terça-feira, 23 de novembro de 2010

Inteligência de Estado:: Dora Kramer

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Nenhum Estado pode prescindir de um setor de inteligência, reza o bom senso. O presidente Luiz Inácio da Silva, no entanto, não parece compartilhar dessa constatação, já que deixou o Gabinete de Segurança Institucional se esvaziar ao ponto de ser hoje uma estrutura inerte. Não obstante, ampla.

Ligado diretamente à Presidência da República, o GSI tem entre suas atribuições a assistência ao presidente, a prevenção e articulação de crises, cuida da segurança pessoal do presidente, do vice-presidente, das famílias e respectivas moradias. Além disso, deve coordenar atividades federais de segurança e informação.

No quesito assessoramento presidencial, a medida da serventia do gabinete atualmente é dada pelo grau de relacionamento entre Lula e o general Jorge Félix: nenhum. Segundo relatos de um interlocutor frequente do presidente, ele sequer conversa com o chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

Não porque tenha qualquer restrição a ele, mas porque não confere importância à função do general. Desde a crise dos grampos telefônicos clandestinos que resultou na transferência do então chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin, que está sob o comando do GSI), Paulo Lacerda, para Portugal, Lula desdenha dos alertas sobre a necessidade de remontagem do setor.

Corre como piada no ambiente do poder, a lembrança de que o gabinete não conseguiu prever a vaia a Lula durante a abertura dos Jogos Pan-americanos no Rio, em 2007, que antes circulava na internet.

Deveria ser da Abin também a função de esmiuçar vidas pregressas e acompanhar as atividades de ocupantes do governo para prevenir escândalos.

Mas, se Lula não quer contar com uma estrutura organizada e atuante de inteligência, Dilma Rousseff tem sido aconselhada a incluir o setor de segurança institucional entre suas prioridades de governo.

@realporquinhos. Os "três porquinhos" de Dilma Rousseff, Antonio Palocci, José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardoso, receberam o apelido pela óbvia associação aos inseparáveis alvos da cobiça do lobo mau da história infantil.

Já Edison Lobão, Marcondes Gadelha e Hugo Napoleão, em 1989 ficaram conhecidos pelo mesmo nome por causa das articulações heterodoxas para lançamento da candidatura presidencial de Silvio Santos 40 dias antes das eleições. Candidatura esta barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Posto avançado. Os tucanos de São Paulo acham ótimo que o prefeito Gilberto Kassab vá para o PMDB. Preferem ver o partido nas mãos de Kassab que sob a influência do PT.

Eles acreditam que assim o PMDB pode funcionar como uma espécie de anexo, junto com o DEM que seria comandado por Guilherme Afif Domingos, vice do governador eleito Geraldo Alckmin.

Mas há um "porém" que pode desvanecer o entusiasmo do tucanato: a disposição implícita na mudança de Kassab e a intenção explícita do PT paulista de formarem aliança futura.

Para dar combate ao grupo de Alckmin.

Maiores e menores. A distribuição de gabinetes do Senado, quando não obedece à regra do pistolão, é feita mediante um "ranking" de merecimento de conforto por ordem hierárquica.

Ex-presidentes da República têm direito aos melhores. Em seguida vêm os que já foram governadores, os que já presidiram a Casa, os que foram senadores e agora voltam, os com maior número de mandatos e por último os novatos.

Isso numa instituição de representação democrática, onde o critério mais justo seria o do sorteio.

Budapeste. José Serra voltou de viagem ainda sem saber o que fará da vida política. Está, digamos, na fase das "oitivas".

Instalado no antigo escritório, Serra anda fascinado por dois assuntos: a crise monetária internacional e a Hungria, onde esteve recentemente.

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