DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Marcelo Ninio
Marcelo Ninio
De Jerusalém
O Brasil deveria se envergonhar de receber um ditador que nega o Holocausto e prega a destruição de Israel. É a opinião do cientista político israelense Efraim Inbar, da Universidade Bar Ilan. Para ele, o governo brasileiro é ingênuo ao pensar que pode ter influência positiva sobre Ahmadinejad.
FOLHA - Brasil pode ter papel relevante no Oriente Médio?
EFRAIM INBAR - O Brasil primeiro tem que se concentrar nos seus problemas internos, que são muitos, antes de querer resolver os problemas dos outros. Uma visita como essa causa danos, porque dá legitimidade a um ditador que nega o Holocausto e quer destruir o Estado de Israel. É uma vergonha que um país como o Brasil, democrático, promova essa visita. O governo brasileiro daria o mesmo tratamento a Hitler? Se não me engano, o Brasil lutou contra o Hitler na Segunda Guerra Mundial.
FOLHA - É o mesmo que apoiar Hitler?
INBAR - Não exatamente, mas há uma grande semelhança entre o discurso de Hitler e o perigo que ele representava para o mundo e o Irã de hoje.
FOLHA - O Brasil pode ajudar no diálogo com Teerã?
INBAR - [risos] Não me parece que Ahmadinejad esteja disposto a fazer concessões. O apoio de um país importante como o Brasil só fortalece os radicais no mundo. É o que os brasileiros querem?
FOLHA - O governo brasileiro acredita que isolar o Irã é pior.
INBAR - É uma visão ingênua. O Irã se beneficia dela e ganha tempo para produzir a bomba [atômica].
FOLHA - Como a relação com o Irã pode afetar a imagem internacional do Brasil?
INBAR - Certamente não ajuda. O que o Brasil quer, ser líder do mundo muçulmano? Fazer parte do opressivo mundo árabe? Melhor seria tentar garantir um lugar entre os países democráticos e desenvolvidos. Que tipo de ponte o Brasil pretende fazer? Entre assassinos e pessoas civilizadas? Não vejo isso como um ideal tão nobre.
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