Tucano, cujo partido acusa Lula de uso eleitoral de obras, critica deputados aliados que "escapuliram" de votação
SÃO PAULO e BRASÍLIA.Ao mesmo tempo que defendeu o direito de um governante de "colher dividendos políticos" de suas ações, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), acusou ontem deputados de sua base na Assembleia Legislativa de terem "escapulido" da votação da lei que cria o Programa de Valorização pelo Mérito, que prevê reajustes salariais anuais apenas para os professores que se submeterem a provas anuais e obtiverem os melhores índices de desempenho.
- Saber o que nós mesmos fizemos é muito importante para poder explicar, defender e inclusive colher dividendos políticos, o que é legítimo dentro de uma ação governamental - disse Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência.
O PSDB e o DEM recorreram ao TSE alegando uso político-eleitoral nas visitas do presidente Lula e de sua candidata, a ministra Dilma Rousseff, a obras do governo.
Ao sancionar a lei ontem, Serra atacou os deputados:
- Por causa do calendário eleitoral, alguns deputados da base do governo escapuliram para não votar.
Na votação do projeto, no último dia 21, oito deputados do DEM, quatro do PDT, três do PTB, três do PV e dois do PSDB saíram para não votar. Com isso, evitaram o desgaste com professores e sindicatos, que fizeram grandes manifestações contrárias à nova lei.
- Sindicato tem horror a tudo o que significa esforço - disse Serra, que completou: - Para nós, educação não é discurso e frufru. Estamos promovendo alterações estruturais, o que sempre perturba, e na véspera de um ano eleitoral. Não podemos governar em função do calendário eleitoral - disse, sem explicar a quem se referia.
- É um fenômeno geral da educação no Brasil. São doenças. Fazer festa em torno da educação é fazer pouca coisa prática. Não vou aqui especificar.
Aécio diz a aliados que só espera decisão até dezembro
Em visita a Brasília ontem, o governador mineiro Aécio Neves, também pré-candidato a presidente pelo PSDB, reiterou a aliados o que dissera semana passada ao ex-presidente Fernando Henrique e ao presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra: só até dezembro aguardará a decisão do PSDB. Se o partido não organizar as prévias para a escolha do seu candidato e adiar uma definição para março, como defende Serra, o mineiro vai se lançar para o Senado e cuidar da sucessão em Minas Gerais.
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