DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Daniel Bramatti
Daniel Bramatti
O ataque de José Serra ao governo do boliviano Evo Morales tem como alvo indireto as políticas externa e de segurança de Luiz Inácio Lula da Silva. O primeiro tema não está na ordem do dia da maior parte da população, mas o segundo é prioritário, como mostram pesquisas de opinião. A segurança é ainda uma das poucas áreas em que a maioria do eleitorado desaprova o governo federal, segundo sondagem do instituto Ibope.
A acusação de que o governo boliviano faz "corpo mole" em relação ao narcotráfico surge depois de Serra ter prometido a criação de um ministério para combater o crime e a formação de uma segunda polícia federal, com o objetivo de vigiar as fronteiras. Em entrevista ao Programa do Ratinho, o tucano chegou a defender o uso de satélites para "controlar a entrada e saída de gente" ? algo que nem os Estados Unidos conseguem fazer na fronteira com o México.
A última pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada em março, mostrou que 52% dos brasileiros desaprovam a política de segurança do governo, contra 44% que aprovam. É um dos flancos que Serra vê como atacável no governo, ao mesmo tempo que evita confronto direto com o presidente, para não melindrar os "lulistas" de sua base de apoio.
Os temas segurança e narcotráfico também estão presentes no discurso da petista Dilma Rousseff: ela já anunciou um programa de combate ao crack e chegou a destacar o assunto na propaganda partidária do PT, no início do mês.
A política externa foi colocada na agenda eleitoral pelos dois candidatos - uma das novidades da campanha de 2010. Serra já criticou o venezuelano Hugo Chávez -"eleitor" declarado de Dilma -, o Mercosul e as violações de direitos humanos em Cuba. Também chamou de ditador o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, como forma de bombardear o acordo nuclear mediado por Lula - e que havia sido qualificado por Dilma como um "gol" da diplomacia brasileira.
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