DEU EM O GLOBO
Brizola: "Cunhado não é parente".
Bill Clinton: "Traguei, mas não fumei".
Dilma: "Rubrica não é assinatura".
A desfaçatez está no DNA dos políticos. E não se passa uma semana sem que eles ofereçam provas abundantes disso. Exemplos? Candidatos às próximas eleições, os senadores Ideli Salvatti (PT-SC), Raimundo Colombo (DEM-SC), José Agripino Maia (DEM-RN) e Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) pediram licença dos cargos para cuidar de suas campanhas.
Consta do regimento interno do Senado que licença para fins particulares é de no máximo 120 dias. Nesse caso, o suplente não assume. A Constituição manda dar posse ao suplente no 121º dia se o cargo permanecer vago. Como driblar o regimento interno e a Constituição de uma só vez para que o suplente assuma logo? Simples: tira-se uma licença médica e emenda-se com a licença para fins particulares.
Oficialmente, Ideli, candidata ao governo de Santa Catarina, ocupou-se com a saúde entre os últimos dias 8 e 10. A partir de hoje entrará de licença por motivos particulares. Adversário de Ideli, Colombo adoeceu no último dia 8. Ficará bom amanhã. A partir do dia seguinte entrará de licença até o fim da campanha. Por causa da saúde, Agripino sairá de circulação entre os dias 15 e 17 deste mês. E Garibaldi entre 15 e 20.
Os suplentes agradecem. Senadores por quatro meses, passam a desfrutar de todas as vantagens do cargo - inclusive o direito à aposentadoria. Em troca, se empenharão para que a estrutura dos gabinetes continue funcionando a contento. Quer dizer: funcionando para facilitar a eleição dos que a comandaram até aqui. Sempre é possível ao senador temporário arranjar empregos para afilhados.
O que disse Joaquim Roriz quando lhe perguntaram outro dia sobre o risco de ser atropelado pela Lei da Ficha Limpa e impedido de concorrer ao governo do Distrito Federal? Disse: “Eu não sei o que é Ficha Limpa, não tenho condenação. Renunciei ao mandato de senador dispensando todas as mordomias”. O Ministério Público pediu a impugnação do registro da candidatura dele.
A Lei da Ficha Limpa barra candidaturas de políticos que renunciaram ao mandato para escapar de processo por quebra de decoro. Com medo de ser cassado e de perder os direitos políticos, Roriz renunciou ao mandato de senador em 2007 depois da divulgação de uma conversa sua com o ex-presidente do Banco Regional de Brasília sobre a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhões do empresário Nenê Constantino.
O mensalão do DEM derrubou o ex-governador Arruda. O vice Paulo Octávio foi obrigado a renunciar ao cargo - assim como o presidente da Câmara Legislativa. Um deputado distrital acabou cassado. Do total de 24 deputados, pelo menos 16 se envolveram com a bandalheira que começou no último governo de Roriz, segundo a Polícia Federal. E Roriz alega candidamente que renunciou a mordomias...
Há limites para a desfaçatez dos políticos? Perguntem a Lula se ele fez campanha antecipada para Dilma Rousseff. Responderá que não. Mas por ter feito foi multado seis vezes pela Justiça. Nenhum presidente da República foi multado tantas vezes por violar a lei. Não, não perguntem a Dilma pelo dossiê sobre despesas sigilosas do governo Fernando Henrique montado na Casa Civil quando ela era ministra.
Que dossiê? Que pergunta mais velha! Jamais existiu dossiê. Existiu um banco de dados para atender a pedidos de informações do Tribunal de Contas da União. Dilma jamais assinou o programa de governo enviado ao Tribunal Superior Eleitoral para acompanhar o pedido de registro de sua candidatura. É verdade que ela rubricou cada página do programa retirado às pressas e substituído por outro mais ameno.
Mas rubrica é uma coisa, assinatura é outra, ensinou Dilma. Os dicionários ensinam que rubrica é assinatura abreviada. Uma vale tanto quanto a outra. Se não valesse, a rubrica seria dispensável. Para não admitir que assinou o programa sem ler, Dilma preferiu desmoralizar o peso de sua própria assinatura. Adiante. É o moto-contínuo.
Brizola: "Cunhado não é parente".
Bill Clinton: "Traguei, mas não fumei".
Dilma: "Rubrica não é assinatura".
A desfaçatez está no DNA dos políticos. E não se passa uma semana sem que eles ofereçam provas abundantes disso. Exemplos? Candidatos às próximas eleições, os senadores Ideli Salvatti (PT-SC), Raimundo Colombo (DEM-SC), José Agripino Maia (DEM-RN) e Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) pediram licença dos cargos para cuidar de suas campanhas.
Consta do regimento interno do Senado que licença para fins particulares é de no máximo 120 dias. Nesse caso, o suplente não assume. A Constituição manda dar posse ao suplente no 121º dia se o cargo permanecer vago. Como driblar o regimento interno e a Constituição de uma só vez para que o suplente assuma logo? Simples: tira-se uma licença médica e emenda-se com a licença para fins particulares.
Oficialmente, Ideli, candidata ao governo de Santa Catarina, ocupou-se com a saúde entre os últimos dias 8 e 10. A partir de hoje entrará de licença por motivos particulares. Adversário de Ideli, Colombo adoeceu no último dia 8. Ficará bom amanhã. A partir do dia seguinte entrará de licença até o fim da campanha. Por causa da saúde, Agripino sairá de circulação entre os dias 15 e 17 deste mês. E Garibaldi entre 15 e 20.
Os suplentes agradecem. Senadores por quatro meses, passam a desfrutar de todas as vantagens do cargo - inclusive o direito à aposentadoria. Em troca, se empenharão para que a estrutura dos gabinetes continue funcionando a contento. Quer dizer: funcionando para facilitar a eleição dos que a comandaram até aqui. Sempre é possível ao senador temporário arranjar empregos para afilhados.
O que disse Joaquim Roriz quando lhe perguntaram outro dia sobre o risco de ser atropelado pela Lei da Ficha Limpa e impedido de concorrer ao governo do Distrito Federal? Disse: “Eu não sei o que é Ficha Limpa, não tenho condenação. Renunciei ao mandato de senador dispensando todas as mordomias”. O Ministério Público pediu a impugnação do registro da candidatura dele.
A Lei da Ficha Limpa barra candidaturas de políticos que renunciaram ao mandato para escapar de processo por quebra de decoro. Com medo de ser cassado e de perder os direitos políticos, Roriz renunciou ao mandato de senador em 2007 depois da divulgação de uma conversa sua com o ex-presidente do Banco Regional de Brasília sobre a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhões do empresário Nenê Constantino.
O mensalão do DEM derrubou o ex-governador Arruda. O vice Paulo Octávio foi obrigado a renunciar ao cargo - assim como o presidente da Câmara Legislativa. Um deputado distrital acabou cassado. Do total de 24 deputados, pelo menos 16 se envolveram com a bandalheira que começou no último governo de Roriz, segundo a Polícia Federal. E Roriz alega candidamente que renunciou a mordomias...
Há limites para a desfaçatez dos políticos? Perguntem a Lula se ele fez campanha antecipada para Dilma Rousseff. Responderá que não. Mas por ter feito foi multado seis vezes pela Justiça. Nenhum presidente da República foi multado tantas vezes por violar a lei. Não, não perguntem a Dilma pelo dossiê sobre despesas sigilosas do governo Fernando Henrique montado na Casa Civil quando ela era ministra.
Que dossiê? Que pergunta mais velha! Jamais existiu dossiê. Existiu um banco de dados para atender a pedidos de informações do Tribunal de Contas da União. Dilma jamais assinou o programa de governo enviado ao Tribunal Superior Eleitoral para acompanhar o pedido de registro de sua candidatura. É verdade que ela rubricou cada página do programa retirado às pressas e substituído por outro mais ameno.
Mas rubrica é uma coisa, assinatura é outra, ensinou Dilma. Os dicionários ensinam que rubrica é assinatura abreviada. Uma vale tanto quanto a outra. Se não valesse, a rubrica seria dispensável. Para não admitir que assinou o programa sem ler, Dilma preferiu desmoralizar o peso de sua própria assinatura. Adiante. É o moto-contínuo.
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