DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - Está na praça (ou na rede) uma nova revista eletrônica de intelectuais de esquerda, com ensaios sobre política, teoria e cultura. Chama-se "Fevereiro" e pode ser acessada de graça no endereço http://www.revistafevereiro.com/.
O mentor da publicação é o filósofo Ruy Fausto, professor emérito da USP radicado em Paris, estudioso e crítico de Marx e do marxismo.
"Fevereiro", entre outras citações históricas, faz alusão ao mês da última ofensiva popular contra o bolchevismo, em 1921, que culminou na revolta de Kronstadt. A "private joke" do título tende a reforçar a ideia de que a publicação é só mais uma a alimentar querelas paroquiais da esquerda. Talvez sim.
Ruy Fausto, porém, se destaca há anos pela lucidez com que tem combatido duas vertentes dominantes na esquerda brasileira: de um lado, o pragmatismo de quem aderiu ao PT sem se incomodar com a gangsterização do partido no poder; de outro, o dogmatismo renitente daqueles que ainda não processaram o legado trágico e o fiasco do socialismo no século 20.
Essas duas tendências podem se manifestar muitas vezes na mesma figura. É um pouco isso o que sugere o editorial da revista, "Lula, o PT e os Dissidentes Cubanos", quando afirma: "Marco Aurélio Garcia disse que "violações dos direitos do homem existem por todo lado". Isso seria razão para não protestar contra elas? E será que o fato serve para nivelar ditaduras e democracias? Só nos resta constatar com tristeza a decadência desse antigo homem de esquerda crítico, leitor de Claude Lefort inclusive, que parece ter aderido à realpolitik, cinismo incluso".
Como essa, há boas provocações em "Fevereiro". Inclusive em relação ao enraizamento de certo "jornalismo de conteúdo conservador muito agressivo, mais ou menos articulado com mobilizações de mesma tendência no campo de uma classe média ressentida com a mobilidade social recente do país, simbolizada pela própria ascensão de um ex-líder sindical à Presidência".
SÃO PAULO - Está na praça (ou na rede) uma nova revista eletrônica de intelectuais de esquerda, com ensaios sobre política, teoria e cultura. Chama-se "Fevereiro" e pode ser acessada de graça no endereço http://www.revistafevereiro.com/.
O mentor da publicação é o filósofo Ruy Fausto, professor emérito da USP radicado em Paris, estudioso e crítico de Marx e do marxismo.
"Fevereiro", entre outras citações históricas, faz alusão ao mês da última ofensiva popular contra o bolchevismo, em 1921, que culminou na revolta de Kronstadt. A "private joke" do título tende a reforçar a ideia de que a publicação é só mais uma a alimentar querelas paroquiais da esquerda. Talvez sim.
Ruy Fausto, porém, se destaca há anos pela lucidez com que tem combatido duas vertentes dominantes na esquerda brasileira: de um lado, o pragmatismo de quem aderiu ao PT sem se incomodar com a gangsterização do partido no poder; de outro, o dogmatismo renitente daqueles que ainda não processaram o legado trágico e o fiasco do socialismo no século 20.
Essas duas tendências podem se manifestar muitas vezes na mesma figura. É um pouco isso o que sugere o editorial da revista, "Lula, o PT e os Dissidentes Cubanos", quando afirma: "Marco Aurélio Garcia disse que "violações dos direitos do homem existem por todo lado". Isso seria razão para não protestar contra elas? E será que o fato serve para nivelar ditaduras e democracias? Só nos resta constatar com tristeza a decadência desse antigo homem de esquerda crítico, leitor de Claude Lefort inclusive, que parece ter aderido à realpolitik, cinismo incluso".
Como essa, há boas provocações em "Fevereiro". Inclusive em relação ao enraizamento de certo "jornalismo de conteúdo conservador muito agressivo, mais ou menos articulado com mobilizações de mesma tendência no campo de uma classe média ressentida com a mobilidade social recente do país, simbolizada pela própria ascensão de um ex-líder sindical à Presidência".
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