terça-feira, 24 de novembro de 2009

Em 10 estados, o que Lula não quer

DEU EM O GLOBO

Base governista deve ter palanques duplos de Norte a Sul; desafio de Dutra será unificá-los

Maria Lima BRASÍLIA e SÃO PAULO

O ex-senador e ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra (SE) deve ser eleito presidente nacional do PT no primeiro turno e pretende anunciar, amanhã, pontos de sua política para tentar pacificar os conflitos entre aliados nos estados. Para as eleições de 2010, cuja prioridade do PT será tentar eleger a ministra Dilma Rousseff sucessora do presidente Lula, Dutra tem o desafio de desarmar palanques duplos da base governista em pelo menos dez estados, inclusive no Rio.

Dutra, porém, diz considerar que apenas três estados são dados como caso perdido na tentativa de unificar PT e aliados em torno da candidatura de Dilma: Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.

Confirmada sua eleição hoje ou amanhã, Dutra iniciará imediatamente as conversas com os petistas que trabalham para ter candidatura própria em confronto com o PMDB, como é o caso do Rio. Ele fará um balanço do resultado do Processo de Eleição Direta do PT (PED), já dando o tom de sua estratégia, avalizada pelo presidente Lula e pela ministra Dilma.

No Rio, prioridade é aliança com PMDB

Dutra promete partir para o enfrentamento com o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, que quer se lançar pré-candidato ao governo pelo PT, para preservar o apoio à reeleição do governador Sérgio Cabral, e o consequente palanque forte do PMDB para Dilma no estado.

Terá a missão também de convencer o PMDB do contrário, casos do Pará e Minas Gerais, por exemplo.

Esta semana, caso se confirme sua eleição, Dutra planeja conversar com as forças derrotadas. A ideia do grupo é não repetir o bloco fechado de 2001, quando o ex-ministro José Dirceu venceu no primeiro turno, com mais de 52% das forças agregadas, e que depois resultou no escândalo do mensalão.

— A composição interna é estatutária e o número de cargos é proporcional aos votos. O que tenho dito, no entanto, é que todas as correntes apresentem seus melhores quadros.

Minha intenção é construir uma executiva o mais representativa possível.

Se eu realmente vencer, não serei da tendência A ou B — disse.

O segundo colocado na disputa para o comando do PT, deputado Jose Eduardo Cardozo (PT-SP), refuta a tese de que a vitória de Dutra fortalece a ideia das não candidaturas próprias nos estados em que o PT disputa com partidos aliados.

— O Dutra é apoiado por pessoas que acham que em São Paulo o PT deve ter candidato próprio, como a Marta Suplicy, por exemplo, ou o Fernando Pimentel, em Minas Gerais. Há um conjunto de situações, as mais diversificadas, que nos leva a crer que mesmo com a eleição de Dutra não haverá uma situação uniforme em relação a não ter palanques duplos nos estados — disse Cardozo.

Para Cardozo, o presidente Lula acertou ao admitir que em alguns estados não será possível evitar palanques duplos: — O presidente Lula falou muito bem sobre isso. Temos que buscar ao máximo a unidade das forças políticas, mas nem sempre isso é possível.

Teremos que conviver com essas situações — disse.

Até o inicio da noite de ontem, só pouco mais de 41% dos votos tinham sido contados. Com o avanço da apuração, crescia a vantagem de Dutra, candidato da corrente majoritária e apoiado pelas grandes estrelas do governo petista: ele liderava em 22 estados e tinha 53% dos votos, contra 19,6% de Cardozo, que liderava em Pernambuco e Rio Grande do Sul .

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