicação política importante, esta nos meios empresariais. Trata-se de uma reavaliação que vai da postura bem menos crítica ao governo pelo conjunto da iniciativa privada até o apoio claro e público assumido por vários segmentos. Reavaliação que reconhece a validade ou a correção das principais ações do Planalto contra a crise, como os incentivos fiscais adotados, os financiamentos do BNDES, o novo programa habitacional, o respaldo a empreendimentos privados de infraestrutura no mercado doméstico e em outros países. E que, pragmaticamente, reduz o peso das contestações ao custoso gigantismo estatal, à enorme carga tributária, ao aparelhamento partidário de empresas e órgãos importantes do governo e ao completo descarte de reformas estruturais, subordinando-as à valorização de um clima de equilíbrio político e social favorável às atividades produtivas, propiciado pelo presidente Lula por meio da combinação de medidas anticíclicas, consideradas basicamente positivas, com a garantia dos fundamentos macroeconômicos, herdados dos governos FHC. Combinação que é também o principal fator do processo de retorno dos investimentos externos.
Esse pragmatismo abre espaço também para uma aposta por parte de fortes segmentos empresariais numa persistência do lulismo pós-2010. Aposta que, obviamente, poderá mudar até o desencadeamento da disputa presidencial, seja porque a crise lá fora e aqui ainda está longe de ser superada, seja por incapacidade do próprio Lula de evitar excessos do aparelhamento partidário e sindical e do radicalismo classista na campanha eleitoral, seja pela emergência de um grande escândalo político ou administrativo.
O contraponto de Lula ao chavismo
Da reportagem do Globo, de ontem, com o subtítulo “Maurício Funes assume prometendo mudança e elogia presidentes dos EUA e Brasil”: “A cerimônia de posse do novo presidente de El Salvador, Maurício Funes, foi marcada pela ausência de estrelas esquerdistas, como Evo Morales, da Bolívia, Hugo Chávez, da Venezuela, e Daniel Ortega, da Nicarágua. Quem brilhou, com citações elogiosas de Funes, foram os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama”.
Eis uma das razões do fortalecimento também externo do presidente Lula: o crescente contraponto de seu populismo moderado ao radicalismo autoritário e anticapitalista de Hugo Chávez.
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