DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - O que será do lulismo depois de Lula? Continuará existindo? E quem será (ou deixará de ser) seu herdeiro nas urnas?
Naquele que é, provavelmente, o ensaio mais esclarecedor sobre as "Raízes Sociais e Ideológicas do Lulismo" (publicado no final de 2009, na revista do Cebrap), o cientista político André Singer mostra que houve, entre 2002 e 2006, uma mudança da base que elegeu Lula.
Mais do que isso, mostra que na reeleição houve um descolamento entre a base tradicional do PT, formada pelas camadas médias, e a base que deu a vitória a Lula -o povão desorganizado, beneficiado desde o primeiro mandato por políticas e iniciativas cujos efeitos, até então, haviam sido pouco percebidos.
Essa massa desarticulada projetou em Lula, segundo Singer, "a expectativa de um Estado suficientemente forte para diminuir a desigualdade, mas sem ameaçar a ordem estabelecida". O lulismo exprimiria uma combinação inusitada de ideias -um elemento mais associado à esquerda (Estado forte) e outro mais identificado com a direita (estabilidade, não só na economia).
Sabemos que Dilma Rousseff é fã de carteirinha do "Estado forte". E que tem se esforçado para afirmar seu compromisso com a estabilidade (o contrário seria escandaloso).
Sua campanha, porém, vem investindo na radicalização retórica do lulismo. A gramática da luta de classes (ricos contra pobres) aproxima Dilma do PT histórico e politiza o jogo. Mas será adequada para aproximá-la dos "filhos de Lula"?
Serra, também por isso, aposta que a radical da geração 68 inventada por Lula como sucessora não será capaz de conquistar a confiança do eleitor. Investe na separação entre o pai do pobres e a mãe do PAC. E paga seu pedágio ao êxito do lulismo ao repetir: "O Brasil pode mais".
Mas o desafio do tucano não é nada fácil. Contra a palavra do próprio Lula, terá de convencer o pobre cuja vida melhorou de que ele não é o representante da elite descomprometida com os avanços sociais.
SÃO PAULO - O que será do lulismo depois de Lula? Continuará existindo? E quem será (ou deixará de ser) seu herdeiro nas urnas?
Naquele que é, provavelmente, o ensaio mais esclarecedor sobre as "Raízes Sociais e Ideológicas do Lulismo" (publicado no final de 2009, na revista do Cebrap), o cientista político André Singer mostra que houve, entre 2002 e 2006, uma mudança da base que elegeu Lula.
Mais do que isso, mostra que na reeleição houve um descolamento entre a base tradicional do PT, formada pelas camadas médias, e a base que deu a vitória a Lula -o povão desorganizado, beneficiado desde o primeiro mandato por políticas e iniciativas cujos efeitos, até então, haviam sido pouco percebidos.
Essa massa desarticulada projetou em Lula, segundo Singer, "a expectativa de um Estado suficientemente forte para diminuir a desigualdade, mas sem ameaçar a ordem estabelecida". O lulismo exprimiria uma combinação inusitada de ideias -um elemento mais associado à esquerda (Estado forte) e outro mais identificado com a direita (estabilidade, não só na economia).
Sabemos que Dilma Rousseff é fã de carteirinha do "Estado forte". E que tem se esforçado para afirmar seu compromisso com a estabilidade (o contrário seria escandaloso).
Sua campanha, porém, vem investindo na radicalização retórica do lulismo. A gramática da luta de classes (ricos contra pobres) aproxima Dilma do PT histórico e politiza o jogo. Mas será adequada para aproximá-la dos "filhos de Lula"?
Serra, também por isso, aposta que a radical da geração 68 inventada por Lula como sucessora não será capaz de conquistar a confiança do eleitor. Investe na separação entre o pai do pobres e a mãe do PAC. E paga seu pedágio ao êxito do lulismo ao repetir: "O Brasil pode mais".
Mas o desafio do tucano não é nada fácil. Contra a palavra do próprio Lula, terá de convencer o pobre cuja vida melhorou de que ele não é o representante da elite descomprometida com os avanços sociais.
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