DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - Uma multidão acompanhou ontem em São Paulo a Marcha para Jesus, manifestação das igrejas neopentecostais que existe no país desde 1993. A PM falava à tarde em pelo menos 1 milhão de participantes; os organizadores esperavam 6 milhões até a noite.
Há muita imprecisão nessas estimativas, mas é fato que a marcha dos evangélicos -ao lado da Parada Gay, que mobiliza outras tribos e sentimentos- responde pela maior concentração popular da cidade, o que indica a força dessa nova fé.
São dezenas de igrejas reunidas, entre as quais a Universal do Reino de Deus, mas a coordenação é da Renascer em Cristo, do casal Estevam e Sônia Hernandes. O tema neste ano foi "marchando para derrubar gigantes" -e o maior deles, como dizia Estevam, "é o gigante da discriminação e do estereótipo".
O líder da Renascer usou o evento para fazer alusão ao episódio em que ele e sua mulher foram condenados e cumpriram pena nos EUA por contrabando de dinheiro. Para não deixar dúvidas, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), da Igreja Universal, dizia que a marcha era um "ato de revogação de todas as injúrias e difamações" contra o casal Hernandes. Aonde chegamos?
Há poucos dias, convidado a uma inauguração na Rede Record, o presidente da República disse que a emissora, como ele, era "vítima de preconceito". Lula, é claro, nada falou sobre o processo judicial em que Edir Macedo, dono da Record, e outros nove líderes da Igreja Universal são acusados de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
A fala do presidente sobre o "preconceito" que vitimaria a Record é muito parecida com o que diz o líder da Renascer a respeito da "discriminação". E o silêncio de Lula sobre as denúncias que atingem a cúpula da Universal e seus negócios equivale a um ato de revogação de qualquer suspeita sobre os amigos, como fez ontem o senador Crivella.
Há um ar de família entre a marcha dos evangélicos e a marcha da política. Diante da coalizão entre Jesus e Judas, querer legalidade hoje no país parece até coisa do Diabo.
SÃO PAULO - Uma multidão acompanhou ontem em São Paulo a Marcha para Jesus, manifestação das igrejas neopentecostais que existe no país desde 1993. A PM falava à tarde em pelo menos 1 milhão de participantes; os organizadores esperavam 6 milhões até a noite.
Há muita imprecisão nessas estimativas, mas é fato que a marcha dos evangélicos -ao lado da Parada Gay, que mobiliza outras tribos e sentimentos- responde pela maior concentração popular da cidade, o que indica a força dessa nova fé.
São dezenas de igrejas reunidas, entre as quais a Universal do Reino de Deus, mas a coordenação é da Renascer em Cristo, do casal Estevam e Sônia Hernandes. O tema neste ano foi "marchando para derrubar gigantes" -e o maior deles, como dizia Estevam, "é o gigante da discriminação e do estereótipo".
O líder da Renascer usou o evento para fazer alusão ao episódio em que ele e sua mulher foram condenados e cumpriram pena nos EUA por contrabando de dinheiro. Para não deixar dúvidas, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), da Igreja Universal, dizia que a marcha era um "ato de revogação de todas as injúrias e difamações" contra o casal Hernandes. Aonde chegamos?
Há poucos dias, convidado a uma inauguração na Rede Record, o presidente da República disse que a emissora, como ele, era "vítima de preconceito". Lula, é claro, nada falou sobre o processo judicial em que Edir Macedo, dono da Record, e outros nove líderes da Igreja Universal são acusados de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
A fala do presidente sobre o "preconceito" que vitimaria a Record é muito parecida com o que diz o líder da Renascer a respeito da "discriminação". E o silêncio de Lula sobre as denúncias que atingem a cúpula da Universal e seus negócios equivale a um ato de revogação de qualquer suspeita sobre os amigos, como fez ontem o senador Crivella.
Há um ar de família entre a marcha dos evangélicos e a marcha da política. Diante da coalizão entre Jesus e Judas, querer legalidade hoje no país parece até coisa do Diabo.
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