O último presidente da União Soviética e ambientalista ressalta a importância dos governantes diante da crise
O desafio ambiental é um dos grandes temas com os quais a humanidade hoje se defronta. Esse desafio diz respeito não apenas ao meio ambiente, mas também à possibilidade de que ocorram graves conflitos étnicos e internacionais, e está conectado às numerosas migrações de populações que implicam graves efeitos desestabilizadores na política e na economia. Tudo isso repercute na crescente pobreza e desigualdade social, na crise da água e na escassez de alimento.
Temos de agir para salvar o planeta. Esse deve ser um desafio comum a todos os governos, às comunidades econômicas e científicas e à sociedade civil. A responsabilidade principal recai sobre os Estados e as suas instituições. Só o Estado pode impor o respeito às normas e aos padrões acordados, sem os quais as tentativas de se enfrentar as mudanças climáticas são inúteis. Só o Estado pode mobilizar recursos para o desenvolvimento de tecnologias e dar suporte adequado àqueles que estão em perigo por causa das mudanças climáticas. Com frequência, no entanto, os Estados agem de modo oposto: gastam centenas de bilhões em armamentos, subvencionam indústrias que utilizam combustíveis fósseis em vez de privilegiar o setor energético e economizam em programas sociais em vez de investir no capital humano.
Nos últimos dias, os representantes de 192 países se reuniram em Copenhague, na Dinamarca, para anunciar uma nova e importante era de cooperação entre os Estados e para enfrentar os problemas causados pelo aquecimento global. A posição dos Estados Unidos desempenha um papel determinante. Sem uma contribuição significativa por parte dessa nação, não será possível obter nenhum resultado na redução das emissões ou no apoio aos países em desenvolvimento. Pouco antes da conferência de Copenhague, os discursos eram muito positivos: falava-se de “como” e não de “se”. É possível chegar a um acordo efetivo após a COP-15, mas para isso é necessário que os países industrializados e os que se encontram em desenvolvimento finalmente se entendam.
A sociedade civil também desempenha um papel importante na modificação do modo de pensar das pessoas e no exercício de pressão política. Nossa ONG, a Green Cross International (Cruz Verde Internacional), acredita que as organizações governamentais devem agir tanto em conjunto quanto individualmente. Torna-se importante aumentar os canais de comunicação e criar novas comunidades através da internet. Todos os esforços devem ser feitos para apoiar a recente iniciativa promovida por várias organizações, entre as quais a Green Cross International, o Clube de Roma e o Clube de Madri, com a finalidade de se criar e desenvolver um inventário para “além de Copenhague”. Esperamos que essa iniciativa contribua para avançarmos em busca de resultados. Procuramos também sensibilizar a opinião pública para tais problemas, enviando mensagens de alerta facilmente reconhecíveis por todos através do computador ou do telefone celular.
Não podemos permanecer inermes. Temos de agir para assegurar um futuro a nossos netos e bisnetos.
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