BRASÍLIA - O Democratas está em litígio com o seu principal aliado, o PSDB. Os tucanos relutam em lançar já um candidato a presidente, seja José Serra, seja Aécio Neves. Parte dos "demos" cobra diariamente rapidez nessa definição.
Criou-se um impasse. José Serra é o defensor principal da tese de postergar o lançamento da candidatura. Quer tratar do assunto em público só em março de 2010. Se antecipar seus planos, a leitura será simples: o tucano terá capitulado diante da exigência do presidente do Democratas, Rodrigo Maia. Logo, esse recuo serrista é improvável.
O azedume entre os dois principais partidos de oposição aumentou ontem. Como revelou a repórter Catia Seabra, a imagem de Serra foi vetada no programa de TV dos "demos" a ser exibido amanhã. A desavença talvez seja contornada antes da exibição da propaganda, mas o estrago está feito.
O cenário é desalentador no campo da oposição. As divergências públicas revelam descrença na possibilidade de vitória. Está quase vermelho o sinal amarelo aceso por causa do avanço da candidatura oficial de Dilma Rousseff.
O Democratas resmunga com alguma lógica: quanto mais passa o tempo, mais se consolidam as alianças regionais a favor da joint-venture entre PT e PMDB.
O problema é não haver grandes opções à disposição da dupla PSDB-DEM. Pelo menos de 15 a 20 dos 27 partidos políticos brasileiros só fazem alianças na base da fisiologia.
Os outros estacionam onde há mais chance de vitória. O lançamento de um candidato tucano agora ou depois teria um efeito marginal na atração de legendas sempre propensas a sucumbir ao magnetismo de Lula.
Nesse cenário, o cálculo do Democratas parece descalibrado. Até porque a pressão sobre Serra tende a ser inócua. O único a celebrar é Lula, feliz com a atitude de biruta de aeroporto dos "demos".
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