Flávio Freire
DEU EM O GLOBO
DEU EM O GLOBO
SÃO PAULO e SÃO BERNARDO DO CAMPO. Sob suspeita de superfaturamento, inclusive com investigação no Ministério Público Federal, a obra viária do Rodoanel virou alvo de disputa política. Sem citar nomes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou o governo de São Paulo, administrado pelo tucano José Serra, pré-candidato à Presidência, de omitir em suas propagandas oficiais o fato de a construção ter recursos federais.
— Fico chateado porque viajo pelo Brasil, a gente põe dinheiro, faz a obra, e quando a gente vê, o prefeito e o governador fazem propaganda dela e não falam sequer que o dinheiro é nosso — disse Lula, no lançamento da pedra fundamental da Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo. — O Rodoanel, que passa aqui pertinho (de São Bernardo do Campo), custou R$ 3,6 bilhões, e R$ 1,2 bilhão foi do orçamento da União. Isso não aparece nas propagandas que vejo na televisão, como se não tivéssemos colocado nenhum centavo.
O Ministério Público Federal recomendou ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes o bloqueio dos repasses de verbas federais para o trecho Sul do Rodoanel. Relatório do Tribunal de Contas da União aponta irregularidades na obra, entre elas o adiantamento de R$ 236 milhões por serviços não realizados.
O PSDB reagiu. O presidente estadual do partido, Antônio Carlos de Mendes Thame, disse que as peças publicitárias do governo paulista informam que o governo federal tem participação na obra: — O presidente Lula reagiu assim porque as obras do PAC estão empacadas, ao contrário das do Rodoanel.
A Dersa, estatal paulista responsável pela obra, diz que a participação do governo federal aparece com destaque na divulgação do empreendimento.
Num dos filmes publicitários, a informação sobre a parceria com municípios e União aparece numa frase ao pé da tela, por três segundos. Não há menção aos valores gastos por cada esfera de governo.
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