DEU EM O GLOBO
Sob protestos de manifestantes, presidente venezuelano defende o amigo iraniano e faz ameaças a Israel
Sob protestos de manifestantes, presidente venezuelano defende o amigo iraniano e faz ameaças a Israel
MAHMOUD AHMADINEJAD ergue a mão do presidente venezuelano, Hugo Chávez, durante um discurso em Caracas: aliança entre líderes e ameaças a Israel
Estudantes protestam contra visita de Ahmadinejad
CARACAS
Na última etapa de sua visita à América do Sul, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que ele e o venezuelano Hugo Chávez ficarão "juntos até o final" na luta contra o imperialismo. A presença de Ahmadinejad em Caracas motivou manifestações de rechaço de grupos de judeus, feministas e de defesa de direitos humanos.
O iraniano foi recebido ontem no Palácio Miraflores, sede do governo da Venezuela, por Chávez, que chegou a chamar Ahmadinejad de "gladiador nas lutas anti-imperialistas".
- Hoje, os povos venezuelano e iraniano, dois irmãos e amigos na trincheira da luta contra o imperialismo, estão resistindo - disse Ahmadinejad, que pegou as mãos de Chávez antes de declarar: - O papel de Hugo Chávez neste segundo despertar dos povos latino-americanos é admirável. É um grande homem revolucionário. Eu sou seu irmão e seu amigo, e para mim é uma honra. Vamos ficar juntos até o final.
Por sua vez, Chávez afirmou que ele e Ahmadinejad são perseguidos pela imprensa internacional e que sofrem com políticas belicistas dos Estados Unidos e de Israel - no caso venezuelano, a ameaça seria a Colômbia. O presidente venezuelano chegou a afirmar que Israel poderá sofrer consequências, depois de dizer que se sentiu ameaçado devido a declarações do presidente do país, Shimon Peres.
- O que disse o presidente de Israel entendemos, assim, como uma ameaça. E atuaremos em consequência (desta ameaça) - disse Chávez. - Sabemos o que significa Israel. Um braço assassino do império ianque. Eles o acusam (Ahmadinejad) de ser belicista. Eles é que são agressores.
As palavras de Peres, ditas semana passada na Argentina, foram tiradas de contexto por Chávez. O presidente israelense, perguntado sobre o que pensa sobre a aliança entre Ahmadinejad e Chávez, disse que eles "estão destinados a cair, não porque qualquer um de nós vá matá-los, mas porque seus próprios povos estão ficando cansados deles, e não levará muito tempo para que eles desapareçam".
Visita surpresa de sete horas a Cuba
Chávez anunciou também que fez uma visita de sete horas, terça-feira, a Fidel e Raúl Castro, em Cuba.
O governo da Venezuela disse que foram assinados acordos comerciais, mas não foram fornecidos detalhes. Analistas dizem que a importância da visita - a quarta de Ahmadinejad a Caracas - é basicamente política.
Diante do hotel em que Ahmadinejad ficou hospedado, dezenas de manifestantes protestaram durante o dia, carregando cartazes com dizeres como "milhões de judeus mortos te dizem: fora", numa referência ao fato de o líder iraniano negar o Holocausto.
A visita de Ahmadinejad ao Brasil e à Bolívia - escalas anteriores do presidente iraniano na América do Sul - mereceu um comentário do porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ian Kelly:
- Esperamos que os países que tenham qualquer tipo de contato bilateral com o Irã enfatizem as preocupações da comunidade internacional.
Kelly, porém, disse que não sabia que Ahmadinejad estava na Venezuela hoje, e que só se referia a Brasil e Bolívia.
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