DEU EM O GLOBO
Presidente do Legislativo de Honduras afirma que não há prazo para debater restituição
TEGUCIGALPA. Enquanto candidatos às eleições presidenciais tomavam as ruas de Tegucigalpa, deputados aliados de Manuel Zelaya intensificaram a pressão para que o Congresso hondurenho convoque uma sessão extraordinária para debater o mais breve possível a restituição do presidente deposto, ameaçando iniciar uma greve de fome. O governo interino, no entanto, resiste à medida, principal ponto do acordo para pôr fim à crise política no país. Ontem, o presidente do Congresso, José Alfredo Saavedra, disse apenas ter recebido os termos do acordo, mas ressaltou não haver data prevista para o debate.
Como parte do acordo, ontem era esperada a chegada dos representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) na Comissão de Verificação, que acompanhará a implantação do acordo: o ex-presidente chileno Ricardo Lagos e a secretária do Trabalho dos EUA, Hilda Solis.
Além deles, participam da comissão os hondurenhos Arturo Corrales, pelo lado de Micheletti, e o embaixador de Honduras na ONU, Jorge Arturo Reina, representando Zelaya.
Sob pressão dos EUA, negociadores de Zelaya e do governo Roberto Micheletti, que assumiu após a destituição, chegaram a um acordo sexta-feira, deixando para o Congresso a decisão sobre a volta do presidente deposto ao poder. Zelaya afirma que, pelo acordo, deve voltar ao cargo no máximo na quinta-feira. Já o governo interino diz que o acordo prevê prazo apenas para a formação do governo de conciliação nacional, sem mencionar se Zelaya faria parte dele ou a data para votar a restituição.
Ontem, simpatizantes de Zelaya foram às ruas como forma de pressão, enquanto candidatos pareciam dar finalmente o impulso final à campanha para as eleições de 29 de novembro.
EUA suspendem proibição de vistos a hondurenhos Víctor Cubas, deputado da corrente do Partido Liberal que apoia Zelaya, disse que os deputados estão dispostos a iniciar hoje à tarde uma greve de fome se o debate no Congresso não for convocado. A questão é que o Congresso está em recesso.
Caso os legisladores não sejam convocados, os deputados zelayistas ameaçam marcar a sessão extraordinária recorrendo ao regulamento legislativo.
Zelaya pediu ontem que o Congresso aja com responsabilidade e “sem jogos sujos” Numa primeira consequência do acordo, o Consulado dos EUA voltou ontem a atender pedidos de vistos de Hondurenhos.
O serviço havia sido suspenso em 26 de agosto, como parte das sanções contra a deposição de Zelaya, em junho.
Ontem, o embaixador americano em Honduras, Hugo Llorens, negou que o secretário adjunto de Estado para o Continente Americano, Thomas Shannon, tenha se reunido separadamente com o principal candidato às eleições presidenciais, Porfirio “Pepe” Lobo, para negociar o respaldo do Partido Nacional a Zelaya.
Llorens negou ainda que os EUA tenham obrigado Zelaya a assinar o acordo, em troca de não levar o filho Héctor a julgamento por tráfico de drogas.
As duas informações haviam sido publicadas pelos jornais espanhóis “El País” e “La Vanguardia”.
— As informações são invenções maliciosas e nada têm a ver com a verdade — disse Llorens à imprensa hondurenha.
Shannon visitou o país na semana passada, conseguindo que as duas partes assinassem o acordo, após quatro meses de crise
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