DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Ministra rejeita "aventuras" na economia e faz promessas na área social
Indicada ontem como pré-candidata do PT à Presidência, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) defendeu o fortalecimento do Estado em seu discurso. Ela enfatizou a determinação de "continuar valorizando o servidor público" e "reconstituindo o Estado" e rebateu as críticas de que o PT inchou a máquina pública. Por outro lado, Dilma afirmou que a preservação da estabilidade econômica, do equilíbrio fiscal, o controle da inflação e do câmbio flutuante será a base das ações de seu governo. "Temos rumo, experiência e impulso para seguir o caminho iniciado por Lula. Não haverá retrocesso nem aventuras. Mas podemos avançar muito mais. E muito mais rapidamente", disse ela. Boa parte das promessas se concentrou na área social. "As crianças e os mais jovens devem ser, sim, protegidos pelo Estado, desde a infância até a vida adulta".
Pré-candidata, Dilma defende Estado forte e rejeita ""aventuras""
Em discurso no 4.º Congresso do PT, ministra garantiu que tudo será feito para manter estabilidade econômica
Vera Rosa, Clarissa Oliveira, Wilson Tosta e Lisandra Paraguassú
BRASÍLIA - Aclamada ontem como pré-candidata do PT à Presidência, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, encarnou o pós-Lula e ensaiou o discurso de sua campanha. No encerramento do 4.° Congresso Nacional do PT, preparado para sacramentar sua candidatura e aprovar as diretrizes do programa de governo, Dilma pregou o fortalecimento do Estado, mas fez questão de defender com todas as letras a preservação da estabilidade econômica, com manutenção do equilíbrio fiscal, controle da inflação e câmbio flutuante.
"Não haverá retrocesso nem aventuras", avisou a ministra no ato político que também comemorou os 30 anos do PT. "Mas podemos avançar muito mais e muito mais rapidamente." Atrás dela, um painel com sua foto ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva exibia a inscrição "Com Dilma, pelo caminho que Lula nos ensinou".
Vestida de vermelho, a cor do PT, a chefe da Casa Civil falou por uma hora em um salão decorado com estrelas, logo após Lula apresentá-la como herdeira para a plateia, assumindo o papel de avalista da candidatura. "Eleger a Dilma é a coisa mais importante do meu governo", disse. "Eleger a Dilma não é secundário para o presidente da República: é a coisa prioritária na minha vida neste ano."
Lula não escondeu a emoção ao apresentar a ministra. Contou que a conheceu quando ela foi secretária de Energia do Rio Grande do Sul no governo de Olívio Dutra (1999-2002), fato que muitos petistas não sabiam. Depois, teceu elogios à sua capacidade de trabalho, dedicação e solidariedade nos momentos difíceis, como na crise do mensalão, que, no seu diagnóstico, não passou de um "golpe" contra o Palácio do Planalto.
O presidente recomendou à candidata que esteja pronta para responder aos ataques da oposição na campanha. "Vão dizer que a Dilma vai ser estatizante. Se prepare", afirmou, olhando para a ministra. "Isso não é ruim, não. Isso é bom." Logo depois, porém, emendou:
"Claro que você não vai querer estatizar borracharia, bar, pizzaria, cervejaria. Mas aquilo que for estratégico, não estiver funcionando e precisar colocar para funcionar, a gente não tem que ter medo de tomar decisões importantes para o nosso país."
Em meio a promessas de continuar investimentos sociais iniciados no governo Lula, Dilma encontrou espaço para críticas à oposição. E foi com elas que arrancou os primeiros aplausos. "Não praticamos casuísmos. Basta ver a reação firme e categórica do presidente ao frustrar as tentativas de mudar a Constituição para que pudesse disputar um terceiro mandato. Não mudamos, como se fez no passado, as regras do jogo no meio da partida", insistiu.
Ao citar os poetas Carlos Drummond de Andrade, mineiro, e Mário Quintana, gaúcho, e relembrar seu passado de combate à ditadura, ela afirmou que nunca esperou ser candidata, mas disse estar preparada para o desafio.
Na tentativa de tranquilizar quem viu viés estatizante nas diretrizes de sua plataforma, Dilma garantiu que tudo será feito para manter a estabilidade. Enfatizou, no entanto, a determinação de "continuar valorizando o servidor público" e "reconstituindo o Estado" e rebateu as críticas de que o governo petista inchou a máquina pública. "Alguns ideólogos chegavam a dizer que quase tudo seria resolvido pelo mercado", comentou, atacando a defesa da privatização, feita por tucanos.
O discurso de Dilma, lido em dois teleprompters, demorou para empolgar os petistas. Com menos espontaneidade que Lula, ela se revelou um tanto dura ao falar e seguiu praticamente à risca o pronunciamento escrito dias antes, com a colaboração do ex-prefeito Belo Horizonte Fernando Pimentel, do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e do coordenador do programa de governo, Marco Aurélio Garcia.
"Quem duvidar do vigor da democracia em nosso país, que leia, escute ou veja o que dizem livremente as vozes oposicionistas. Mas isso não nos perturba. Preferimos as vozes dessas oposições, ainda quando mentirosas, injustas e caluniosas, ao silêncio das ditaduras", afirmou.
Ex-guerrilheira, a ministra se emocionou ao citar três companheiros mortos na luta armada. Eram Carlos Alberto Soares de Freitas, desaparecido em 1971; Maria Auxiliadora Lara Barcelos, exilada que se matou em 1976, em Berlim; e Iara Iavelberg, morta em 1971.
Dilma também foi acompanhada no Congresso do PT pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), cotado para vice na chapa. O comando do partido só foi à festa depois que Temer e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), pediram a Lula sua interferência para resolver impasses em Estados onde os dois partidos disputam a cabeça de chapa.
"Acho que foi boa a presença do PMDB aqui", disse ela. "O Brasil precisa de um governo de coalizão. Não acho bom para o País governo de um partido só."
Ministra rejeita "aventuras" na economia e faz promessas na área social
Indicada ontem como pré-candidata do PT à Presidência, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) defendeu o fortalecimento do Estado em seu discurso. Ela enfatizou a determinação de "continuar valorizando o servidor público" e "reconstituindo o Estado" e rebateu as críticas de que o PT inchou a máquina pública. Por outro lado, Dilma afirmou que a preservação da estabilidade econômica, do equilíbrio fiscal, o controle da inflação e do câmbio flutuante será a base das ações de seu governo. "Temos rumo, experiência e impulso para seguir o caminho iniciado por Lula. Não haverá retrocesso nem aventuras. Mas podemos avançar muito mais. E muito mais rapidamente", disse ela. Boa parte das promessas se concentrou na área social. "As crianças e os mais jovens devem ser, sim, protegidos pelo Estado, desde a infância até a vida adulta".
Pré-candidata, Dilma defende Estado forte e rejeita ""aventuras""
Em discurso no 4.º Congresso do PT, ministra garantiu que tudo será feito para manter estabilidade econômica
Vera Rosa, Clarissa Oliveira, Wilson Tosta e Lisandra Paraguassú
BRASÍLIA - Aclamada ontem como pré-candidata do PT à Presidência, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, encarnou o pós-Lula e ensaiou o discurso de sua campanha. No encerramento do 4.° Congresso Nacional do PT, preparado para sacramentar sua candidatura e aprovar as diretrizes do programa de governo, Dilma pregou o fortalecimento do Estado, mas fez questão de defender com todas as letras a preservação da estabilidade econômica, com manutenção do equilíbrio fiscal, controle da inflação e câmbio flutuante.
"Não haverá retrocesso nem aventuras", avisou a ministra no ato político que também comemorou os 30 anos do PT. "Mas podemos avançar muito mais e muito mais rapidamente." Atrás dela, um painel com sua foto ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva exibia a inscrição "Com Dilma, pelo caminho que Lula nos ensinou".
Vestida de vermelho, a cor do PT, a chefe da Casa Civil falou por uma hora em um salão decorado com estrelas, logo após Lula apresentá-la como herdeira para a plateia, assumindo o papel de avalista da candidatura. "Eleger a Dilma é a coisa mais importante do meu governo", disse. "Eleger a Dilma não é secundário para o presidente da República: é a coisa prioritária na minha vida neste ano."
Lula não escondeu a emoção ao apresentar a ministra. Contou que a conheceu quando ela foi secretária de Energia do Rio Grande do Sul no governo de Olívio Dutra (1999-2002), fato que muitos petistas não sabiam. Depois, teceu elogios à sua capacidade de trabalho, dedicação e solidariedade nos momentos difíceis, como na crise do mensalão, que, no seu diagnóstico, não passou de um "golpe" contra o Palácio do Planalto.
O presidente recomendou à candidata que esteja pronta para responder aos ataques da oposição na campanha. "Vão dizer que a Dilma vai ser estatizante. Se prepare", afirmou, olhando para a ministra. "Isso não é ruim, não. Isso é bom." Logo depois, porém, emendou:
"Claro que você não vai querer estatizar borracharia, bar, pizzaria, cervejaria. Mas aquilo que for estratégico, não estiver funcionando e precisar colocar para funcionar, a gente não tem que ter medo de tomar decisões importantes para o nosso país."
Em meio a promessas de continuar investimentos sociais iniciados no governo Lula, Dilma encontrou espaço para críticas à oposição. E foi com elas que arrancou os primeiros aplausos. "Não praticamos casuísmos. Basta ver a reação firme e categórica do presidente ao frustrar as tentativas de mudar a Constituição para que pudesse disputar um terceiro mandato. Não mudamos, como se fez no passado, as regras do jogo no meio da partida", insistiu.
Ao citar os poetas Carlos Drummond de Andrade, mineiro, e Mário Quintana, gaúcho, e relembrar seu passado de combate à ditadura, ela afirmou que nunca esperou ser candidata, mas disse estar preparada para o desafio.
Na tentativa de tranquilizar quem viu viés estatizante nas diretrizes de sua plataforma, Dilma garantiu que tudo será feito para manter a estabilidade. Enfatizou, no entanto, a determinação de "continuar valorizando o servidor público" e "reconstituindo o Estado" e rebateu as críticas de que o governo petista inchou a máquina pública. "Alguns ideólogos chegavam a dizer que quase tudo seria resolvido pelo mercado", comentou, atacando a defesa da privatização, feita por tucanos.
O discurso de Dilma, lido em dois teleprompters, demorou para empolgar os petistas. Com menos espontaneidade que Lula, ela se revelou um tanto dura ao falar e seguiu praticamente à risca o pronunciamento escrito dias antes, com a colaboração do ex-prefeito Belo Horizonte Fernando Pimentel, do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e do coordenador do programa de governo, Marco Aurélio Garcia.
"Quem duvidar do vigor da democracia em nosso país, que leia, escute ou veja o que dizem livremente as vozes oposicionistas. Mas isso não nos perturba. Preferimos as vozes dessas oposições, ainda quando mentirosas, injustas e caluniosas, ao silêncio das ditaduras", afirmou.
Ex-guerrilheira, a ministra se emocionou ao citar três companheiros mortos na luta armada. Eram Carlos Alberto Soares de Freitas, desaparecido em 1971; Maria Auxiliadora Lara Barcelos, exilada que se matou em 1976, em Berlim; e Iara Iavelberg, morta em 1971.
Dilma também foi acompanhada no Congresso do PT pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), cotado para vice na chapa. O comando do partido só foi à festa depois que Temer e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), pediram a Lula sua interferência para resolver impasses em Estados onde os dois partidos disputam a cabeça de chapa.
"Acho que foi boa a presença do PMDB aqui", disse ela. "O Brasil precisa de um governo de coalizão. Não acho bom para o País governo de um partido só."
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