DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Análise: Luciana Nunes Leal
Na convenção do PMDB que formalizou a candidatura à reeleição do governador Sérgio Cabral, domingo passado, quase todos os discursos giravam em torno do mesmo tema: vitória no primeiro turno. Era, ao mesmo tempo, entusiasmo dos aliados e torcida para que Antony Garotinho, ex-governador, fosse derrotado na briga judicial para ser candidato ao governo, pelo PR.
Com uma aliança que reúne 16 partidos, Cabral, que já tem posição confortável nas pesquisas eleitorais, estaria ainda mais tranquilo sem Garotinho na disputa, ou mesmo com um candidato de última hora que o PR escolha para enfrentar o governador.
Derrotado no Tribunal Regional Eleitoral, Garotinho conta com uma liminar do TSE para registrar a candidatura e com a demora da Justiça para julgar o mérito da ação. O PMDB fluminense aguarda ansioso a derrota judicial do ex-governador. Ao outro candidato competitivo, Fernando Gabeira (PV), em coligação com PSDB, DEM e PPS, interessa a manutenção da candidatura de Garotinho, para dividir votos e tentar forçar um segundo turno.
As duas últimas pesquisas eleitorais, feitas em maio (Vox Populi, registro no TSE 11323/2010 e Ibope, registro no TSE 12414/2010), indicam vitória de Cabral no primeiro turno. Mas a ausência de Garotinho, que tem em torno de 20% das intenções de voto, facilitaria ainda mais a vida do governador. A principal razão é que dificilmente os eleitores do ex-governador votariam em Gabeira.
Garotinho tem um eleitorado majoritariamente de baixa renda e baixa escolaridade, faixa onde Gabeira não vai bem e na qual Cabral também tem bons índices. A migração do eleitorado para Cabral seria natural. O Rio é o terceiro colégio eleitoral do País, com 11,4 milhões de eleitores.
Além do aspecto matemático, a campanha ficaria mais fácil para Cabral porque, sem Garotinho, o governador se livraria de um adversário incômodo. Ao contrário de Gabeira, que prefere o embate político e se apresenta como alternativa à hegemonia do PMDB e à divisão de cargos entre aliados, Garotinho aposta em ataques e denúncias.
No lançamento de sua pré-candidatura, o ex-governador acusou Cabral de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e de montar uma "quadrilha" para desviar recursos públicos. Quis chamar o adversário para a briga, mas o governador recusou-se - e continua a se recusar - a responder às acusações. Cabral não foi à Justiça contra Garotinho, como o pré-candidato do PR queria.
Para formar coligação tão ampla, Cabral foi beneficiado pela estratégia do PT de forçar alianças regionais com o PMDB e, assim, facilitar a coligação nacional em torno de Dilma Rousseff. Os petistas fluminenses abriram mão de disputar o governo e hoje estão na chapa de Cabral com a candidatura do ex-prefeito Lindberg Farias ao Senado. Garotinho ficou isolado como candidato de um partido da base do governo Lula. O PR do Rio ainda não anunciou se vai apoiar Dilma ou ficar neutro na disputa presidencial.
É jornalista do Estado
Análise: Luciana Nunes Leal
Na convenção do PMDB que formalizou a candidatura à reeleição do governador Sérgio Cabral, domingo passado, quase todos os discursos giravam em torno do mesmo tema: vitória no primeiro turno. Era, ao mesmo tempo, entusiasmo dos aliados e torcida para que Antony Garotinho, ex-governador, fosse derrotado na briga judicial para ser candidato ao governo, pelo PR.
Com uma aliança que reúne 16 partidos, Cabral, que já tem posição confortável nas pesquisas eleitorais, estaria ainda mais tranquilo sem Garotinho na disputa, ou mesmo com um candidato de última hora que o PR escolha para enfrentar o governador.
Derrotado no Tribunal Regional Eleitoral, Garotinho conta com uma liminar do TSE para registrar a candidatura e com a demora da Justiça para julgar o mérito da ação. O PMDB fluminense aguarda ansioso a derrota judicial do ex-governador. Ao outro candidato competitivo, Fernando Gabeira (PV), em coligação com PSDB, DEM e PPS, interessa a manutenção da candidatura de Garotinho, para dividir votos e tentar forçar um segundo turno.
As duas últimas pesquisas eleitorais, feitas em maio (Vox Populi, registro no TSE 11323/2010 e Ibope, registro no TSE 12414/2010), indicam vitória de Cabral no primeiro turno. Mas a ausência de Garotinho, que tem em torno de 20% das intenções de voto, facilitaria ainda mais a vida do governador. A principal razão é que dificilmente os eleitores do ex-governador votariam em Gabeira.
Garotinho tem um eleitorado majoritariamente de baixa renda e baixa escolaridade, faixa onde Gabeira não vai bem e na qual Cabral também tem bons índices. A migração do eleitorado para Cabral seria natural. O Rio é o terceiro colégio eleitoral do País, com 11,4 milhões de eleitores.
Além do aspecto matemático, a campanha ficaria mais fácil para Cabral porque, sem Garotinho, o governador se livraria de um adversário incômodo. Ao contrário de Gabeira, que prefere o embate político e se apresenta como alternativa à hegemonia do PMDB e à divisão de cargos entre aliados, Garotinho aposta em ataques e denúncias.
No lançamento de sua pré-candidatura, o ex-governador acusou Cabral de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e de montar uma "quadrilha" para desviar recursos públicos. Quis chamar o adversário para a briga, mas o governador recusou-se - e continua a se recusar - a responder às acusações. Cabral não foi à Justiça contra Garotinho, como o pré-candidato do PR queria.
Para formar coligação tão ampla, Cabral foi beneficiado pela estratégia do PT de forçar alianças regionais com o PMDB e, assim, facilitar a coligação nacional em torno de Dilma Rousseff. Os petistas fluminenses abriram mão de disputar o governo e hoje estão na chapa de Cabral com a candidatura do ex-prefeito Lindberg Farias ao Senado. Garotinho ficou isolado como candidato de um partido da base do governo Lula. O PR do Rio ainda não anunciou se vai apoiar Dilma ou ficar neutro na disputa presidencial.
É jornalista do Estado
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