BRASÍLIA - Em meio a uma forte pressão que rachou o governo e aliados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu nesta terça-feira conceder reajuste de 7,7% para aposentados que ganham acima do salário mínimo. A decisão contraria a equipe econômica, que recomendava o veto ao aumento , que gera uma despesa adicional de R$ 1,6 bilhão. Por outro lado, Lula decidiu vetar o fim fator previdenciário, como era previsto. A sanção será publicada no Diário Oficial (DO) desta quarta-feira.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que Lula estava " extremamente aliviado e feliz" após decidir sancionar o reajuste de 7,7% aos aposentados que ganham acima de um salário mínimo.
- A primeira coisa que o presidente me disse foi: "acabei de decidir a questão dos aposentados e acho que foi a melhor decisão que poderia tomar" - contou Gurgel
Segundo o procurador, Lula também mencionou que "não custaria tanto" atender a essa parcela menos favorecida da população.
Após reunião de mais de três horas, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), disse que prevaleceu a avaliação política de que o Congresso ao votar uma nova MP, com reajuste diferente, restabeleceria o reajuste de 7,7%.
- Venceu a ação política do Congresso em ano de eleição, mas a equipe econômica não foi derrotada - disse Vaccarezza, ao lembrar que o aumento terá compensação no Orçamento.
Para ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo não vai comprometer o equilíbrio fiscal. Segundo ele, haverá corte no Orçamento de R$ 1,6 bilhão, inclusive em emendas dos parlamentares.
- O presidente satisfez os aposentados porque já foi criada uma expectativa muito grande entre os aposentados. O presidente fez uma pergunta clara: 'se a fazenda tinha a condição de manter o equilíbrio fiscal'. Vai doer, mas vamos manter o resultado fiscal deste ano.
Na véspera, Lula disse que não estragaria sua "relação com aposentados" , mas que não faria extravagâncias em ano eleitoral.
Criado em 1999, o fator previdenciário inibe aposentadorias precoces gerou, em dez anos, economia de R$ 10,1 bilhões ao governo. A estimativa é que o fim do fator previdenciário poderá ter um impacto financeiro, no primeiro ano, de R$ 2 bilhões.
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